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A acusação não conseguiu demonstrar a prática de corrupção e adulteração de resultados por parte da Benfica SAD

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1 – Primeiro aspeto importante: não fazer qualquer ataque ao Ministério Publico. Não falar em perseguição ao Benfica. Não ser acintoso. Não provocar. Respeito.

2- O problema desta acusação é que é infundada. Há uma deficiente interpretação por parte do Ministério público relativo aos negócios que eram feitos à altura – e que eram naturais entre os clubes, Porto e Sporting também o fizeram muitas vezes – e a dedução que fazem de beneficio e vantagem desportiva. É infundada. É de quem não domina as questões desportivas.

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3- A ideia de suspender o Benfica das competições não tem o peso e gravidade que as parangonas dos jornais de hoje lhe deram. Não há sequer um pedido de quanto tempo o MP pede, porque normalmente até o faz: suspensão nunca inferior a 1 ano! Aqui não. Está só a sanção como enquadramento.

4- Se acontecer, o que é improvável dada a acusação ser infundada, mesmo que o Benfica fosse condenado por corrupção a sanção não tem de ser esta , poderia passar por multa ou perda de pontos. Ou seja, não é crível que o Benfica seja condenado e a ser não é automático ou certo que seja suspenso.

5- Nenhum administrador à altura foi acusado. Domingos Soares Oliveira não foi acusado. Rui Costa não foi acusado. Nenhum outro administrador foi acusado. O MP entende que todo o alegado plano de compra e venda de jogadores estava centrado no antigo presidente da altura. O facto de haver assinaturas de outros administradoras justifica-se pelo facto de serem necessárias duas assinaturas para vincular a SAD, sendo um processo normal em qualquer empresa da dimensão do Benfica, onde há centenas de contratos para assinar, essas segundas assinaturas serem feitas na base da confiança. O que não implica conhecimento de todas as variáveis.

6- Este é o período de jogos abrangido pela investigação do MP, que se situa entre as épocas de 2016/2017 e 2019/2020. O Benfica é acusado de pagar ao Vitória para facilitar nos jogos entre ambas as equipas.
Vejamos então o histórico entre as equipas dos dois clubes no período em questão.

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Período de jogos sob investigação

2016/2017
Benfica 1 Vitória Setúbal 1
Vitória 1 Benfica 0
2017/2018
Benfica 2 Vitória Setúbal 0
Benfica 6 Vitória Setúbal 0 (TP)
Vitória Setúbal 2 Benfica 2 (TL)
Vitória Setúbal 1 Benfica 2
2018/2019
Vitória Setúbal 0 Benfica 1
Benfica 4 Vitória Setúbal 2
2019/2020
Benfica 1 Vitória de Setúbal 0
Vitória Setúbal 2 Benfica 2 (TL)
Vitória de Setúbal 1 Benfica 1

7- Ou seja, constata-se que no ano de 2016, ano em que alegadamente se iniciou o suposto facilitamento do Vitória Setúbal, o clube sadino “roubou” cinco pontos ao Benfica. Um empate e uma derrota foram os jogos, nessa temporada, que o Ministério Público entende que o Vitória facilitou para beneficiar o Benfica.
Também se constata que, na mesma temporada, o Benfica foi afastado da Taça da Liga exatamente pelo mesmo Vitória de Setúbal.

8- Fixemo-nos nos resultados obtidos pelo Vitória, durante o período que foi investigado, na Liga portuguesa, frente ao Benfica e aos seus principais rivais.

Jogos entre Benfica e Vitória na Liga
8 jogos – 5 vitórias do Benfica, dois empates e uma vitória do Vitória FC

Jogos entre Sporting e Vitória
8 jogos – 8 vitórias do Sporting

Jogos entre FC Porto e Vitória
8 jogos – 8 vitórias do FC Porto

Conclusão. Durante este período, os resultados dizem-nos que para o Sporting e FC Porto, os jogos com o Vitória FC acabaram por ser mais “fáceis” do que foram para o Benfica.

