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Inquéritos que envolvem o FC Porto no congelador do Ministério Público

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Benfica e Sporting estranham que os processos que envolvem o respetivo clube, ou pessoas ou grupos associados aos dois clubes da 2.ª Circular, estejam permanentemente na mira do Ministério
Público (MP) e dos agentes de investigação e que não haja desenvolvimentos (nem qualquer notícia pública sobre os mesmos) nos inquéritos que envolvem o FC Porto ou a sua claque, os Super Dragões.

Fontes dos dois clubes lembram que ultimamente têm sido recorrentes as notícias sobre as iniciativas do MP ou de agentes de polícia de investigação criminal realizadas quer na Luz quer em Alvalade sobre alegadas denúncias anónimas apresentadas contra Benfica e Sporting e nada sobre os processos que estão em curso há meses e que envolvem os Dragões.

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Ainda no início da semana houve um exemplo de como o MP não deixa cair em esquecimento alguns processo: na segunda feira, nove pessoas foram detidas no âmbito da investigação às agressões a jogadores e equipa técnica do Sporting na academia de Alcochete, no passado mês de maio. Membros da claque do clube de Alvalade, Juventude Leonina, são suspeitos de estarem envolvidos na
invasão das instalações e nas agressões aos atletas. Este processo parece estar a avançar de forma célere, ao contrário de outro em muitas coisas semelhante: em janeiro de 2017, alguns
elementos alegadamente pertencentes à claque do FC Porto, Super Dragões, invadiram o centro de treinos dos árbitros, na Maia, e ameaçaram vários juízes, entre eles Artur Soares
Dias, nomeado para, naquela jornada, apitar o Paços de Ferreira- FC Porto.

O i questionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Federação Portuguesa de Futebol(FPF) sobre inquéritos que tenham sido abertos na altura e as investigações realizadas com o caso da invasão do centro de treinos da Maia, mas, até ao fecho desta edição, não obteve resposta.

Este não é o único caso em que os processos relacionados com os ‘dragões’ aparentam estar ‘congelados’: algumas investigações arrastam-se há meses. É o caso do processo contra Luís
Gonçalves, diretor geral do FC Porto, que estava a ser investigado por suspeitas de corrupção. Na altura, o Ministério Público (MP) pediu à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) documentos
relacionados com a partida entre o SC Braga disputada a 15 de abril de 2016. Em causa estarão a nomeação dos árbitros dessa jornada, o mapa de castigos dessa jornada e o relatório
do árbitro Hugo Miguel sobre as ameaças feitas por Luís Gonçalves ao quarto árbitro, Tiago Antunes. “Nós sabíamos o que vinhas tu para aqui fazer, nós vamos conversar mais tarde… A
tua carreira vai ser curta”, terá dito o diretor geral dos ‘dragões’. Outra das investigações está relacionada com as suspeitas de ameaças e pressões a árbitros.

Como o semanário SOL noticiou em dezembro de 2017, tanto Pinto da Costa como o antigo presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, estavam a ser investigados por suspeitas de envolvimento neste tipo de crimes. Em causa estava uma denúncia anónima que descrevia movimentações dos dirigentes dos ‘dragões’ e dos ‘leões’ para tentarem condicionar a greve dos árbitros aos jogos da Taça da
Liga.

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“Na denúncia anónima que deu entrada no Ministério Público é referido que o clima de medo e de ameaças aos árbitros se tem intensificado e que além da invasão do centro de treinos da Maia
e das mensagens mostradas pelo presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, no Parlamento, existem outras situações que até hoje nunca foram conhecidas”, noticiou
o SOL na altura.

Também no ano passado, o MP abriu uma investigação a um dos casos que mais tinta fez correr na imprensa: o caso dos e-mails. Em causa estava a divulgação, por parte do FC Porto, de correspondência eletrónica do Benfica que, alegadamente, comprovava a existência de um esquema realizado por responsáveis do clube da Luz para subornar árbitros. Em outubro, foi aberto um inquérito para apurar se a correspondência tinha sido obtida por meio de pirataria informática e e se a forma como tinham sido divulgados também constituía um crime. “Confirma-se que corre
termos no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa um inquérito, em que é queixoso o Sport Lisboa e Benfica, e que tem como objeto a investigação de factos, em abstrato, suscetíveis de integrarem os crimes de acesso ilegítimo, violação de correspondência e ofensa a Pessoa Coletiva”, disse na altura a PGR ao Jornal de Notícias (JN). Ao i, a PGR não esclareceu em que fase se encontra esta investigação. Entretanto, o Tribunal da Relação do Porto impediu os portistas de divulgarem mais e-mails do Benfica, o que levou o FC Porto a recorrer para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

“O FC Porto vai recorrer no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem por perceber que há princípios que são postos em causa. Saber de um tipo de prática e não poder mostrar à sociedade é, no meu entender, ser cúmplice dessas mesmas práticas”, disse em fevereiro Francisco J. Marques, diretor de comunicação dos ‘azuis e brancos’, ao JN.

Mas o caso ligado ao FC Porto que mais deu que falar este ano foi o ‘Estorilgate’. Em causa está o jogo frente ao Estoril, que teve início a 15 de janeiro e o fim a 21 do mês seguinte, depois
de ter sido interrompido ao intervalo por questões de segurança, devido ao risco de desabamento de uma parte da bancada do Estádio António Coimbra da Mota. No final da primeira parte, os ‘dragões’ estavam a perder por 1-0, mas a verdade é que o FC Porto acabou por vencer por 3-1. O que despertou a atenção das autoridades foi a transferência de 730 mil euros dos ‘azuis e brancos’ para os ‘canários’ entre as duas partes do jogo. Na altura, o FC Porto justificou a transação como sendo o pagamento da última tranche de dívidas referentes à transferência de Carlos Eduardo (exEstoril) do FC Porto para o Al Hilal, em 2015, e à contratação de Licá em 2013. O i questionou a PGR e a FPF sobre as várias investigações que envolvem o clube liderado por Jorge Nuno Pinto da Costa, mas, até ao fecho desta edição, não obteve resposta.

Os processos do FC Porto aparentam estar estagnados, contrariamente ao que acontece com os que envolvem os seus rivais. Em maio, por exemplo, a SIC revelou que seis jogos de futebol do Sporting estão sob investigação, além das suspeitas de corrupção relacionadas com o andebol do clube de Alvalade. Este caso, conhecido como ‘Cashball’, levou à realização de várias buscas e, segundo o Correio da Manhã, a Polícia Judiciária apreendeu 60 mil euros que serviriam para, alegadamente, pagar a árbitros e subornar jogadores. Também o Benfica continua a ser alvo de várias investigações: nos últimos tempos, a que mais deu que falar foi o caso ‘E-Toupeira’, na qual o assessor jurídico do clube, Paulo Gonçalves, subornava funcionários judiciais para ter acesso a informações de processos que envolviam os clubes rivais.

Já no mês passado, o Estádio da Luz voltou a ser alvo de buscas. Em comunicado, a Procuradoria Geral Distrital do Porto explicou que em causa estariam suspeitas de crimes “de corrupção ativa e
passiva, tráfico de influência e oferta ou recebimento indevido de vantagem”. Recorde-se que, na mesma altura, as autoridades também realizaram buscas nas instalações do Vitória de Setúbal, do
Desportivo das Aves e do Paços de Ferreira.

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