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Helder Nunes: Carta aberta ao senhor Rui Santos

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Caro Rui; aprendi a admira-lo ‘quando éramos ambos jovens e eu devorava ansiosamente a ‘nossa’ ‘a bola’ ( seguramente mais sua do que minha, por conta do senhor seu tio…).
Cresci a ler e a apre(e)nder futebol com autênticos ‘monstros’ do jornalismo desportivo, daqueles que já poucos ‘exemplares’ existem, infelizmente. Deve-se ao seu tio e a outros como Alfredo Farinha ou Homero Serpa numa plêiade imensa de nomes incontornáveis da imprensa escrita a grande vitória no combate ao que se considerava um jornalismo ‘menor’, saloio e para ‘saloios’. Como me deliciei em tempos com o ar incrédulo da minha professora de português ‘quando me perguntou de onde vinha a minha veia criativa, a ortografia sem falhas ou o extenso vocabulário e eu lhe respondi que não sabia de onde vinha, já que os meus pais só tinham a quarta-classe e a minha leitura se resumia ao jornal ‘a bola’. Lembro-me que ela se riu muito de mim. Mas só até eu lhe colocar à frente uma crónica do Homero…

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Bem…mas a que propósito eu trago à colação esses tempos em que era preciso ter espaço para desfolhar esse jornal imenso, em tamanho e qualidade? Porque acabei de ver e ouvir o senhor fazer algo que envergonharia o seu tio e tantos outros que lutaram pela pluralidade de opiniões, mas sempre sem perder de vista a objectividade e a VERDADE DOS FACTOS!
É que os factos não se criam pela mão do mais exímio jornalista, muito menos pela interpretação de cenários sejam eles mais ou menos verossímeis.
Quando o senhor Rui Santos criou a SUA ‘liga da verdade’, na realidade o que criou foi a liga da SUA ‘verdade’.
Digamos que léxicamente se trata de uma pequena diferença, mas que faz toda a diferença. Um exemplo basta para justificar outro ‘título’ que não esse; como assumir como verdade um FACTO criado por um árbitro ( mal ou bem…) e distorcê-lo ao ponto de criar uma outra ‘verdade’ e difundi-la tomando-a por boa e credível? Digo pois que – no mínimo – o senhor criou uma ‘liga da verdade’ moralmente discutível e socialmente perigosa…

A cereja no topo de tão mal amanhado bolo surgiu agora com a sua nova ‘recreação’; nada mais nada menos do que uma nova ‘verdade’, esta relativa a atribuição de pontos por supostos penaltis que, supostamente, seriam convertidos e que, sendo-o, dariam uma nova ordem classificativa. Convenhamos que para uma VERDADE são suposições a mais, não acha sr. Rui Santos? Como sabe o senhor que os penaltis seriam ou não convertidos. E sendo ou não convertidos, quem poderá adivinhar qual seria o rumo do jogo a partir desse momento? E um penalti aos 5 minutos terá o mesmo ‘peso’ decisivo de um outro aos 85 ?
Pois é, caro Rui, parece-me que o senhor, uma vez mais, na ânsia de querer agradar a gregos, mas, sobretudo, a troianos, acabou de atirar mais um valente lenho para a fogueira onde você aos poucos se arrisca a queimar a memória do tal senhor seu pai, que concerteza lhe faria a mesma pergunta q aqui lhe deixo:
– a bem da VERDADE ( da única que se conhece ) havia necessidade???

Com os melhores cumprimentos;

Hélder Nunes
( um adepto e observador crítico de futebol )

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