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Leonor Pinhão: "Mas “legalizar” o quê?"

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Existe uma contradição evidente na expressão “claque legalizada”. Trata-se de uma anormalidade. Permite, por exemplo, a instalação do caos num aeroporto em território nacional. Entoando obscenidades, chega à zona de embarque a “claque legalizada” escoltada por uma força policial do Estado português. Cientes do saque iminente, correm os comerciantes a salvar as suas lojas “duty free” cerrando taipais e instando os passageiros a fugir porque chegaram os bárbaros. Bárbaros, sim, mas “legalizados”! Os passageiros que têm a desdita de embarcar no mesmo voo são obrigados a uma viagem “legalizada” tendo de suportar a companhia do desacato permanente enquadrado por meia dúzia de polícias cuja presença se destina a isolar, a milhares de pés de altitude, o grupo ululante de putativos cadastrados.

A falência total das leis permite isto. Enquanto o bom senso só pode exigir a ilegalização das claques, o fanatismo eleva a legalização das claques ao patamar supremo da civilidade ao ponto de uma claque que incendeia as bancadas de um estádio ser respeitável porque, sendo “legalizada”, nada do que fizer a desmerece perante a lei e os costumes. Também o papel desempenhado pela imprensa tem sido lamentável. Recentemente, quando as equipas de um campeonato regional, por motivos mais do que legítimos, se recusaram jogar contra uma equipa em particular logo houve – que tristeza! – uns quantos jornalistas que se prontificaram a alinhar num jogo “amigável” com a tal equipa problemática para que se fizesse prova das boas intenções e do fair-play da canelada. Já o episódio mais recente – uma “sátira” sobre uma tragédia real – mereceu do Benfica e do Porto dignas posições institucionais. O Benfica fez o que devia fazer. O Porto fez o que devia fazer. Agora só falta a FPF e o IPJD fazerem o que devem fazer. Mas não vão fazer nada. A uma “claque legalizada” todas as sátiras são autorizadas desde que a exausta polícia lá esteja para que, fingindo, se normalize a anormalidade.

Entretanto, ontem, a mesma equipa do Benfica que tão mal tinha jogado em Moreira de Cónegos apresentou-se muito razoavelmente na Luz frente ao Marítimo construindo uma justa vitória na primeira parte. O Pizzi não viu nenhum cartão amarelo o que é absolutamente inacreditável tendo em conta que não fez uma única falta. Quanto ao Rafa, enfim, apresentou-se. Carrega, Rafa! E ele carregou.

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