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Bagão Félix: “Só não compreendo que lances tão idênticos tenham decisões tão opostas”

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Uma das duas vezes em que Jorge Sousa assinalou penálti no SC Braga-FC Porto não existe para uma coligação de erros que, por tão injustificados, até sugerem outras coligações…

No fim das sete jornadas por disputar veremos se duas falhas enormes na jornada de sábado passado tiveram (ou não) consequências decisivas para encontrar o vencedor da competição. Para memória futura, refiro-me a dois momentos de dois protagonistas dos jogos do Porto e do Benfica. No jogo em Braga, ao árbitro (que diabo, nestes jogos decisivos do Porto contra os grandes e contra o Braga, não haverá ninguém para arbitrar para além dos mediaticamente ungidos Jorge Sousa e Artur Soares Dias, ambos da Associação de Futebol do Porto?).

No jogo da Luz , ao jogador do Tondela que falhou um golo cantado na última jogada do desafio. Falhas diferentes na sua natureza e na sua espontaneidade.
Jorge Sousa e um tal de VAR assinalaram (e bem) uma grande penalidade que deu, então, o empate a 2 golos para o FCP. Mas, falta substancialmente idêntica de Corona sobre Wilson Eduardo na parte final do jogo não foi considerada, sabe-se lá porquê! O tal de VAR, tão lesto a confirmar o penálti contra o Sp. de Braga, devia estar a dormir para não ver, mais tarde, a falta do portista. A dormir ou a sonhar saborosamente.

Percebo que, neste tipo de lances, há sempre uma zona incontornável de juízo pessoal, logo de subjectivismo. Percebo que há jogadas onde a fronteira entre marcar ou não marcar um penálti é ténue e sempre passível de decisão e opiniões antagónicas. Percebo que o erro faz parte da natureza humana, ainda por cima num tempo escasso para tomar uma decisão num contexto sempre muito emocionalizado. Só não compreendo que lances tão idênticos tenham decisões tão opostas tomadas no mesmo jogo pelas mesmas cabeças, favorecendo uma das equipas e prejudicando a equipa adversária.

É o que se chama a violação do critério da equidade, qual seja o de tratar de maneira igual o que é semelhante e de maneira desigual o que é diferente. O certo é que para a história do jogo (ou do campeonato?) fica mais esta grave falha (?) da equipa de arbitragem, apesar de todos os encómios e cuidados com que se fala e comentam as arbitragens do árbitro considerado o melhor ou dos melhores a apitar em Portugal. Já nem falo do tal de VAR, de nome António Nobre, certamente escolhido a dedo para este jogo, dada a sua fulgurante carreira arbitral.

A segunda falha observou-se no Estádio da Luz. Aos 94 minutos, o avançado tondelense Patrick fez o impensável: a dois metros da baliza, falha o golo que daria o empate à sua equipa e teria consequências bastante negativas para o Benfica. Aqui, porém, estamos diante da imprevisibilidade de a bola ser redonda, como sói dizer-se, ainda que, neste caso, deva ter parecido quadrada ao tondelense. Tratou-se da contingência do erro na sua mais pura e autêntica acepção. Como li em A BOLA na crónica a este jogo, tratou-se de um «momento Bryan Ruiz», por ter feito lembrar a inconcebível falha deste jogador do Sporting no jogo decisivo contra o Benfica, há 3 anos. Neste caso, podemos dizer metaforicamente que a cabeça do jogador parou. No caso atrás referido em Braga, e ao contrário, a cabeça do árbitro e do tal de VAR não pararam.
Simplesmente depararam e pairaram, alegremente.

Certamente haverá cabecinhas que até imaginarão que Patrick falhou porque quis, embora não conste que tenha sido antes jogador do Benfica (e então se tivesse sido Murillo ex-benfiquista…). Certamente haverá também cabecinhas que olham desconfiados para Claudemir que cometeu dois disparatados e desnecessários penáltis que deram a vitória ao Porto. Certamente, naqueles dedicados programas de fantasias à volta do futebol, não me admira que estas suposições sejam pasto para enormes discussões. Eu ainda acredito que o melhor do nosso futebol são os jogadores. Com falhas, por vezes decisivas, mas que resultam tão-só do risco humano inerente a esta actividade.

