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Crónicas da Leonor Pinhão: "Então e a mãe do Maxi não diz nada?"

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No fim de Junho expirou o contrato que mantinha com o Benfica e uma semana depois o ex-Maxi Pereira foi à igreja de Florida, lá no seu Uruguai, depositar uma camisola vermelha do mesmo Benfica aos pés de Santo Cono, padroeiro dos jogos de azar.
Santo Cono?
Não soa nada bem.
No entanto, se na estrutura do Porto continuar em funcionamento o departamento de magia negra e afins – a cargo do inestimável Bruxo de Fafe, se é que não foi despedido depois destas duas últimas épocas desastrosas – está tudo explicado.
Ou seja, foi de encomenda do patrão a peregrinação de Maxi ao santuário conense.
Santo Cono, patrono dos “quinieleros”, ou seja dos amigos das rifas, das roletas, das raspadinhas, dos lotos, dos totobolas, das lotarias e dos bingos vai ter agora de ocupar-se também da Liga portuguesa nomeadamente no que diz respeito ao sorteio dos árbitros.
Maxi chegou de manhã bem cedo à igreja encarregue da primeira missão que lhe foi superiormente confiada. A missão de depositar aos pés do grande Cono uma camisola do Porto rogando pelos benefícios do além em prol da reconquista de todos os títulos perdidos e, como se não bastasse, rogando também para que todos os malefícios do além tombassem sobre os usurpadores.
Era este o plano original.
Aconteceu que quando Maxi, já no interior do templo, desembrulhou a sua nova camisola verificou-se que era castanha.
E Santo Cono de Teggiano, que sendo de origem italiana é muito atreito às coisas da elegância e do bom gosto, logo exclamou num castelhano impecável:
– Por Dios, no!
Cabisbaixo e ligeiramente envergonhado, Maxi abandonou o templo e foi à mala do carro buscar a sua velha camisola do Benfica – que era suposto queimar numa fogueira de coentros secos – e trocou de oferta com enorme agrado para o Santo Cono que em Itália tem vindo a trabalhar em prol da Juventus, uma formação que, valha a verdade, equipa sempre bem e a preceito.
A elegância, sempre a elegância.
E pronto. É nisto que ficámos.
E agora, Santo Cono? Para que lado te vais virar?
Para o Oporto?
Ou para o Obenfica?
Com toda a franqueza, a única coisa que impressiona verdadeiramente nesta história do outro mundo é o inexplicável silêncio da mãe do Maxi Pereira perante o corrente passo na carreira do filho.
Falou o Bruxo de Fafe, falou o próprio Santo Cono. Falou imensa gente sobre o assunto. E continua-se a falar sobre a ida do uruguaio para o Porto.
Então e a mãe do Maxi não diz nada?
Ai Santo Cono, Santo Cono, com quem te foste meter…

A cidade de Felgueiras está a dar um banho de cosmopolitismo à cidade do Porto que até arrepia.
Tudo por causa de umas mulheres, verdadeiras celebridades mundiais, para quem as cidades em causa passaram recentemente a dizer respeito por via conjugal.
Vamos por partes.
Contenção, discrição, silêncio – eis como Felgueiras reage à anunciada relação entre um dos seus filhos, o modelo Kevin Sampaio, e a celebrada estrela da pop, Madonna que poderá um dia destes aterrar tranquilamente em Felgueiras sem se sentir obrigada a provar Pão-de-Ló de Margaride e a confessar a sua admiração, desde a mais tenra idade, pelo Rancho de Santa Luzia de Airães.
Revolta, indiscrição, barulho – eis como o Porto reagiu à intenção expressa por Sara Carbonero de não morar com o marido nos próximos dois anos o que provocou, para já, uma série de reportagens na imprensa sobre as maravilhas locais que Carbonero parece desdenhar.
Em termos de cosmopolitismo, Felgueiras está a dar cartas.
Não só Felgueiras como a própria Madonna, o que não é de espantar.
A rainha da pop optou pelo silêncio e assim não tem que pedir desculpa a ninguém quando for a Felgueiras e passear toda contente por Friande, Macieira da Lixa, Sendim ou Revinhade.
Já a Sara Carbonero e a sogra, por muito arrependidas que estejam das suas palavras de desdém, terão grande dificuldade em passear pela Baixa da Invicta sem se virem forçadas a experimentar uma meia dúzia de “francesinhas” para aprenderem o que é bom.
A esta gente famosa do estrangeiro o decisivo é não lhes dar confiança nenhuma. Felgueiras é que sabe. O silêncio é de ouro.

