O caso do momento, a alegada vigilância a jornalistas.
Segundo notícias vindas a público, Henrique Machado e Carlos Lima, sob ordem do Ministério Público, tiveram mandato de vigilância devido a uma suspeita de violação do segredo de justiça.
De um modo simples, o segredo de justiça significa que o conteúdo dos atos do processo judicial não pode ser divulgado nem o público pode assistir aos atos processuais. Só por despacho do Ministério Público e mediante validação do juiz, o mesmo pode ser publicado.
Bem sabemos que o segredo de justiça em Portugal é algo encarado levianamente, e são constantes as tentativas da sua violação. Mas não é por ser algo constante que passa a ser válido e correto, seja praticado por um pedreiro, um médico, um político ou – leia-se bem – um jornalista.
Neste caso em concreto, Henrique Machado e Carlos Lima são suspeitos de violar o segredo de justiça, alegadamente através de subornos a terceiros, como alertámos no nosso artigo de dia 29 de dezembro de 2019, antes de tudo isto ser de conhecimento público. Estes dois jornalistas têm um longo passado de “furos jornalísticos”, graças a “fontes bem colocadas”. São os melhores jornalistas da praça. Estes, Pedro Candeias, Paulo Curado, Octávio Lopes, Gonçalo Azevedo, entre outros (não temos qualquer medo em dizer os nomes deles).
Todos eles têm publicado nos últimos anos inúmeros artigos com destaque, sendo a larga maioria sobre casos ligados ao SL Benfica. Na generalidade das vezes, obtêm informação em segredo de justiça através de métodos questionáveis e, posteriormente, trabalham em peças jornalísticas sem o mínimo de qualidade. Falsas, fantasiosas, encomendadas.
Já alguém questionou como obtêm essa informação?
A título de exemplo, Pedro Fonseca, coordenador da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, é suspeito de ser uma das “toupeiras” azuis e verdes na Polícia Judiciária. Apenas três anos depois começámos a ver as caras por detrás das máscaras a serem finalmente expostas, todavia, mais têm vindo a público.
Não é de espantar que vários Órgãos de Comunicação Social e o Sindicato de Jornalistas tenham vindo criticar este caso. Fazem a sua parte. No entanto, é preciso deixar bem claro que nada disto é ilegal, o Ministério Público agiu corretamente. E, desta vez, tal é de saudar.
Curioso também constatar a diferença de tratamento deste caso para outros, nomeadamente o caso Rui Pinto, e-emails e e-toupeira. O hacker é elevado a herói nacional depois de ter acedido ilegalmente a sistemas informáticos, roubado correspondência privada e conteúdo confidencial, tentado vender essa informação e acabar a entregar a mesma ao FC Porto e Sporting SP. Contudo, o Ministério Público é agora sobejamente criticado por tentar investigar a origem destas violações do segredo de justiça e de como vão, consecutivamente, parar às mãos destes jornalistas.
Coerência é algo que falta à candidata a Presidente da República, Ana Gomes, e a estes jornalistas que se mostram hoje indignados. Basta recuar uns meses para constatarmos que os mesmos não se coibiram de chafurdar na correspondência alheia roubada ilegalmente, utilizando-a e abusando da mesma com recurso a deturpações, acesso indevido e partilha pelos diversos meios de comunicação através de artigos de opinião. Tudo isto é algo que não estranhamos, chama-se hipocrisia.
Outro ponto. Paulo Gonçalves foi apelidado de toupeira por ter acedido ilegalmente a processos judiciais em segredo de justiça, tendo muitos destes jornalistas contribuído para esse festim. Conclui-se agora que afinal não era o único a cometer tais ilegalidades. É preciso ser-se verdadeiramente dissimulado para escrever um texto sobre um crime que o próprio pratica.
Posto isto, nada do que escrevemos é novo para quem nos segue regularmente. Nos últimos anos, desde o início da campanha delineada no Altis, vários jornalistas têm estado a prestar vassalagem à aliança FC Porto-Sporting CP. São dezenas os casos que o provam. Ainda há dois dias foi requentada uma notícia sobre os muitos negócios feitos pelo SL Benfica nos últimos anos, em semana de Clássico. Zero rigor jornalístico, interessa apenas condicionar a opinião pública e, seja como for, afetar a prestação do SL Benfica.
No que toca aos jornalistas, deixamos registado que isto é o que acontece quando se mistura a profissão com clubites e, quiçá, serviços pagos. Agora têm que lidar, ser investigados e, caso se comprove a ilegalidade dos atos, condenados.