Rui Vitória: "Nunca tive necessidade de impor 'quem manda sou eu' no Benfica"
“Tem por detrás uma estrutura que gere uma máquina de rentabilização de jovens talentos do Futebol e quer chegar aos 350 milhões de euros em receitas. Dá treinos num campus de 20 milhões de euros e é sobre os seus ombros que recaem as exigências de milhões de fervorosos adeptos. A pressão e a exigência diária não lhe tiram o sono. Dão-lhe antes força para voar mais alto e traçar com mestria o futuro do seu coração”.
É desta forma que a revista Forbes apresenta o rosto principal da sua edição de julho/agosto… o treinador do Sport Lisboa e Benfica, Rui Vitória.
Sob o título “Fazedor de Campeões”, a publicação apresenta um extenso trabalho acerca do Clube, com enfoque na aposta da Formação, fruto de uma gestão criteriosa e de infraestruturas de excelência, destacando-se aqui o Caixa Futebol Campus, “o berço dos milhões”.
São nove páginas, onde passo a passo, é descrita a receita dos Tetracampeões. E a capa é bem elucidativa: “Rui Vitória – Nunca duvidem dele”, pode ler-se acerca de um treinador que “chegou, viu e venceu. Em dois anos, fez do Benfica tetracampeão, apostou na prata da casa e deu a ganhar mais de 100 milhões de euros só em vendas de jovens jogadores”.
A aposta na Formação, a deteção e exponenciação de novos talentos, ou seja, todo o trabalho realizado no Seixal, são apontados como as bases de um trabalho de mérito e que ano após ano, de forma sustentada, continua a crescer, a dar frutos… e milhões!
“Portugal está numa linha de montagem intermédia. Entendemos isto perfeitamente e temos de lutar com as nossas armas. Sabemos que trabalhamos muito melhor do que alguns dos clubes mais ricos do mundo, que basta estalarem os dedos e compram o jogador feito. Nós temos de ir descobri-los, fazê-los e trabalhar”, diz Rui Vitória à Forbes.
A potenciação da marca Benfica, a valorização da instituição dentro e fora de portas como referência de credibilidade, inteligência e sempre na vanguarda têm sido determinantes.
“O Rui tem visão e preocupação com o Futebol de Formação”, diz Domingos Soares de Oliveira… e Rui Vitória explica: “Tem sido uma imagem que cola à minha função de treinador, a de lançamento de jovens, mas não faço isso como chavão. Faço por convicção”, afirmou o treinador das águias.
Na edição n.º 19 da Revista pode ainda ler-se acerca do lado mais pessoal de Rui Vitória. As origens, o percurso, os títulos mas, acima de tudo, uma personalidade vincada, um verdadeiro líder.
“Às vezes estamos completamente consumidos por dentro, mas é muito raro um jogador não me ver com o foco direcionado para a frente, sem pensar já no próximo jogo. Costumo dizer que levamos um soco, ficamos abananados um dia, mas no dia seguinte regressa de novo a energia para se atacar o próximo jogo”, afirmou, revelando que “ser treinador é uma profissão de isolamento total”.
Quanto ao seu grupo de trabalho, aos seus jogadores, o treinador assume “sabê-los de cor”. “Costumo dizer aos meus jogadores que só pelo olhar deles sei o que estão a pensar. Às vezes as pessoas confundem isto com ‘devem andar todos aos abraços e jantaradas’. Não é nada disso. Tenho é de ter conhecimento. (…) Conhecemos o agregado familiar todo, como é a vida de cada um dos jogadores. Sabemos, não no sentido da espionagem, mas no sentido de perceber o contexto familiar. Se os nossos bebés não nos deixam dormir, os filhos dos jogadores deixam que eles durmam?”, questionou.
A fechar, uma frase que dispensa adjetivações ou comentários: “Nunca tive necessidade de impor ‘quem manda sou eu’ no Benfica. Mérito aos jogadores”, atirou Rui Vitória.