O Benfica conseguiu entrar com pé direito na 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Ainda que seja um pé tímido, conseguiu vencer sem sofrer golos numa casa perto dos 58 mil adeptos.
Nem tudo foi um mar de rosas neste jogo. Houve jogadores que acusaram a pressão de ver um estádio da luz cheio, outros mais desorientados numa fase inicial e o rigor táctico não foi o melhor no primeiro tempo. Quando todos esperávamos um Benfica intenso tal como vimos nos jogos de pré-temporada, a equipa liderada por Rui Vitória apresentou-se paciente e expectante. Pouco construtiva no miolo fruto do autocarro imposto pelos turcos, procurou sempre as laterais para tentar servir Ferreyra. Mas também não foi fácil.
Notas muito positivas:
Os adeptos! Primeiro jogo oficial não só marcaram presença como estiveram com a equipa. Já tínhamos saudades de ouvir aquela pressão feita ao adversário.
A dupla de centrais é para manter! Não há 30 ou 45 milhões que paguem o jogador que temos ali. Com o mercado a passar os 100 milhões muito facilmente, não podemos vender um central de futuro. A ala esquerda com aqueles dois meninos de metro e meio a renderem, dá gosto de ver. Rafa ali também era jeitoso, mas quando há química no que estão a fazer, muito dificilmente ficam sem o lugar.
Notas a ter em atenção:
Gedson, Vlachodinos. Um é reforço e o outro é da casa. Se o guarda-redes não teve tanto trabalho, foi também fruto de uma boa recuperação de bola. Mostrou-se disponível a ajudar e nota-se que é muito concentrado. Gedson entrou tímido e muito diferente do que nos mostrou na pré-temporada. A segunda parte já foi muito melhor para o miúdo. A ala direita parece finalmente a dar algum resultado. Vemos um André Almeida mais participativo no ataque e nas triangulações com o seu colega da frente.
O que é isto?
O Benfica marca pela diferença, já sabemos disso e é com gosto que vemos determinadas acções que nos enchem de orgulho. Mas Pedro Proença ao intervalo na BTV? Inicialmente ainda pensei que fosse para perguntar se iria responder ao vice presidente do Benfica, só que não. Depois do clube ter marcado posição e bem, em relação ao que se anda a passar fora das 4 linhas, muito por culpa de Pedro Proença, alguém, certamente por iniciativa própria, decide colocar o presidente da Liga na BTV a falar. Até pode ter tido a ideia de querer mostrar que o clube não tem problemas de falar com qualquer pessoa. Que me desculpem, mas Pedro Proença e companhia não são para pessoas para se dar canal. Atacam-nos, acusam-nos, não tomam posição perante os ataques que nos fazem e permitem tudo aos rivais. Como tal, têm de ser tratados da mesma forma que nos tratam a nós e nesse aspecto estou com o vice Varandas Fernandes.
Back to the Game
Vlachodimos: Num jogo com pouco trabalho, sempre que foi chamado a intervir, mostrou-se seguro e sereno. Muito concentrado.
André Almeida: Meio inseguro numa primeira fase mas foi crescendo ao longo do jogo. Inicialmente sentiu-se apertado na expectativa do que o adversário iria fazer do seu lado. Ficou entre a segurança e o risco de subida. Optou bem pelo risco embora tenha perdido algumas bolas. Aquele cabeceamento de costas para a baliza se tivesse entrado…
Rúben Dias: Forte na antecipação aos avançados turcos, não comprometeu, coordenou muitas vezes e até saiu a construir. Este miúdo é para manter.
Jardel: Carraça de Potuk e a Soldado. Nunca deixou que os avançados chegassem ao ultimo terço do campo. Deu segurança a toda a defesa embora se tenha notado alguma fadiga de pré-temporada.
Grimaldo: Sem deixar a defesa desprotegida criou muito perigo lá na frente. Vimos o espanhol ao nível dos seus melhores jogos.
