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Gabriel: "A única vez em que foi empurrado foi pelo Cardozo e no Jamor!"

RECORD – Desde a saída de Jorge Jesus que ficou a ideia de que havia uma questão pessoal consigo…

JOÃO GABRIEL – Nenhuma questão pessoal. Teve sempre o apoio de todos no Benfica enquanto foi nosso treinador, mas não podia esperar uma atitude amorfa e neutra depois de sair da forma que saiu.

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R – Mas acabou contrato e, segundo ele, estava a ser empurrado…

JG – A única vez em que foi empurrado foi pelo Cardozo e no Jamor! Nem sequer ponho em causa a questão legal, isso está a ser tratado pelos advogados, e, portanto, não vou entrar por aí, porque não me meto em áreas que não domino, ao contrário de alguns advogados que têm a mania que são diretores de comunicação e passam os dias a ligar para as redações em nome de certo treinador…

R – Está a falar do advogado de Jesus, Luís Miguel Henrique?

JG – Nem sabia que ele ligava para as redações [risos]. Vou usar uma frase de Octávio Machado: “Vocês sabem de quem é que eu estou a falar.” Lá está, no emaranhado de estruturas de comunicação que o Sporting teve este ano, esta foi mais uma… Mas o importante, e como estava a dizer, é que, independentemente da questão legal, o que define uma pessoa é a sua capacidade de ser reconhecida a quem nos ajudou, e Jesus foi profundamente ingrato em relação a uma pessoa que lhe deu tudo para ele ser o que é hoje…

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R – Luís Filipe Vieira?

JG – Claro! Trouxe-o para o Benfica contra a opinião e a desconfiança de muitos, deu-lhe as condições que nenhum outro treinador na era Vieira tinha tido. Segurou-o na tragédia contra a opinião da esmagadora maioria das pessoas e, depois de tudo isto, não tem a decência de lhe dar conta de que está a falar com o Sporting há muito tempo e que tem um convite para ir para lá? Isto define o caráter de uma pessoa… Mas quer ir a um exemplo deste ano? Quem é que alimentou a novela de Jesus no FC Porto?

R – Houve muitos rumores…

JG – De acordo, mas quem é que os alimentou? Não foi o FC Porto, não foi o Sporting. Quem é que beneficiou desses rumores e aproveitou para melhorar o seu contrato?

R – Está a dizer que foi Jorge Jesus a alimentar os rumores da sua eventual saída para o FC Porto?

JG – Estou a dizer que foi algo que, em pelo menos duas situações, vivemos no Benfica e que o presidente do Sporting pode contar com uma coisa: no final do dia, para Jorge Jesus, o que conta é ele, não é o Sporting ou o seu presidente. Vamos voltar à questão da gratidão: quantas vezes é que Jorge Jesus destacou ou agradeceu o trabalho de Raúl José ou de Quaresma, dois adjuntos que têm responsabilidade no sucesso? Zero! Nunca teve uma palavra pública de agradecimento. Posso estar enganado, mas não ouvi uma palavra de reconhecimento em relação aos jogadores do Sporting, como se eles não tivessem qualquer mérito na época.

R – Faz sentido pôr em tribunal um técnico que deu tanto ao Benfica?

JG – Há sempre duas perspetivas, há quem veja o copo meio cheio, e quem o veja meio vazio. Pessoalmente, acho que, pelos meios que teve, devia ter entregado mais valor ao Benfica. Ficámos com dois títulos de campeão a menos, uma Taça de Portugal, pelo menos uma Liga Europa e uma Supertaça a menos. Quanto à questão da valorização de jogadores, em primeiro lugar, os treinadores estão lá para isso. Depois, se formos sérios, temos de fazer contas ao todo de seis anos. Quem vai ressarcir o Benfica pela saída de um jogador, nesta altura disputado por alguns dos grandes emblemas europeus, e que saiu do clube por valores mínimos? E os casos de Filipe Menezes, Éder Luís, Djavan… e a lista podia continuar dos jogadores que ele pediu para contratar e depois encostou? Na lista do deve e do haver, valorizou muito menos jogadores do que devia. E, já agora: a questão da valorização dos jogadores foi um argumento usado por nós, no ano em que Jesus perdeu tudo, para tentar ganhar alguma margem de conforto à volta de um treinador derrotado. Foi um argumento de comunicação do clube.

R – Não reconhece em Jesus um grande treinador?

JG – Jesus é um bom treinador, isso não é questionável. O problema é que tem deficiências graves que não conseguiu, nem quer corrigir em áreas que interferem diretamente com o seu trabalho e que o impedem de dar o salto que ele acha que pode dar, mas que nunca dará. A questão humana e a questão comunicacional são duas áreas que qualquer treinador moderno tem de dominar, e ele claramente não consegue. Vicente del Bosque, selecionador espanhol, dizia há duas semanas que o futebol castiga quem não é humilde e prepotente. E tem toda a razão!

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