Bruno Lage, treinador do Benfica, na antevisão à receção ao Vitória da Setúbal, para a sétima jornada da I Liga. Sobre o seu gesto de pedir calma aos adeptos após o jogo na Taça da Liga:
“Às vezes estamos tão confortáveis e a viver o jogo que nem me apercebi da reação do público e do meu gesto. Depois é que vi e a importância que a Comunicação Social lhe deu. Neste momento, é pensar na exigência que temos de ter enquanto clube. E aí, o nosso adepto tem uma exigência tremenda, habituado aos resultados do clube. E em particular desta equipa, por aquilo que fez nos últimos seis meses, pelas exibições ao longo do ano, pelos 103 golos, o que poucas equipas conseguem igualar… Pelo início da época, com a vitória na Supertaça e a forma como a ganhámos, pela grandeza do clube… Por outro lado, o que sinto é que quem não nos quer ver com sucesso, sinto que estão a tentar apontar tudo de mau que nos tem acontecido. Um exemplo muito claro do aproveitar daqueles que não nos querem o sucesso para tentar fazer balançar o nosso adepto: numa das entrevistas para o lançamento da Supertaça, começou assim: “Perdeu o João Félix, como resolver?”, e eu respondi. A seguir foi: “Quando perder, vai mudar a sua maneira de ser?”, e depois “Se perder, vai cumprimentar o adversário?”. Interrompi e perguntei se aquelas três primeiras perguntas eram “se perder, se perder, se perder”… Não estamos aqui a tentar esconder o que quer que seja. Apenas o contrário, apenas o levar do raciocínio em torno do negativismo é tentar que os nossos adeptos, no momento do desconforto, se tornem menos pacientes”.
Ainda sobre a impaciência dos adeptos:
“A maneira como conquistámos a Supertaça… O que se disse? O adversário é que jogou mal. Nunca há uma tentativa de perceber aquilo que é feito para conseguir os resultados que se conseguem. Outro exemplo: estamos a jogar em casa , como com o Gil Vicente ou com um adversário como o de amanhã: fechado, compacto e sem espaço. Se queremos puxar e atrair os jogadores [adversário], para puxar nas costas, vir atrás, será visto com esse negativismo. Os adeptos tornar-se-ão impacientes e os jogadores não o farão. Foi o que fizemos com o Gil Vicente, fomos a um corredor atrair e depois entrar pelo contrário…
Existe a máxima exigência, pelo que fizemos no ano passado, pelas exibições fantásticas, pelo 10-0, por vitórias normalmente por quatro, cinco e seis golos. Neste momento, há que perceber o momento atual. Não é nos 4/5 jogos já feitos. Por várias circunstâncias, não estamos todos e não estando todos, todos são diferentes. Quando estamos todos, conseguimos fazer mais coisas. Conseguimos que cada um dos jogadores dê mais soluções. A falta de alguns, que têm sido importantes, faz ser diferentes. Mas há que dar continuidade ao que disse o presidente e dar oportunidade a jogadores menos rodados e a jovens com imenso valor.
Sendo assim, é perceber o momento. E neste momento, o que faz mais sentido é o lema do Benfica: de todos um [Et Pluribus Unum]. Se a equipa precisou dos adeptos quando estávamos a perder dois zero com o Rio Ave e o povo esteve lá, ou como com o Moreirense, que estiveram lá até ao fim, se isso faz sentido, então todos juntos seremos mais fortes com o Benfica do povo”.