Fejsa: “Lavrou” ao seu estilo aquele meio campo mas não “semeou” tão bem. Faltou-lhe mais definição no seu passe.
Cervi: O golo foi um prémio para um dos jogadores que mais trabalho deu aos turcos. Desequilibrou bastante sem nunca virar as costas às bolas que eram dadas como perdidas. Esteve no lance do penálti que ficou por assinalar a favor do Benfica e no lance de maior perigo com um cruzamento remate (32’).
Gedson: Muito tímido na primeira parte. Nas bancadas chegou-se a pensar que poderia sair ao intervalo, mas Rui Vitória deu-lhe um voto de confiança e melhorou na 2ª parte. Depois do 1º golo ganhou nova chama.
Pizzi: Neste jogo foi um Pizzi de duas caras. Na pré-temporada jogou, fez jogar, mudava o flanco de jogo da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. Fazia alguns passes de golo e até assistiu bastante. Bom, temos ali um jogador com as baterias carregadas, pensamos nós. A primeira parte falhou passes, tentou virar o flanco do jogo e não lhe estava a sair. Tentou o meio por várias vezes e nem sorte no ressalto tinha. Nem os cantos estavam a sair bem. A segunda parte, parece que voltou o Pizzi da pré-temporada. Depois do golo então, deu gosto de o ver a meter bolas para a desmarcação mais vezes, a flanquear o jogo como ninguém, a fazer mais recepções orientadas e até as bolas paradas lhe estava a correr melhor. A pressão é tramada, mas ele tem qualidade.
Salvio: Houve ali um lance ou outro que poderia ter carregado no X(botão para passar a bola na playstation) mas viu-se que só pensava em resolver o jogo. Foi o autor do passe para o golo, testou Demiral e ainda teve ali um lance que, com mais uma pontinha de sorte, hoje estaríamos a falar de um grande golo.
Ferreyra: Pelo que tem feito é jogador que nesta fase pode render mais com outro ponta de lança ao lado. É um avançado que tem golo, que não tenhamos dúvidas quando isso, mas parece que ainda não se adaptou. Não foi uma boa noite para ele, mas melhores vão surgir de certeza.
Castillo: Entrou aos 63’, fez 3 remates onde dois deles foram de costas para a baliza. Não pediu a ninguém para rematar. Chegou, viu e tentou. Algo me diz que vou apreciar o seu jogo de costas para a baliza. O seu físico impôs respeito e surpreendeu na rapidez com que ia às bolas. Aquele lance em que tenta ganhar uma bola no ar, projectando o seu adversário vários metros, não me sai da cabeça.
Zivkovic: Rendeu Sálvio e trouxe-se mais critério ao jogo. Ainda pensei que viesse para o miolo colocando Pizzi na direita, mas parece que essa parte será apenas de ultimo recurso.
Rui Vitória: Mostrou-se muito preocupado com o que estava a acontecer na primeira parte. Os jogadores parece que não entendiam o que o treinador lhe estava a pedir. Não sabemos o que disse ao intervalo, mas o que disse mudou a maneira de jogar da equipa. Percebeu que o golo poderia cair a qualquer momento mas não queria sofrer um golo. Ele que nos habituou a carregar a frente de ataque com pontas de lança, desta vez tirou o Ferreyra e colocou o Castillo. No meu entender preferiu não usar as outras duas substituições no reforço do meio campo correndo o risco de passar a mensagem de que iriam defender o resultado. Não usou a terceira substituição a que tinha direito mas podia tê-la feito.
ARBITRAGEM
Para um jogo das competições europeias, este árbitro foi uma vergonha. Critério muito largo dado aos turcos e permitiu que Demiral perdesse muito tempo nas reposições de bola. Apitou faltas inexistentes para os dois lados e não viu um penalti sobre Cervi. Esperemos que a UEFA tenha visto este fraco desempenho e nos brinde com um arbitro de champions na 2ª mão.