9- O Sporting, clube investigado no processo Cashball, que beneficiou da injeção de dinheiro sujo na sua sad, por parte de um investidor que aproveitou para lavar 20 milhões de euros, que beneficiou de perdões bancários no valor de 100 milhões de euros, achou que poderia exigir que os culpados sejam punidos, neste processo dos emails. O mesmo clube que aparece no despacho do Ministério Público como tendo oferecido 400 mil euros ao plantel do Marítimo para ganhar ao Benfica, num dos jogos que fazia parte da investigação do MP em relação a jogos que alegadamente o Benfica teria “comprado”. O MP arquivou a queixa contra o Benfica mas deu como provada a oferta do Sporting. Relembre-se que no ano a seguir a estes acontecimentos, pagar para ganhar passou a ser crime.

10- Esta acusação do Ministério Público sobre os negócios entre as sad’s do Benfica e do Vitória FC é também oportuna para nos interrogarmos sobre a investigação aos negócios entre o Porto e Portimonense. Desde a época de 2015/16, houve 30 transações de jogadores entre os dois clubes e num dos casos até se deu o caso do Portimonense ter servido de ponte entre o Porto e o Marítimo, na transferência do jogador Danilo. E se o MP considera que existe uma relação entre negócios efetuados e resultados desportivos, o que estará à espera para acusar as duas sad’s? É que data de 1985 o último ponto conquistado pelo Portimonense num jogo contra o Porto. E desde 2010, altura em que o Portimonense regressou à Primeira Liga pela mão do seu atual proprietário e accionista de referência da sad do FC Porto, que essa tendência se acentuou. Só vitórias do FC Porto.

11- Aliás, relações promiscuas é algo que não falta ao futebol português. O que se dirá do negócio contabilístico efetuado entre o Sporting e o FC Porto e o Vitória de Guimarães e o FC Porto, de troca de jogadores, com valores inflacionados para obter resultados positivos nas contas das respetivas sad’s. Em Itália, uma operação igual a essas, trouxe uma penalização severa à Juventus, em Itália, com perda de pontos e na UEFA com a impossibilidade de participar nas competições europeias por um ano.

12- Na mesma investigação, o Ministério Público investigava um conjunto de jogos que alegadamente o Benfica teria “comprado” através de ofertas de dinheiro a jogadores dos clubes adversários. O que concluiu o Ministério Público?
“A acusação adianta que não conseguiu demonstrar a prática de corrupção e adulteração de resultados desportivos por parte da Benfica SAD”.
Os jogos em investigação foram três jogos do Benfica com o Marítimo, um na Luz e dois na Madeira, um Rio Ave-Benfica, um Boavista-Benfica e ainda um Benfica-Belenenses. Esta investigação também juntou outros processos onde o Benfica era visado e suspeito de ter montado uma extensa rede de influências que lhe permitia ter o controlo das instituições do futebol em Portugal. Tudo arquivado. Sobrou, desse um imaginário plano, apenas a relação entre o Benfica e o Vitória de Setúbal. Após seis anos de investigações.

13- O Ministério Público deixou cair todas as suspeitas em relação a jogos específicos e que eram casos concretos de investigação, porque não encontrou indícios de corrupção, mas, depois, acusou o Benfica de corrupção num caso genérico e sem conseguir apontar um único jogo, um único lance, um único acontecimento nos jogos entre as equipas dos dois clubes, que possa sustentar a acusação. De que forma foi o Benfica beneficiado, em que jogos, em que lances, em que épocas? A nenhuma das perguntas responde a acusação.

14- Um dos negócios que causou maior estranheza foi o de Bruno Varela, contratado pelo Benfica, um ano depois de ter sido cedido ao Vitória. Uma prática recorrente no futebol internacional. De destacar que, mesmo assim, o Benfica recuperou o jogador por 100 mil euros, muito abaixo do valor de mercado. Diferente do que se passou, por exemplo, com Ricardo Esgaio, pelo qual o Sporting teve de pagar 5 milhões de euros para o recuperar, depois de o ter cedido, sem contrapartidas. Outro caso semelhante é o de Galeno, que o Porto libertou sem custos e depois foi obrigado a pagar nove milhões de euros para o recuperar. O mesmo pode acontecer se o Manchester United decidir recuperar o jogador Álvaro Carreras, sobre o qual tem uma opção de recompra
É uma prática recorrente no futebol e não tem a ver com práticas censuráveis mas com a valorização dos jogadores.

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