LUÍS FILIPE VIEIRA: «FOI O TÍTULO QUE VIVI MAIS INTENSAMENTE»
Terminou da melhor forma para o presidente do Benfica uma época intensa a todos os níveis. “O tri é de todos”, diz, mas admite que Rui Vitória é uma aposta ganha. Aqui fica a primeira parte de uma conversa que durou duas horas e na qual nada ficou por perguntar.
RECORD – O Benfica chega ao ‘tri’ 39 anos depois. Este título é também muito de Luís Filipe Vieira?
LUÍS FILIPE VIEIRA –É um título dos benfiquistas. Não é um título meu, é da família benfiquista. Por isso é que, dentro da nossa casa, utilizamos muito as palavras nós e juntos. Agora, acho que só foi possível ser campeão, vamos dizer com toda a honestidade, porque houve uma grande identificação de todos nesta casa em relação ao projeto em que acredito há 15 anos, porque houve estabilidade, que é fundamental para poder desenvolver um projeto desta dimensão, e, independentemente do trabalho dos técnicos e dos jogadores, e porque houve uma grande união de toda a equipa de trabalho que me rodeia e que acredita na visão que tenho para o Benfica. Paralelamente a isso, a massa associativa esteve sempre presente e viveu intensamente o Benfica. Mesmo nas horas menos boas, os nossos jogadores saíram sob palmas. Por isso, este título é do Benfica.
R – Foi o mais saboroso?
LFV – Foi o título que vivi mais intensamente. Por diversos motivos. Porque tínhamos um treinador novo, que não conhecia suficientemente bem a nossa casa. Mas eu tinha afirmado dias antes de ele chegar que, neste momento, com a estrutura do Benfica, é muito mais fácil ser campeão do que no passado. E assumo que o Benfica é sempre candidato ao título, mas não vamos criar vencedores antecipados. Pelo contrário. Dentro desta casa privilegiamos muito o respeito pelos nossos adversários e pelas instituições que defrontamos. Não há aqui ninguém que pense que é possível ganhar com facilidades, ou a qualquer preço. Não! E se falo aqui da organização interna que o Benfica conseguiu desenvolver e permanentemente melhorar, não posso, como é evidente, tirar mérito ao trabalho do Rui (Vitória) e da sua equipa técnica.
R – Sem querer desrespeitar os adversários, acha que a hegemonia do futebol português está de volta ao Benfica?
LFV – Não há hegemonia. Há é trabalho diário. Acho que uma das coisas que está interiorizada no Benfica é que ninguém se acomoda. O clube tem grandes profissionais. Estamos a falar do Seixal, mas o clube não é só o centro de estágio. O Benfica é vivido com uma mentalidade empresarial e por trás disso existe paixão. Ter um projeto com vertente empresarial e paixão, e que tenha sucesso com estes dois fatores juntos, é complicado. Mas felizmente temos em todas as área de negócio grandes profissionais e este título também é deles. Quem está no Estádio da Luz viveu e contribuiu para sermos campeões, por isso, hoje é importante dizer a todos que há um trabalho muito profundo, que nos obriga a dar o máximo todos os anos. Não quero com isto dizer que temos forçosamente de ser campeões, mas vamos partir sempre com mentalidade para ganhar. Sem dúvida.
R – A vitória em Alvalade foi o momento-chave da Liga?
LFV – Todos os jogos foram importantes. Claro que um Benfica-Sporting é sempre especial…
«Primeiro temos de olhar para o Seixal»
R – Reconhece que não deu a Rui Vitória as armas de que falou no dia da apresentação?
LFV – O clube deu-lhe armas e ainda tem mais para dar. Se não desse, e vamos ser claros, onde estavam o Lindelöf, o Ederson, o Gonçalo Guedes, o Renato? O João Teixeira estava cá, o Victor Andrade também… Como disse, houve uns que não agarraram as oportunidades, mas não foi por falta de qualidade. O importante é que estes jovens sonhem que vão lá chegar. E já há outros miúdos para subirem. Perguntam-me se vamos novamente ao mercado? Vamos, mas primeiro temos de olhar para dentro do Seixal. O Rui Vitória teve as armas, porque um jogador com a identidade do Benfica, pode ser muito novinho, mas já tem 8/9/10 anos de clube e isso sente-se muito em campo.