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Entrevista a André Horta 1ª parte

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RECORD: Com 19 pontos e líder isolado, pode dizer-se que o Benfica é, neste momento, o mais forte candidato ao título e a melhor equipa do campeonato?

André horta – Não, claro que não. Penso que vai ser um campeonato muito disputado até ao fim, como tem sido nos últimos anos. Vamos jogo a jogo como se cada um se tratasse de uma final. É o que queremos fazer até ao final e conquistar o título.

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R: E os jogadores sentem mais a pressão de trabalhar sendo líderes do campeonato ou isso não altera as rotinas?

AH – Penso que não e até é melhor trabalhar estando na liderança. Talvez aumente os nossos níveis de responsabilidade e concentração em cada treino e em cada jogo para conseguirmos manter essa mesma liderança.

R: Rui Vitória disse, recentemente, que a janela de transferências do Benfica seria já este mês devido ao regresso dos jogadores lesionados. Acredita que isso pode tornar o Benfica ainda mais forte?

AH – O Benfica tem um plantel de 27 jogadores e todos são importantes. Todos têm qualidade e podem ajudar a equipa. É verdade que este ano houve um surto de lesões. Tivemos várias num curto período, o que impossibilitou muitos jogadores de ajudarem a equipa. Infelizmente também me aconteceu, mas a verdade é que vai ser mais fácil quando tivermos todos os jogadores disponíveis, e cada um, à sua maneira, vai poder ajudar a equipa.

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R: E, no seu caso, como está a ser a recuperação? Já aponta ao jogo em Kiev ou no Restelo?

AH – Está a correr bem, mas não tenho uma data definida para o regresso. O mais importante é estar a 100 por cento e depois, quando me sentir bem e o treinador entender, voltarei a jogar.

R: Como explica o facto de, mesmo com tantos jogadores lesionados, o rendimento da equipa se manter e os resultados continuarem a ser positivos?

AH – O segredo é que temos uma equipa muito coesa e um grande espírito de equipa. Há uma grande união e para estarmos no Benfica é porque temos qualidade. O plantel tem 27 jogadores, como já disse, e todos estão aptos para jogar, como se tem visto desde o início do campeonato. Estamos na liderança, mas isso em nada muda o modo como encaramos os treinos e os jogos e todos os jogadores estão focados em ajudar o Benfica.

R: Relativamente aos rivais na luta pelo título, como vê o rendimento deles? Sporting e FC Porto estão mais fortes do que estavam na última época?

AH – Sinceramente, só pensamos em nós. Estou mais concentrado no Benfica, no nosso plantel, na nossa equipa, e a verdade é que só temos de estar preocupados connosco, para disputarmos todos os jogos com o mesmo rigor, empenho e respeito pelo adversário. É o que o nosso treinador diz, temos de estar focados no Benfica, em ganhar jogos e ir jogo a jogo em busca da vitória, encará-los como uma final. Respeito todos os nossos adversários, mas estou mais focado no Benfica.

R: Jorge Jesus disse, recentemente, que o segredo do Sporting é o treinador. Qual é o segredo do Benfica?

AH – Vou falar apenas do Benfica… Como já disse, há uma grande coesão e um grande espírito de grupo. Estamos todos focados no mesmo objetivo, com um grupo de trabalho forte e unido, liderados por um treinador que nos tem ensinado muito e quer muito levar o Benfica à conquista de mais títulos.

R: A Supertaça Cândido de Oliveira foi o primeiro troféu da sua carreira. Como benfiquista assumido, foi, certamente, um momento especial…

AH – Claro! Posso dizer até que, até agora, foi mesmo o momento mais alto da minha carreira. É uma Supertaça e, se calhar, muitos não valorizam e dizem que é um título pouco importante, mas para mim não. Valorizei muito esse título, por ter sido o primeiro da minha carreira, mas também por ter sido o primeiro no Benfica. Foi o primeiro jogo oficial que realizei com esta camisola e foi uma vitória muito importante para mim, a nível pessoal, mas também para o clube, pois tratou-se de mais um título ganho, mais um título para o nosso palmarés. Mas claro que foi uma sensação extraordinária poder ganhar um título pelo Benfica.

R: A perspetiva de poder festejar o tetracampeonato no Marquês de Pombal também mexe consigo, certamente…

AH – Claro que sim! Já fui ao Marquês como adepto, é uma sensação formidável, e quero ir lá como jogador. Mas sabemos que o caminho é longo. Estamos na 7ª jornada e ainda falta muito, porque, como disse o nosso treinador, ninguém é campeão nesta fase do campeonato.

R: Este início de temporada, no qual se afirmou no onze rapidamente, superou as suas expectativas? Esperava ser opção tão cedo?

AH – Sim, não vou mentir, superou as minhas expectativas. Sabia que poderia vir a ter a minha oportunidade, era para isso que tinha trabalhado, mas não sabia que chegaria à equipa e seria, desde logo, titular. Mas sabia que podia acontecer, pois estava muito empenhado e focado para que isso acontecesse e trabalhei para isso. Queria ter uma oportunidade para mostrar o meu valor e consegui. Agora espero manter este nível elevado até ao fim.

R: Já cumpriu o sonho de jogar no Benfica, mas há algum campeonato na Europa que o atraia, onde gostaria de jogar um dia?

