Nas alegações finais para safar da cadeia o arguido por violência doméstica, Francisco J Marques, revelam que têm conhecimento ao detalhe do porquê da Benfica SAD ser arguida
A partir do momento em que passaram os processos para o norte, estava mais que visto que o FC Porto teria conhecimento de tudo o que se passa à volta do Benfica para poderem avançar no programinha do Porto Canal.
Nuno Brandão, advogado de Francisco J. Marques, assinalou que causídicos ligados ao FC Porto já consultaram o processo, o que causou surpresa em Rui Patrício e João Medeiros, advogados do Benfica.
Depois de no dia de ontem, Rui Patrício ter desvalorizado as notícias que davam conta da constituição de arguidos no processo 5340, Nuno Brandão aproveitou a sua alegação final para alertar o colega que tal poderia não ser assim: “Um dia chegaremos ao momento em que haverá penalização do Benfica, por factos, em penas criminais e desportivas. Essas declarações irão envelhecer mal. Vão mostrar os podres que os e-mails divulgavam”, atirou.
Rui Patrício ripostou e assinalou que seria “juridicamente lamentável” a apreciação de Nuno Brandão, pois não saberia que já alguém ligado ao FC Porto pudesse ter acesso ao processo. “Vocês sabem como foram feitas essas constituições de arguidos. Viram nos jornais como nós. São genéricas, sem indiciação, sem factos imputados, acham que isto juridicamente vale alguma coisa? E não há presunção de inocência. Podia, mas não teço considerações sobre a constituição de arguidos nesta altura. Podia ir por aí, podia ir por aí, como escreveu o poeta José Régio, mas não vou por aí”.
O advogado do arguido voltou ao ataque. “Eu não estou obrigado à presunção de inocência. A constituição não obriga os particulares a presumir ninguém inocente. Quem tem de o fazer é o Estado. Ainda vamos ver se não é um favor que fizemos ao Benfica. O FC Porto é assistente nesse processo e já foi consultado. Não por mim, mas por outros. Estão em causa a investigação de crimes de corrupção, autoriza que qualquer pessoa se torne assistente. O FC Porto constituiu-se como assistente. Já passaram todos os prazos e foi requerida a consulta do processo”, explicou, ainda que reafirmasse que não tinha sido ele, mas outro advogado do FC Porto e aproveitou para deixar uma crítica: “Mas connosco não houve fugas de informação, ao contrário do que aconteceu regularmente com este processo [dos E-mails]”.
Depois destas afirmações, Rui Patrício e João de Medeiros começaram a tirar notas, com faces visivelmente surpreendidas. É que já tinha sido noticiado que nenhum dos arguidos tinha qualquer informação sobre os motivos que levaram a que fossem constituídos arguidos. Aliás, de acordo com o que foi possível apurar, a última vez que o Benfica viu negado o acesso ao processo foi no final de novembro, ainda antes da constituição de arguidos. Em causa, estará uma investigação que abrange praticamente a última década e este procedimento processual procurou apenas salvaguardar que não prescrevessem os prazos.