O FC Porto, através do seu diretor de comunicação, ainda há pouco tempo acusava José Manuel Meirim de, nas últimas épocas, ter funcionado como ponta de lança do Benfica e considerava que “enquanto for assim, é difícil que estas coisas sejam normais, transparentes e iguais para todos os competidores”.
Pois bem, há dias, quando se soube que existiria uma pessoa que se candidataria para o seu lugar, mesmo ele mantendo-se na equipa, os mesmos responsáveis surgiram a elogiar o trabalho isento e equilibrado de José Manuel Meirim considerando inaceitável essa alteração.
Mas o mais extraordinário é virem agora colocar em causa a nova candidatura por se tratar de uma deputada e existir uma eventual incompatibilidade face ao exercício desse cargo político.
Isso mesmo, poucas horas depois de elegerem para os seus órgãos sociais uma vasta legião de políticos, com a agravante de alguns já estarem direta e indiretamente ligados a processos de decisão que estão a gerar polémicas, como se observa com a eventual cedência de terrenos no concelho de Matosinhos, após intervenção noticiada e nunca desmentida do atual presidente do Conselho Superior do FC Porto e presidente da Câmara Municipal do Porto.
O que estamos a assistir é à montagem de uma rede de interesses sem paralelo entre política e futebol em benefício de um clube numa situação de desastre financeiro.
Já não falando da despudorada falta de coerência e verdade que estes exemplos demonstram sobre a velha estratégia de sempre, em que o único objetivo visado é intimidar, ameaçar e condicionar qualquer responsável que se estreie num órgão de decisão desportiva.
Um clube, que viu o seu presidente ser condenado por corrupção desportiva pelas instâncias da justiça desportiva e de quem todos nós ouvimos as conversas telefónicas a decidir e combinar árbitros com o próprio presidente do Conselho de Arbitragem, naturalmente pensa sempre os outros à sua imagem, e não consegue conceber outra estratégia senão partir logo para a difamação e a chantagem, e, por isso, Meirim estaria ao serviço do Benfica, para agora já ter feito um excelente trabalho.
Penoso é assistir ao desfile dos novos “Bobis” e “Tarecos” deste novo século, que em diversos programas, perante tanta incoerência e mudanças de posição sobre os mais diversos assuntos por parte do seu clube, dão provas da sua inestimável capacidade e resiliência de nos provar que a dupla face tem um preço certo.
Um pouco de coerência, pelo menos…