AH – Não, não penso nisso, sequer. Para mim, acima do Benfica não há mais nada. É um clube de classe mundial e, se cheguei aqui, o que quero agora é conquistar títulos e tornar-me no melhor jogador possível. E no melhor homem possível, também, porque ainda só tenho 19 anos, sou um adolescente. Este clube dá-me todas as condições e, sendo o meu clube, não tenho razão nenhuma para sair.

R: Depois da conquista da Supertaça Cândido de Oliveira, pode dizer-se que aquele golo em Tondela também foi outro grande momento para si? Até pela forma exuberante como festejou…

AH – Sim, foi um momento importante, não só para mim, mas também para a equipa, porque o jogo não estava muito fácil. Estava 1-0 e estava a ser difícil, como foram todos os jogos até agora. Não há jogos fáceis. Foi o 2-0, deu para matar o jogo e festejei dessa forma exuberante. Foi muito importante, por ter sido o primeiro golo pelo Benfica. Era um sonho que tinha, também, e fiquei muito contente. Talvez não tenha sido o momento mais importante porque, como já disse, estou aqui para ajudar o Benfica a conquistar títulos. Por isso, foi o segundo mais importante.

R: Neste momento faz parte das escolhas de Rui Jorge nos sub-21 [n.d.r.: foi dispensado desta convocatória devido a lesão], mas chegar à Seleção Nacional é o seu próximo objetivo?

AH – Quem joga no Benfica tem de ambicionar chegar à Seleção Nacional. O Benfica é o melhor clube português e um jogador português que jogue neste clube vai ter sempre as portas aberta para a Seleção Nacional se conseguir fazer um boa época e se for regular. Mas estreei-me há pouco tempo nos sub-21 e gostava de fazer um percurso aí. Vai haver um Europeu no próximo ano e também tenho o sonho de poder estar presente. Depois de fazer uma ou duas épocas a um bom nível na Liga, pelo Benfica, pensarei na Seleção. Mas é claro que é um objetivo.

R: Mas pode dizer-se que, quando lá chegar, estará cumprida a sua lista de sonhos, depois de ter chegado ao Benfica?

AH – Como já disse, atingindo o Benfica e a Seleção Nacional, quando lá chegar, o objetivo passa a ser rechear o meu currículo com títulos e tornar-me no melhor jogador possível.

R: Como Luís Filipe Vieira referiu, o Benfica está mais jovem, mas, ao mesmo tempo, tem muitos jogadores experientes. Essa convivência da juventude com a experiência também é um dos pontos fortes da equipa?

AH – Sim, temos jogadores mais experientes, mas o virtuosismo e a rebeldia dos mais jovens acaba por fazer um bom contraste no plantel, que dá resultado, como se tem visto. Temos Jonas, Júlio César, Luisão, mas também Paulo Lopes. Mesmo o Pizzi e o André Almeida, que são jogadores jovens, também já são muito experientes no que diz respeito ao campeonato português e já sabem muitos dos segredos do futebol. Passam sempre mensagens muito positivas aos mais jovens e, por isso, fica fácil quando entramos na equipa, mesmo para jogar. A adaptação fica mais fácil.

R: O momento em que saiu do Benfica, em 2012, foi fácil de gerir?

AH – Quem passa aqui oito anos e acaba por sair, fá-lo com a ideia de voltar um dia. O meu caso não foi diferente. Pensei que um dia poderia voltar e ter uma oportunidade na equipa principal do Benfica e, felizmente, isso concretizou-se. Agora só me cabe agarrar com unhas e dentes e fazer o melhor possível.

R: Mas não é fácil para um jogador daquela idade deixar um clube como o Benfica e retomar a formação num clube diferente…

AH – Há muitas diferenças. O Benfica, em termos de condições e de estrutura, com o centro de estágio do Seixal, está muito diferente de todos os outros. Está acima de todos. Claro que não foi fácil sair. Estava na transição de juvenil de primeiro ano para segundo e não foi fácil. Tentei adaptar-me a um clube com menos condições, mas o meu objetivo passava por trabalhar para mim, evoluir e, um dia, ter a minha oportunidade, aqui ou noutro clube. O objetivo era jogar num clube como o Benfica.

R: E que diferenças encontrou no centro de estágio relativamente aos anos em que esteve na formação do Benfica?

AH – Entretanto criaram mais dois campos, mas houve muitas melhorias e, cada vez mais, o centro de estágio está a ficar melhor. Apesar de ter saído há pouco tempo, nota-se uma evolução muito grande, fruto do empenho de todas as pessoas do Benfica, em especial do presidente, em apostar cada vez mais na formação.

R: A aposta na formação ganha, assim, mais sentido…

AH – Sim, com as condições espetaculares que temos, só um jogador que não quiser trabalhar ou que não se quiser esforçar para chegar à primeira equipa não conseguirá. Para cá estar é porque tem qualidade, se se focar e se estiver disposto para o trabalho e para o sofrimento, para ter espírito de sacrifício, com estas condições fica mais fácil, neste momento, chegar à primeira equipa.

R: O André tem ‘colada’ a si uma cláusula de rescisão de 45 milhões de euros. O número assusta-o?

AH – Não, só penso em cada jogo em que visto esta camisola e em dar o melhor pelo clube. Já é o meu clube desde criança e merece que todos os jogadores deem tudo por ele. É o que tento fazer jogo a jogo, mostrar o meu valor e dar tudo pelo Benfica. Não penso nas cláusulas. É secundário.

 

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