Com o clássico preparado da “melhor maneira”, como referiu Bruno Lage na antevisão ao encontro com o FC Porto, o Benfica parte “confiante” para o duelo da 11.ª jornada da Liga Betclic, agendado para este domingo, 10 de novembro, às 20h45, no Estádio da Luz.
O treinador dos encarnados mostrou-se conhecedor das dinâmicas do rival, que detalhou, e apontou a uma “boa exibição“, num embate no qual “todos anseiam participar”.
Bruno Lage revelou ainda que Bah está disponível para o jogo com os azuis e brancos, que considerou serem um “adversário difícil”. “O mais importante é aquilo que controlamos, que é a nossa preparação”, disse.
Conquistar os três pontos, com o apoio dos adeptos na Catedral, é o desígnio, no regresso a casa após o desafio com o Bayern Munique, para a fase de liga da Liga dos Campeões.
Como está a equipa a recuperar depois de um jogo europeu a meio da semana e que jogo espera amanhã [domingo, 10 de novembro] frente ao FC Porto, na Luz?
A equipa fez o trabalho normal de recuperação e de preparação, por isso sinto-a confiante, a jogar em casa, com um adversário difícil, mas o mais importante é aquilo que controlamos, que é a nossa preparação. Percebemos muito bem o adversário que temos pela frente, realmente é uma equipa com uma boa dinâmica, muitas vezes os alas por dentro, os alas por fora, os laterais também por dentro e por fora, às vezes com saídas a três, com médios pelos corredores… Isso está completamente identificado, agora é sabermos o que temos de fazer no momento defensivo e no momento ofensivo. Preparámos neste dois dias o jogo da melhor maneira, e o mais importante é amanhã [domingo, 10 de novembro] reagirmos à Benfica, perante os nossos adeptos, perante um jogo no qual todos anseiam participar e dar, não uma boa resposta, mas fazer uma boa exibição e uma boa vitória.
Depois da partida em Munique, em que o próprio Bruno Lage disse que as coisas também não saíram como queria, pensa continuar a manter esta aposta nos três centrais em eventuais jogos grandes, como é este com o FC Porto, ou, por outro lado, é um Benfica que vai voltar mais aquela que é a sua imagem?
O jogo de Munique já é passado e não interessa olhar para trás, interessa olhar para a frente. A questão dos três centrais é uma falsa questão, porque aquilo que é mais importante são as dinâmicas que a equipa coloca em campo, independentemente do sistema. Por isso, nós amanhã [domingo, 10 de novembro], o que temos de fazer – e temos de preparar da melhor maneira – é perceber que quando não temos a bola, temos de defender todos, quando temos a bola, temos de atacar todos. Isso é o mais importante.
“Um jogo no qual todos anseiam participar e dar, não uma boa resposta, mas fazer uma boa exibição e uma boa vitória”
Bruno Lage
Vítor Bruno disse que era importante canalizar o que os jogadores do FC Porto estão a sentir. Há um sentimento de raiva e de injustiça relativamente ao jogo da Liga Europa [Lazio], em que sentiram que podiam ter vencido. É possível aproveitar essa raiva do FC Porto para ferir o adversário e se, do seu lado, sentiu no balneário raiva, ou sentimento de injustiça dos seus jogadores, por sentirem que podiam ter ganho em Munique?
Olho mais para a segunda parte, acho que é uma ótima questão. É de olhar para nós próprios. Não me deixa feliz, porque perdemos o jogo, mas olhar para o sentimento dos jogadores, e no final, quando falei com eles imediatamente após o apito do árbitro e quando regressámos ao balneário, falar com os jogadores e sentir isso, sentir que podíamos ter feito mais perante o Bayern Munique. Isso deixa-nos realmente com perspetivas de que amanhã [domingo, 10 de novembro] podemos fazer um grande jogo, é esse o sentimento. Vi nos olhos dos jogadores isso; perante o Bayern Munique, depois do que fizemos na Liga dos Campeões, sentir após o jogo que podíamos ter feito mais, é essa energia que temos de canalizar para o jogo de amanhã [domingo, 10 de novembro]. Olhar para nós próprios, sentir que podemos fazer mais, principalmente no momento ofensivo e é isso que está projetado para amanhã [domingo, 10 de novembro].