Voltando à não homogeneidade de critérios dos árbitros, veja-se o caso do claro penálti sobre Samaris (aliás, duas faltas consecutivas por dois jogadores!) no início da partida. Mais evidente até do que o primeiro que Jorge Sousa assinalou na Pedreira. O que leva um árbitro e sobretudo o VAR – a não marcar penálti? Que matéria insondável há naquelas cabeças decisoras? O que faria Carlos Xistra se tal falta fosse a meio-campo? Por que razão não foi ele ver o monitor? Ou será que o VAR lhe disse que categoricamente (!) não era matéria de penálti? E por que motivo foi Xistra ver o monitor para anular (e bem) o golo de Jonas antecedido de uma mão de André Almeida (ainda que imediatamente antes tivesse havido uma mão de um defesa do Tondela)? Será que ir ver as imagens é para inglês ver quando já se tem a certeza do que se quer fazer e não ver as imagens é para não se ter de alterar o que apriori não se quer alterar? O VAR existe para confirmar uma decisão acertada ou para ser alterada uma decisão errada. Não existe para uma coligação de erros que, por tão injustificados, até sugerem outras coligações…

Num ponto entre vários, a campanha de fake news contra o Benfica tem dado resultado. Os árbitros entram nos seus jogos condicionados ou condicionáveis e com a preocupação de não serem criticados por terem apitado a favor do Benfica em jogadas de avaliação mais discricionária. De facto, tem-se constatado amiúde que a mesma jogada é penálti para os rivais , mas só com requerimento notarial e a muito custo, é, uma vez por outra, penálti a favor do Benfica. Esta jornada foi de uma me ridiana evidência entre os três rivais (e já nem preciso falar de um penálti claro que Acuña fez perto do fim sobre um flaviense…).

Continuo a achar que a introdução do VAR é um caminho positivo, que deve ser aprofundado e melhorado. Todavia, um aspecto há que me faz muita confusão: o de, à medida que o tempo decorre, os erros e hesitações deste mecanismo estarem a aumentar, sem que se perceba porquê. Afinal, a experiência tem sido uma estranha forma de exponenciar erros, não raro decisivos.
E, pior do que isso, sem que se dêem explicações cabais ou se conheça a conversa entre árbitro e VAR para tais devaneios. E sem que nada aconteça aos VAReiros, como os desta semana em Braga e na Luz. Aguarda-se com muita expectativa (e apreensão) a escolha dos senhores que, no sossego conventual de uma sala distante, podem vir a ser determinantes nesta altura crucial do campeonato.
Bom será que, nestas 7 jornadas finais, deixem o Benfica e o Porto lutar com as suas armas no campo.
Que as têm, cada um à sua maneira, e ambas poderosas.

Ontem foi o dia das mentiras. Por cá, tornou-se, numa versão mais pitoresca, o consagrado dia das petas. Porque, para mentiras propriamente ditas, há dias todo o ano.
Quase coincidiu este dia com aquele em que o ex-governador do Banco de Portugal Vítor Constâncio falou na AR sobre factos da CGD, dizendo que de nada sabia, que nada havia visto, que de nada se lembrava, que quanto muito tinha uma ideia vaga, tudo num notável exercício de amnésia liofilizada, com aquele outro dia em que, nas peripécias abandalhadas do futebol luso, houvesse quem se lembrasse de tudo o que… não aconteceu. De um lado, a desmemoriação plena do que houve; de outro lado, a alucinação absoluta do que não houve.

Vem isto a propósito das fake news que, por cá, também abundam na bola que (não) gira. Atingiu-se agora o estado superlativo desta nova modalidade da mentira, seja por via de (guarda) redes sociais, seja por intermédio de imagens a cores ou gravações a preto-e-branco, seja ainda na macroscopia de programas televisivos não recomendáveis.
Muito tem resistido o nosso futebol perante a avalancha de mentiras, mentirolas, omissões, insinuações, montagens, truncagens e outras formas de fugir à verdade ou querer transformar a serralharia da mentira num poderoso meio de contrariar poderes antigos e ainda bem instalados. Há quem minta com todos os dentes que tem na boca, mesmo que seja desdentado.

É o tempo em que se recebem imagens manipuladas, deturpadas, falsificadas, em que tanta gente crédula acredita e, pior, divulga avidamente. É o tempo em que tudo se manipula, desde a palavra ao som, da insinuação ao rumor, num ambiente de absoluta irresponsabilidade e da mais soez cobardia e anonimato. É o tempo de aparecerem como cometas mediáticos certas figurinhas a quem mandam contar estórias da carochinha. Foi numa delas que ouvi algo de insólito: a escolha de coma ou de morte. Será que, neste caso, se trata do coma induzido, tal e qual se passa com a mãe impaciente quando, diante da papinha, clama ao seu filho pequeno: «coma, menino!» É por estas e por outras que, seja em que circunstância for, se devem evitar, intransigentemente, as más companhias…

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