Na verdade, o que é ser-se cosmopolita?
Que espécie de atributo é esse tão distintivo dos demais?
O verdadeiro cosmopolitismo é, por exemplo, comprar um jogador campeão do mundo e da Europa (em título) só pelo prazer de o sentar no banco uma época inteira tal como o Benfica fez com Joan Capdevila na temporada de 2011/2012.
Isto é que é ser chique, ser cosmopolita da cabeça aos pés, o não se deixar impressionar por títulos e honrarias estrangeiras.
E a própria mãe do Capdevila, também de tão impressionada que ficou, nem abriu a boca, naturalmente.

Na especialidade da palermice, o topo do campeonato da semana passada ficou assim arrumado:
1.º lugar:
Dona Maria Carmen Casillas por ter dito “Oporto? Por Dios, no!”, o que revela saloiice ou vistas estreitas. Para a mãe do guarda-redes, Madrid é o centro não da península ibérica mas do mundo inteiro.
2.º lugar:
Pinto da Costa por ter dito que “é bom prenúncio contratar um guarda-redes que já levantou uma Champions na Luz”, o que revela saloiice ou vistas estreitas. Para o presidente do Oporto, é o Benfica o centro do mundo.
3.º lugar:
Paulo Gonçalves por ter dito que a mãe do Casillas lhe “encheu as medidas pela sua lucidez”, o que revela saloiice ou vistas estreitas. Para o assessor jurídico do Benfica, o Porto, bem vistas as coisas, é que é o centro do mundo.
Foi muito difícil estabelecer esta classificação porque a competição entre todos foi ferocíssima.

O Sporting fez regressar João Pereira ao futebol português e aplicou-lhe uma cláusula de rescisão de 45 milhões de euros.
Ao contrário do que diziam as más-línguas, aí está Jesus a apostar decididamente num produto da formação do Benfica, ainda que de forma tardia.
Em termos da aposta na formação, sabendo-se como a juventude é desperdiçada nos jovens, o importante nestas coisas é que quanto mais tarde se for jovem, enfim, melhor é.

Antevê-se um campeonato e peras.
Se o campeonato decorrer ao mesmo nível emocional do defeso bem pode a Europa colapsar que, em Portugal, só se vai falar de bola.
O Benfica quererá o “tri”. Está no seu legítimo direito, naturalmente. Parte altamente confiante na sua própria organização ao ponto de, praticamente, ter oferecido o seu treinador ao Sporting e o seu sub-capitão ao Porto. E tudo isto sem qualquer espécie de dramatismo.
Para recuperar a desaparecida mística o Porto foi buscar um jogador ao Benfica e para meter a equipa a jogar à bola o Sporting arrecadou Jorge Jesus.
O Benfica é um bi-campeão de mãos largas.
O mais incrível destas duas facilitadas deserções não é o ápice que o ex-treinador do Benfica demorou para atravessar a Segunda Circular. É o demoradíssimo tempo que Pinto da Costa demorou até, finalmente, conseguir pescar Maxi Pereira.
Oito anos!
Que grande incompetência.

Na semana passada, o jovem uruguaio Jonathan Rodriguez – que tão bem jogou na equipa B do Benfica por toda a segunda volta da última Liga de Honra – era dado como dispensável, trocável ou emprestável.
Esta semana as notícias são diferentes. Jonathan Rodriguez vai ficar no Benfica.
Ainda bem. Trata-se de um jogador mais do que promissor e seria lamentável que o facto de ser compatriota do nosso ex-sub-capitão, motivasse qualquer tipo de preconceito ou mesmo a exclusão.
Veremos como corre a próxima temporada a Jonathan Rodriguez e ao Benfica. E se o Benfica for campeão – oxalá! – já temos mais um uruguaio para, no próximo defeso, ir depositar uma camisola aos pés do nosso querido Santo Cono.

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