Preocupa-o em particular, ou teve algum cuidado até na análise de vídeo e no trabalho de campo, a presença de um jogador como o Samu, fortíssimo o ataque à profundidade, forte nos duelos com os defesas? Houve algum cuidado especial com a forma como vai colocar a defesa em campo, o espaço entre guarda-redes e defesa, até o próprio trabalho de Trubin neste jogo?
Preocupa-me sempre é a forma e o espaço que tenho para ter a bola e para jogar de forma ofensiva, é a forma como trabalho sempre. Olho sempre para o jogo de forma ofensiva. Quando faço uma análise do adversário, vejo quais são os espaços, as oportunidades que vou ter, definir primeiro muito bem a estratégia ofensiva, e depois perceber daquela ideia, em termos ofensivos, a dinâmica do nosso sistema, dos nossos jogadores, como defender determinado adversário. Sobre o FC Porto, já lhe disse, são características muito interessantes, ponta de lança muito forte na área, dinâmicas muito boas, quer dos alas, principalmente o direito; eventualmente, podemos esperar o Pepê a vir dentro e tentar jogar entre linhas, aproveitar aquele espaço à frente dos nossos centrais para criar um quadrado com o médio-ofensivo, ter o Galeno um bocadinho mais aberto. Não apenas olhar para o jogo, é olhar para a dinâmica da equipa. Por vezes, os médios a organizar por fora, por vezes os laterais por dentro, entre linhas. O que mais nos preocupa é o que temos de fazer com bola, e depois perceber como o FC Porto se posiciona e como pressionar.
“Sentir que podemos fazer mais, principalmente no momento ofensivo e é isso que está projetado para amanhã [domingo, 10 de novembro]”
António Simões disse que o Benfica apresentou-se em Munique num tamanho tão pequeno que fere a história do Clube e que, em virtude disso, a equipa não chegava ao clássico com a confiança no máximo. Como encara essas considerações de uma das maiores referências do Clube?
Não queria voltar ao jogo com o Bayern, porque já assumimos a responsabilidade e todos nós ficámos com o sentimento que podíamos ter feito melhor, principalmente no momento ofensivo. Vou contar isto, porque tenho uma relação muito boa com o senhor António Simões. Falamos frequentemente, trocamos muitas mensagens e, por isso, o que tenho a dizer é que respeito muito o senhor António Simões. Sei o que ele representa para o Benfica, aquilo que ele fez quer enquanto jogador nos anos 60, quer enquanto diretor nos finais dos anos 90, princípio de 2000. Por isso, sei muito bem o que o senhor António Simões representa para o Benfica, a mim só me cabe respeitá-lo, ouvir, aceitar, aprender e projetar o futuro, que é o jogo de amanhã [domingo]. É o mais importante. Já vamos na 3.ª ou 4.ª questão e ainda falámos pouco do jogo de amanhã [domingo, 10 de novembro], que é o jogo que nos interessa, falamos de um Benfica-FC Porto e não nestes assuntos paralelos. Vamos falar, sim, dos protagonistas, que são os jogadores e as equipas.
Alexander Bah está recuperado e pode ir a jogo? E queria também que pudesse comentar a notícia de que Beste poderá desejar sair em janeiro. Também há notícias relativamente a Otamendi para o River Plate.
