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Luisão sobre Rui Vitória: “Não posso sair magoado com uma pessoa que no dia a dia me ajudou a ser campeão”

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Na temporada do Tri, o Benfica esteve a oito pontos do primeiro lugar, mas deu a volta e bateu o recorde de pontos do Campeonato. Onde foram buscar forças?

Uma coisa que se tem de ter é respeito pelo Benfica. Nenhum adversário pode subestimar o valor, a grandeza do Clube. Estávamos numa dificuldade, vendo os outros a ganhar, só que o Benfica fecha-se de uma tal maneira que enquanto não conquistar não está realizado. O ano do Tri ficou marcado por isso.

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No Tetra houve outros pormenores. Como foi a cobrança do Presidente?

Muitas vezes as pessoas não têm noção da ligação que o Presidente tem com a equipa. Eu fiquei admirado por ver um líder no balneário a falar de igual para igual com os jogadores. Quando se perde, é o primeiro a estar intacto já a pensar no próximo jogo. Essa ligação fortalece muito o jogador. No ano do Tetra, quando as coisas não estavam muito bem (após uma derrota com o Marítimo), ele chamou-me no dia seguinte e disse-me: “Luisão, eu vou colocar aqui as coisas de que a gente vai precisar: sempre ambiciosos, humildade, determinação e compromisso.” Escreveu com a letra dele e disse-me: “Luisão, se você conseguir colocar essas quatro coisas dentro do balneário, vamos ser tetracampeões. As pessoas sabem que quando o Benfica embala é difícil segurar, e é por isso que muitas vezes as críticas aparecem. Fui para casa, coloquei o papel na parede durante esse dia e pensei: quando a gente for campeão, eu vou entrar no balneário, chamá-lo e entregar-lhe esse papel. Era um desafio para mim. À medida que fomos chegando, comecei a visualizar e a sonhar com esse momento de entregar o papel. Levei-o na minha bolsa duas ou três rodadas, confesso, quando estávamos próximos da oportunidade, até que chegou o dia de ser Tetra. Diante de todos, chamei-o e disse-lhe: “Presidente, está aqui o papel e o sentimento de dever cumprido.”

Falámos do Presidente, falemos agora do treinador Rui Vitória…

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Rui Vitória é super-honesto. Fica como meu último treinador e só tenho de agradecer por todos os anos. Foi sempre amigo, aberto e frontal, o que não é fácil numa posição como a dele. Não tenho nada de reclamar. Pelo contrário, tenho de agradecer a maneira frontal como ele me tratou e a liberdade que me deu para eu conversar com ele. Fico chateado por ver que, depois da homenagem, ainda há gente que quer criar uma onda entre o Luisão e o Rui, mas não é possível. Da maneira como fomos frontais e amigos – e a amizade vai continuar além do futebol –, não tem como criar polémica.

Não sai magoado…

De maneira alguma! Não posso sair magoado com uma pessoa que no dia a dia me ajudou a ser campeão, a competir com os meus colegas para tentar buscar um espaço. Como é que vou sair magoado com uma pessoa assim? Na decisão de colocar um fim na carreira, a conversa que tivemos foi supertranquila, em dois minutos. Procurei agradecer-lhe e disse-lhe: “Míster, obrigado, acho que chegou a hora.” A amizade vai continuar e vou estar sempre a apoiar.

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