O Sporting quer regressar ao mercado, não ao futebolístico, mas ao financeiro. Mas a equipa liderada por Frederico Varandas e Francisco Zenha (administrador financeiro) está sob pressão para anunciar aos investidores a solução para o pagamento de 30 milhões de euros que vencem exatamente dentro de um mês, no dia 26 de novembro, depois de um adiamento de seis meses. O Sporting ainda não tem uma operação para levar para aprovação da CMVM e uma solução possível, que a administração está a tentar evitar a todo o custo, é mesmo uma nova moratória, para o início do ano. “Pior do que um novo adiamento seria um ‘default’, porque para esse não haveria volta atrás”, insiste uma fonte de mercado contactada pelo ECO.
Frederico Varandas sempre recusou a tese de ‘catástrofe financeira’ do Sporting, antes e já depois de ser eleito presidente do clube, no dia 8 de setembro. Uma semana depois de ser eleito, garantia: “Situação financeira do clube? Está como esperávamos. Não me tira o sono”. Mas a realidade é outra: A saída dos jogadores por justa causa, logo, sem receita para o Sporting, e o adiamento de uma nova emissão na sequência da crise diretiva com Bruno de Carvalho, que se juntam a uma situação de falência técnica e a uma enorme pressão de tesouraria, com as dívidas a fornecedores a aumentarem, estão a afunilar as opções possíveis. Perante a inevitabilidade de ter uma emissão de obrigações até 60 milhões de euros a tempo de pagar os 30 milhões de euros fixado para 26 de novembro, a administração do Sporting está a tentar um ‘empréstimo-ponte’ [bridge loan em inglês] para fazer face às suas obrigações e responsabilidades. Mas, segundo apurou o ECO junto de fontes do mercado financeiro, não há bancos disponíveis para aumentar a exposição ao futebol e ao Sporting. Porque um empréstimo deste tipo, para assegurar a tesouraria e o pagamento dos referidos 30 milhões, antes de sair a emissão de obrigações, configura na prática uma tomada firme dessa operação. É que o Sporting tentará a colocação desta aplicação financeira através dos balcões dos bancos junto de particulares. Portanto, sem rede, e sem garantia de sucesso. Neste momento, o BCP é o maior credor do Sporting, seguido do Novo Banco. E, de acordo com várias fontes, será o Montepio a fazer a colocação das obrigações juntos dos particulares.
O Sporting, recorde-se, aprovou em Assembleia Geral de obrigacionistas o reembolso da emissão de obrigações no valor de 30 milhões de euros, afetando mais de quatro mil credores. De acordo com um comunicado enviado, então, pela SAD do Sporting à Comissão de Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM), o prazo do reembolso saltou para 26 de novembro deste ano. Varandas e Francisco Zenha estão numa luta contra o tempo, porque a pressão de tesouraria é enorme, e como se vê pelas últimas contas disponíveis, a SAD do Sporting está em falência técnica. Segundo apurou o ECO, a primeira opção é mesmo a tentativa de arranjar uma solução intermédia, mas a possibilidade de um novo adiamento ganha força a cada dia que passa. Contactada, a SAD não fez comentários sobre este empréstimo. Mas outra fonte acrescenta ao ECO que a nova direção tem um bom argumento para pedir o adiamento aos obrigacionistas: Chegou há mês e meio e encontrou uma situação financeira crítica, deixada por Bruno de Carvalho, sobretudo do ponto de vista de tesouraria.
Além disso, a emissão de obrigações é um processo complexo, que tem de passar pelo crivo da CMVM, incluindo a aprovação pelo conselho diretivo, liderada por Gabriela Dias Figueiredo. O Sporting tem de ter as contas do primeiro trimestre fechadas, de julho a setembro, e no prospeto têm de constar todos os riscos associados à emissão para os potenciais investidores.
Mais imediato, e que deverá ser comunicado ao mercado nas próximas horas, é a venda de Rui Patrício, num acordo com o clube inglês Wolverhampton. Depois da rescisão por justa causa, Varandas conseguiu um acordo para receber entre dez e 15 milhões de euros, segundo as informações divulgadas pela imprensa desportiva. Uma verba que permite um fôlego de curto prazo, para fazer face às exigências de tesouraria imediatas.