O CEO do Grupo Benfica, esclareceu nesta sexta-feira, 13 de maio de 2022, em entrevista à BTV, o estado em que está a auditoria forense.
“O que tem vindo mais para cima da mesa nos últimos meses é o tema da auditoria forense, porque as nossas contas são auditadas todos os anos e de forma regular, inclusive as semestrais. No tema da auditoria forense vale a pena recapitular o que está em cima da mesa. Na operação ‘Cartão Vermelho’ houve dois temas que não estavam diretamente relacionados com a SAD do Benfica e houve um em concreto no qual o Ministério Público nos pediu três contratos, e posteriormente pediu mais uma série de contratos. O que se entendeu fazer, a nova Direção eleita (aliás, a decisão até foi antes), foi produzir uma auditoria forense com uma entidade que nunca tivesse trabalhado com o Benfica. Foi escolhida a Ernst & Young, um dos quatro grandes auditores, que nunca foi nosso auditor. Há uma equipa específica. Avançou-se, em primeiro lugar, para uma auditoria forense aos três contratos que motivaram a operação ‘Cartão Vermelho’, os resultados foram apresentados, em termos internos, ao Presidente do Benfica, ao responsável jurídico da Direção do Benfica, aos nossos auditores, à Mazars, aos presidentes do Conselho Fiscal e da Mesa da Assembleia Geral. Tomou-se uma segunda decisão de avançar com a mesma auditoria forense com todos os outros 48 contratos. Esses resultados só vão ser obtidos na sua totalidade no final do ano. É importante explicar porque motivo isto acontece. Uma auditoria forense é um processo extremamente complexo, um processo que envolve coisas simples como a análise de contratos, relativamente simples como sejam movimentos financeiros realizados pelo Benfica, mas depois coisas bastante mais complexas como sejam o diagrama de ligações entre os vários intervenientes numa ou em várias operações. Portanto, isso implica que esta empresa tenha de ter uma capilaridade em termos geográficos muito importante porque terá de analisar entidades que estão sedeadas em Lisboa, outras no Brasil, em África ou na Ásia. É importante que a empresa tenha a capacidade de identificar em cada momento o interveniente A, quais as ligações e os seus beneficiários. Uma empresa não tem a mesma capacidade que uma entidade pública, nomeadamente o Ministério Público. Uma empresa não pode pedir uma carta rogatória para saber quem é o último beneficiário em determinado tipo de países. Mas uma empresa tem a capacidade para ir mais rápido, porque não está dependente de entidades terceiras para fazer o levantamento num qualquer país relativamente à informação que está disponibilizada em termos oficiais. Esse trabalho tem sido feito, é um trabalho em relação a cada contrato que é extremamente complicado, porque envolve estas ligações. Depois há um último aspeto, que tem a ver com a análise informática de toda a correspondência que exista nos nossos servidores. Nesse aspeto também não queremos incumprir a lei. Não posso violar a caixa [de correio eletrónico] de qualquer funcionário do Benfica porque a legislação hoje em dia protege esses indivíduos. Só posso fazer a análise com a autorização dos indivíduos. Quem está no Benfica, todas as pessoas que estavam no Benfica, disponibilizaram as suas caixas de correio de forma completamente transparente. Significa que depois é preciso ir à procura de elementos nas correspondências, mas estamos a falar de uma quantidade infinita de gigabytes [GB]. Não é uma coisa que saia de forma rápida. Fizemos em relação a três contratos, estamos a ver os restantes 48, que envolvem atletas e uma série de agentes, o que fizemos foi identificar lotes. A Ernst & Young faz o seu trabalho e a nós compete-nos colaborar da forma mais proativa possível. Os resultados são apresentados para o lote um, passamos para o dois e teremos nove lotes até ao final do ano. O acompanhamento está a ser feito pelo Presidente do Benfica, pelo departamento jurídico, pelos nossos advogados e pelos nossos auditores. Em qualquer momento que seja identificada uma situação em que a SAD do Benfica tenha sido prejudicada, garantidamente haverá uma atuação em conformidade.”