Sobre o Bah, treinou bem, está disponível para o jogo. Segunda, sobre o Beste, sinto o jogador muito focado no Benfica. Perfeitamente adaptado. Se vocês se recordam, na minha primeira ou na segunda intervenção, penso que após o jogo com o Santa Clara, ou com o Estrela Vermelha, houve uma pergunta sobre essa situação. Não tinha sido eu a escolher o plantel, alguns jogadores tinha sido o treinador anterior. Fiz questão de dizer publicamente, e depois de imediato aos jogadores, que não há jogadores do Roger Schmidt nem jogadores do Bruno Lage. Há jogadores do Benfica. Sinto o jogador bem, feliz, completamente integrado, principalmente agora que já chegou o frio. Com boas prestações, quer a começar, quer a sair do banco, com assistências, com golos. Por isso, sinto-o completamente integrado na equipa. Sobre o Nico [Otamendi], se calhar, respondo de outra maneira. Nós sentimos um orgulho enorme quando ouvimos falar, e enumerar alguns, sem dizer todos, o Bernardo Silva, o João Cancelo, o Ederson, o Rúben Dias, ou seja, ‘n’ jogadores que estiveram aqui na formação, alguns trabalharam comigo, representaram a equipa principal do Benfica, e dizem que um dia gostariam de voltar ao Benfica. É uma coisa que temos de aceitar. Um dia, ele há de querer regressar ao país [Argentina], mas nunca vamos saber qual é esse dia. O que é que eu vejo? Vejo-o completamente focado no treino, ainda hoje [sábado, 9 de novembro] se preparou da melhor maneira possível. É um exemplo para os mais jovens, a forma como ele se prepara e treina. Sinto-o focado no Benfica e no jogo de amanhã [domingo, 10 de novembro].
Por aquilo que tem sido a história do Campeonato nesta temporada, e pela desvantagem pontual que o Benfica tem nesta altura, na sua opinião, este jogo tem um caráter decisivo de manter, ou não, a corrida pelo título? É verdade que está um terço do Campeonato completo, mas, olhando para a frente, o Sporting não perdeu nenhum jogo, e o único jogo que o FC Porto também perdeu foi frente precisamente frente a um grande. E há aqui um embate entre os grandes…
Também ter em consideração que, apesar de um terço, ainda nos falta um jogo para realizar [Nacional-Benfica, da 8.ª jornada]. Acho que à 10.ª jornada nenhum jogo é decisivo. É importante, e é esse grau de importância que temos de levar a jogo, e amanhã [10 de novembro] perante os nossos adeptos fazer um grande jogo. É com isso que nos sentimos entusiasmados, de olhar para o jogo de amanhã [domingo, 10 de novembro], jogar bem, criar oportunidades de golo, marcar golos e vencer os três pontos. Isso é que é o mais importante, e o mais importante é aquilo que podemos fazer amanhã [domingo, 10 de novembro].
“Jogar bem, criar oportunidades de golo, marcar golos e vencer os três pontos. Isso é que é o mais importante”
Na jornada passada entrou em campo, em Faro, com 11 pontos de atraso para o Sporting. Agora poderá voltar a acontecer o mesmo. Esse é um fator de stress também para este clássico?
Penso que não, porque vamos olhar só para o jogo e para o que vai acontecer nele. Já aconteceu no passado o Sporting jogar sempre primeiro e nós estarmos completamente focados no jogo. Há várias variáveis em jogo, mas aquilo que eu e a equipa controlamos é o que vamos fazer amanhã [domingo, 10 de novembro]. É nesse foco que nos mantemos, o mais importante para nós é como iremos jogar amanhã [domingo, 10 de novembro].
Pergunto-lhe, se com o que se passou na conferência [de Imprensa] em Munique, a sua imagem ficou fragilizada perante jogadores e os adeptos?
Entendo a vossa questão, mas para mim é um não assunto. Com a minha chegada ao Benfica, quando me foram apresentadas as pessoas da estrutura e quando percebi que o Ricardo continuava como assessor, fiquei feliz, porque vejo um excelente profissional, uma pessoa muito dedicada e pela qual tenho uma relação muito boa. Trabalhei com ele, como trabalhei com o Nuno Farinha no passado. Entretatanto, também já trabalhei com outros assessores em Inglaterra e no Brasil. O que foi mais importante no nosso reencontro foi alinharmos ideias. O Ricardo faz o trabalho de assessor, sabe como é que eu gosto de receber as informações, faz parte do trabalho dele, conhece-me perfeitamente. A partir daí, deixa de ser o trabalho dele e passa a ser a minha voz, a minha cabeça de chegar aqui, falar para vocês, decidir o onze, decidir a estratégia, decidir as substituições. Essa é a minha forma de liderar, não é estar a dizer que sou eu que mando ou não mando, gosto de liderar pelo exemplo, pelo trabalho e pela competência. Não é assunto para nós, o que interessa é falarmos do jogo de amanhã [domingo, 10 de novembro], porque os protagonistas são os jogadores e não o que se passou na conferência.