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Luís Bernardo: "Não escondo: sou benfiquista"

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O novo diretor de comunicação do Benfica entrou para o desporto pela porta de Alvalade, mas é agora na Luz que se sente “em casa”. Fala do Sporting pela primeira e última vez e está entusiasmado com “um projeto sem igual”.

RECORD – Esteve no Sporting e agora é director de comunicação do Benfica. Como se processou esta transferência?

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LUIS BERNARDO – Há questões importantes que importa esclarecer. O Sporting firmou um contrato com a WL Partners, empresa da qual sou administrador, para realizar um trabalho de planeamento e organização do departamento de comunicação. Criei uma estrutura na qual integrei elementos que estavam ligados à empresa, mas eu não estava lá no dia-a-dia.

R – Não era diretor de comunicação?

LB – Não, o diretor era o Mário Carneiro. Desde a primeira hora ficou claro junto do presidente do Sporting que o meu envolvimento seria de consultoria e coordenação enquanto profissional de comunicação. Além disso, como também disse na altura, sou benfiquista e teria dificuldade em exercer as funções de director de comunicação as quais requeriam uma visibilidade para a qual não me sentia confortável.

R – Esse ‘estatuto’ foi assumido desde a primeira hora?

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LB – Sim, e foi aceite. Do ponto de vista da empresa, a tarefa profissional foi feita com absoluto rigor e profissionalismo. Durante 16 meses, desenvolvemos um trabalho complexo de profunda reestruturação que tinha por objectivo recuperar a distância que existia em relação ao FC Porto, uma máquina com mais de vinte anos, e ao Benfica, equipa com mais de uma década devidamente estruturada. No final da época, foi feita uma avaliação e entendemos que o ciclo e o trabalho tinham sido concluídos.

R – A decisão foi aceite de bom grado?

LB – A avaliação foi feita em conjunto com o Sporting e deu-se por concluída a colaboração. Foi uma etapa que se fechou, que se cumpriu com profissionalismo pela WL Partners e que faz parte do passado.

R – Mas não deixou de ser uma transferência entre rivais. Em momento algum, não colocou questões éticas que pudessem comprometer a mudança imediata?

LB – Não. As coisas foram feitas de forma muito clara. Tínhamos um contrato válido por um ano no qual estava estipulado que no seu termo havia a perspectiva de continuidade se as partes estivessem de acordo. Como da nossa parte entendemos que o processo estava concluído, a relação terminou com estava contratualizado. A partir daí, não senti qualquer constrangimento nem qualquer limitação para olhar para outros convites que surgiram.

R – Não acha que haverá receio de que pode transportar para o Benfica alguns segredos do Sporting?

LB – Essa ideia não tem sentido como também não existirá qualquer limitação na abordagem que eu e a minha empresa, no âmbito das novas funções, possa ter em relação a qualquer clube. Houve um trabalho feito com profissionalismo com o Sporting, acabou, ponto final. Além disso, nunca ninguém me pediu para contar segredos do Sporting. O convite que me foi dirigido teve em conta o meu percurso e experiência profissional. Eu estou focado no Benfica e o foco do Benfica é no clube.

R – Durante um ano conviveu com o presidente do Sporting, que teve sempre muita presença no espaço mediático. Foi um cliente complicado de gerir?

LB – Repito: foi uma etapa que terminou e a avaliação feita pela empresa junto com os órgãos próprios do Sporting deu conta, a quem interessava, dos resultados. Aquilo que tinha que dizer disse-o na altura própria. E a relação desde o inicio até ao fim, pautou-se sempre, por uma enorme correção de parte a parte.

R – O convite do Benfica foi inesperado?

LB – Em parte, sim. Desenvolvi um trabalho ao longo de vinte anos na área da comunicação nos sectores da política e economia e, neste último ano, no desportivo. Fiquei sensibilizado com outros convites da área do futebol [ndr. Record sabe que um deles foi da Liga]. Quando o Benfica me convidou, é óbvio que fiquei satisfeito. Não escondo: sou benfiquista.

R – Chegou à sua cadeira de sonho?

LB – Não coloco as coisas nesses termos, mas aqui sinto-me em casa. Aqui concilio a razão e o coração. Do ponto de vista do projeto de comunicação, é um desafio que não tem igual em Portugal. Como já disse, o grau de envolvimento direto que tenho com o Benfica é diferente do que tinha no processo anterior. Sou director de comunicação e sinto-me à vontade pois sou benfiquista.

R – Está entusiasmado?

LB – Pelo projeto, pela liderança e pela equipa que o envolve, o Benfica representa o projeto mais aliciante a nível de todas as instituições do país. É uma marca com um potencial de afirmação em Portugal e internacionalmente muito relevante. O Benfica tem um papel único da afirmação da identidade portuguesa. Ao longo dos últimos treze anos, construiu-se um projeto de credibilidade e de confiança que gerou resultados. Para um profissional de comunicação, é um projeto irrecusável e extremamente aliciante. Além disso, tenho a sorte de contar com uma estrutura profissional altamente qualificada. É um desafio de futuro e estou supermotivado para ele.

R – Luís Filipe Vieira é ‘maleável’ do ponto de vista da comunicação? Aceita de bom grado os conselhos de um profissional da área ou é ele quem define a estratégia?

LB – Luis Filipe Vieira tem um trabalho que fala por si. É líder de uma equipa e o que acontece no Benfica é um trabalho conjunto. Saber tirar partido das qualidades de todos, é a forma mais eficaz e natural de liderar.

R – É um bom ouvinte?

LB – Sim, sim. Com a experiência, vivência, conhecimento e sucesso que tem tido no Benfica, tem a humildade de ouvir a opinião dos outros e depois tira as suas conclusões.

Quem é LUÍS BERNARDO

O novo diretor de comunicação do Benfica, Luís Bernardo, atual administrador da WLPartners, é consultor de Comunicação e Marketing e presta serviços a instituições e empresas de vários países. Foi assessor de dois primeiros-ministros de Portugal, Eng. José Sócrates (2004-2011) e eng. António Guterres, atual candidato à presidência das Nações Unidas (1994-2002), assumiu nos últimos 20 anos a coordenação de dezenas de campanhas de comunicação, marketing e publicidade para as mais diversas entidades nacionais e internacionais.

Nos últimos anos coordenou um vasto conjunto de iniciativas de que se destaca a Coordenação Global da Comunicação das duas presidências Portuguesas da União Europeia em 2000 e 2007, Cimeira da Nato, Cimeira UE-África, Cimeira UE-USA, Cimeira UE-Brasil, Cimeira Ibero-Americana, coordenou eventos na área da Cultura durante a Expo 98 de Lisboa e coordenou o Tratado de Lisboa de 2007 onde ganhou o prémio internacional mais prestigiado e reconhecido na área do protocolo Institucional de Estados. Liderou também a coordenação comunicacional de mais de uma centena de cimeiras de estado e atualmente de organizações como a União de Exportadores da CPLP, iniciativas da Câmara de Comércio Portugal- China e da Fundação AIP, entre outras.

Foi também diretor do Departamento de Comunicação de várias empresas e grupos internacionais como a Group SAG, Unidas Group e instituições como UMP, IS e Yusi.

Ex- jornalista e fundador do canal de televisão privado português, a TVI.

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