As eleições do Benfica poderão decorrer sem o recurso ao voto eletrónico e a hipótese de o clube da Luz poder vir a contar com uma segunda volta na eleição dos Órgãos Sociais também deverá cair por terra. De acordo com informações publicadas pelo jornal A BOLA, há já um esboço para a proposta de novos estatutos do Benfica e a discussão do Artigo 64.º, que diz respeito à organização dos atos eleitorais, terá sido uma das mais quentes.
Primeira versão da proposta do Benfica, de 2023
Na primeira versão da proposta de revisão dos estatutos, de julho de 2023, a Direção do Benfica indicava no ponto 3 precisamente a possibilidade de uma segunda volta — «Caso nenhuma lista tenha mais de metade dos votos validamente expressos, haverá uma segunda volta, entre as duas listas mais votadas, para apurar a vencedora, a realizar-se no prazo máximo de 15 dias» —, mas numa segunda versão da proposta, submetida a discussão com a Comissão de Revisão dos Estatutos e o Movimento Servir o Benfica, já não consta. Comissão e Servir o Benfica mantiveram, refira-se, esse ponto nas propostas a discussão.
Proposta alterada
Ao mesmo tempo, poderá haver uma cedência em relação ao voto eletrónico, que o Movimento encabeçado por Francisco Benítez desejava ver desaparecer das eleições para os Órgãos Sociais do clube da Luz.
Antigo candidato à presidência do Benfica deseja ainda que os «sócios falem» e que haja «democracia»
De uma forma geral, diz A BOLA, há convergência das três frentes — até porque Fernando Seara, presidente da Mesa da Assembleia Geral do Benfica, defendeu a tentativa de combinação das propostas — e depois de cedências de todas as partes foram encontradas as condições para a elaboração de um documento final.
Fernando Seara, presidente da Mesa da Assembleia Geral do Benfica, abordou, no podcast Ontem já era tarde, da SIC Notícias, vários temas da vida do clube encarnado
Esse documento, refira-se ainda, estará a ser preparado e deve ser concluído em breve para que possa ser submetido a análise em reunião de Direção do Benfica. Só depois de verificado e analisado favoravelmente pela Direção liderada por Rui Costa a proposta de revisão dos estatutos estará apta a ser apresentada aos associados.
Nas próximas semanas é expectável que a Direção do Benfica analise então o documento que saiu da discussão entre elementos da sua própria Direção, da Comissão de Revisão dos Estatutos (que integra Raquel Vaz Pinto, Varandas Fernandes, Bagão Félix, João Loureiro, Fernando Gomes e João Pinheiro), e ainda do Movimento Servir o Benfica, que esteve envolvido nas eleições de 2021, quando Rui Costa derrotou Francisco Benítez com 84 por cento de votos a favor.
Depois da reunião de Direção, haverá então lugar a uma Assembleia Geral para apreciação, discussão e votação dos novos estatutos do Benfica, na especialidade e na generalidade.
O grupo que discutiu os termos acredita que a proposta será votada favoravelmente pelos sócios, mas serão necessários, de acordo com os estatutos em vigor, 3/4 do número total de votos.
Críticas que vêm de (muito) longe…
O voto eletrónico surgiu nas eleições do Benfica na era Luís Filipe Vieira e nunca agradou aos outros candidatos, quer aqueles que concorreram contra o antigo presidente, quer agora frente a Rui Costa. Em 2020, em confronto com Vieira, Rui Gomes da Silva afirmou que o sistema informático do Benfica era «obsoleto e alvo de comprovadas e sucessivas intrusões por estranhos».
Também Vítor Paneira, antigo jogador do Benfica e mandatário da candidatura de João Noronha Lopes, alertou: «Há indícios de que há pessoas a entrarem no sistema que nem sócios são. Por isso, temos algumas dúvidas.» Por fim, Francisco Benítez, já na era Rui Costa, pediu votação «de papel e caneta», em nome da «transparência». O voto eletrónico pode ter os dias contados, se a revisão estatutária passar.