Jan Vertonghen deu uma entrevista onde falou de toda a sua passagem pelo Benfica
“Quando soube do Benfica, pensei: tudo bem, é um grande clube, com história. Depois liguei ao Eric Dier. Perguntei-lhe sobre o campeonato português, o estilo de vida e deu-me uma opinião muito positiva, mas queria que eu fosse para o Sporting. Disse-lhe logo que isso não ia acontecer”, revelou, acrescentando: “Tive uma reunião via ‘Zoom’ com o Tiago Pinto e em cinco minutos estava convencido.”
“Em toda a minha vida nunca tive um treinador como ele. Uau. Sabes, estou habituado a treinadores holandeses, que são muito disciplinadores. O Pocchetino era disciplinador. Mas ele era incrível, tentaram explicar-me isso quando cheguei. Os meus colegas de equipa tentaram explicar-me isso quando cheguei, mas ele era totalmente diferente de qualquer treinador que já tinha tido.
Tive algumas dificuldades com ele. Porque ele só falava português e eu não falava português. Podemos ter um tradutor ou um adjunto, mas eu queria falar com ele num nível mais pessoal, cara a cara, e não conseguia. Queria explicar-lhe as minhas ideias, o que sentia. Foi estranho. Ele era muito duro e direto, o que eu gosto, mas foi difícil, especialmente porque não sabia como ele era. Os meus colegas diziam para o largar da mão, que ele é mesmo assim. É um grande treinador, mas tinha tantas perguntas.
Ele depois saiu, em dezembro, eu já falava um pouco de português. Esbarrei com ele no edifício e falámos pela primeira vez. E foi uma conversa reconfortante. Disse-me algumas coisas muito boas e eu pensei que já devíamos ter tido aquela conversa há algum tempo. Deu-me uma perspetiva dele. Respeito-o muito, é muito, muito bom treinador, mas a barreira linguística não facilitou.
Treinávamos muito as bolas paradas, mas nunca marcávamos. Marquei com o Lech Poznan e ele fez aquele sinal do foguete, como que a dizer ‘finalmente marcaram’. Na altura não gostei, mas ele era assim. Na altura não sabia como ele era, mas agora dou-lhe valor”
A sua chegada: “Cheguei com a Covid. Foram anos difíceis. Nesse ano o Benfica fez grandes investimentos. Contrataram o Darwin, o Otamendi, a mim, o Everton, o Waldschmidt. Muitos jogadores. O Benfica tinha acabado de perder o campeonato para o FC Porto e queriam uma demonstração de força. Mas começou da pior forma. Foi o pior começo da minha carreira, para ser sincero. Com um autogolo na estreia, com o PAOK, na Champions. Foi mesmo muito duro para mim, senti a responsabilidade. Eles contrataram-me por várias razões, para liderar a equipa, para ter resultados e como é óbvio fazer um autogolo atingiu-me em cheio no meu início de percurso no Benfica. Depois fiz uns bons jogos, mas nunca alcancei os objetivos que queria. Que era ganhar títulos pelo Benfica. Primeiro ganhou o Sporting, depois o FC Porto. Vivi um bom período, mas esperava mais de mim quando assinei”
“Queria muito, mas mesmo muito continuar no Benfica e em Portugal. Dei comigo a pensar: «Será que devia ir para o Estoril?’”
“Se eu fosse o Benfica, se eu eu fosse o Rui Costa, que é quem toma as decisões, creio, eu faria o mesmo. Fazia sentido, tendo em conta os jogadores jovens, e ainda que tenha sido difícil aceitar, pois eu queria mesmo muito jogar pelo Benfica. Queria muito ficar em Lisboa, porque a minha família estava feliz. Fizemos muitos planos, e de repente caí em mim.”