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Luís Bernardo: "Se as decisões dos lances são favoráveis a FC Porto e Sporting, certo; se são ao Benfica é fraude"

RECORD – Lidera a comunicação do Benfica há um ano. O que foi feito entretanto e o que falta ainda fazer?

LUÍS BERNARDO – O Benfica atravessa uma das fases mais fortes da história a nível desportivo, com o tetra, e está em plena afirmação de um projeto consistente de futuro. Esta época ganhámos logo o primeiro título em disputa, a Supertaça. Foi neste contexto que entrámos numa fase de reforço da estrutura de comunicação com a contratação de novos quadros para dar resposta ao salto qualitativo que pretendemos e que passa por uma grande aposta na comunicação digital, na articulação entre diferentes meios, a BTV e a futura Rádio Benfica, tendo como principal eixo central de redistribuição de conteúdos o novo site e as redes sociais, que são um instrumento chave na política de comunicação e de marketing de qualquer marca que se queira global e que se esteja a expandir para novos mercados.

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R – A pressão mediática que veio encontrar no Benfica corresponde ao que imaginava?

LB – Sabia que o Benfica é uma marca global com dimensão extremamente forte. Não há outro igual em Portugal e há poucos no Mundo com esta capacidade.

R – Há um clima de conflito comunicacional entre os maiores clubes portugueses. Até que ponto este ambiente de guerrilha é suportável?

LB – Não sejamos redutores. Não é meramente comunicacional, é mais vasto. Veja-se a notícia da vandalização da casa do árbitro Vasco Santos, objeto de uma campanha concertada durante as duas últimas semanas com constantes insinuações e acusações de FC Porto e Sporting. Não satisfeitos com isso, depois de, de forma fingida, terem metido cá fora um comunicado a condenar tais atos, voltaram às insinuações e intimidação sobre a equipa de arbitragem do jogo do Benfica. Insinuações que chegam ao ridículo de considerarem condenável o vídeo-árbitro ter visto tão bem o lance do golo bem anulado ao Portimonense e o FC Porto manipular a imagem. É insustentável. Sejamos claros, os principais responsáveis por esta ação concertada de calúnias, insinuações e coação sobre os árbitros são Bruno de Carvalho e Pinto da Costa. A comunicação é resultado do processo de decisão definido e é um dos pilares dessa estratégia. Veja-se a forma doentia como analisam o vídeo-árbitro. Se as decisões dos lances são favoráveis a FC Porto e Sporting, certo; se são ao Benfica, mesmo sendo claro para todas as pessoas, é fraude. Isto é desonestidade intelectual pura que fomenta o ódio. Com coragem, as entidades responsáveis têm de acabar com esta campanha.

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R – Refere-se a quem?

LB – Aos responsáveis das principais instituições que superintendem o futebol português. O Benfica tem pautado a conduta por uma grande moderação, mas está atento aos outros comportamentos. A crise desportiva e financeira que os nossos rivais atravessam levou-os a adotar esta estratégia de tudo ou nada, de política de terra queimada. O presidente da Liga – importa realçar a Liga – tem de assumir uma posição firme e a verdade é que tem estado ausente, fugindo de assumir as responsabilidades. Os clubes têm de estar preocupados. O eventual afastamento de parceiros e patrocínios, o que, por este andar, acontecerá, terá consequências graves. Pedro Proença chegou ao lugar apoiado por FC Porto e Sporting e talvez por isso se sinta de mãos atadas. Para tudo há um limite e talvez tenha chegado o momento de dizer “chega”.

R – Em que matérias o Benfica reclama prioritariamente a intervenção de Pedro Proença?

LB – Ainda na época passada quiseram manchar a Liga chamando-lhe ‘Liga Salazar’. É a reputação da Liga que está em causa. É a marca que fica comprometida. O principal responsável pela Liga não pode ficar calado perante isto. Tem de responder exatamente e de forma muito concreta a este tipo de insinuação. Não pode fingir que não ouve ou que é um mero assunto de comunicação. Não é. Parte de uma estratégia que vem do topo, tem de chamar os presidentes e acabar com este clima. É insuportável. Ligamos a televisão à noite, em qualquer canal, e parece uma guerra.

R – Nessa guerra ninguém fica de fora…

LB – Quando cheguei ao Benfica contaram-me muitas histórias. Fiquei impressionado. Dirigentes disseram-me que recebiam ameaças permanentes em cada deslocação ao Porto. Acha isto normal?

R – Ameaças de quem?

LB – Dos mesmos de sempre. O FC Porto foi em grande parte construído num submundo feito de ameaças e pressões que continuam. Há ameaças neste momento a árbitros e dirigentes desportivos, é inconcebível. O episódio da invasão do centro de treinos não pode ser permitido. Até hoje, nada se sabe sobre o que aconteceu. Consequências? Nada. O futebol português não pode ser isto. Presidente e outros responsáveis do FC Porto a ameaçar árbitros, como aconteceu na época passada, é inaceitável. No final do Benfica-FC Porto ameaçaram até jornalistas. Onde julgam que estão? Quem permite isto? As insinuações que se fazem, tentando criar ligações entre árbitros e o Benfica, servem para desviar as atenções disto.

R – Imaginemos que Pedro Proença não intervém no sentido que o Benfica reclama…

LB – (interrompe) Pedro Proença tem de assumir o cargo para o qual foi eleito. Tem mesmo porque este ambiente é insustentável! Veja a questão dos castigos. É inadmissível o que se passa. Há castigos mas ninguém os respeita. A forma como desrespeitam as próprias instituições e os principais responsáveis, visando inclusivamente a responsável pela CI da Liga ou o líder do CD da FPF, é inaceitável. Por vezes, também não concordamos com algumas decisões, mas reclamamos nos locais próprios e defendemos aí a nossa posição. Já os outros, mesmo sob castigo, repetem as insinuações que motivaram os castigos e ameaçam sempre com um sentimento de impunidade que deve envergonhar o futebol português, que tinha tudo para estar bem mas que, infelizmente – por questões que têm a ver com a permanência de determinados poderes em determinados clubes –, está neste turbilhão. Portugal é campeão da Europa, tem o melhor jogador do Mundo, alguns dos melhores treinadores do Mundo, um dos melhores empresários do Mundo e fez das maiores vendas no mercado. É pena que a clubite prejudique tanto a afirmação do bom trabalho que tantos profissionais deste sector todos os dias executam.

R – De que forma é que o Benfica olha para a aproximação entre FC Porto e Sporting?

LB – É incompreensível. Uma aliança negativa nunca pode ser boa. Assumem quase como prioridade que, antes de serem campeões, o importante é que o Benfica seja vencido. Lembra-se do empate na Luz com o FC Porto? De como foi festejado no final? As contas deles eram fáceis: íamos a Alvalade, perdíamos e eles passavam para a frente. Não aconteceu. Internamente, comentávamos, apesar da total confiança no tetra, que, se o FC Porto fosse campeão, uma delegação do Sporting ainda seria vista nos Aliados a festejar.

R – Em relação ao FC Porto…

LB – (interrompe) Ainda sobre o Sporting, como se explica o forcing que fizeram para que o Eliseu fosse castigado? Podemos entender que isso obedece a uma estratégia de um clube que luta connosco pelo mesmo objetivo. Mas como interpretar que, depois, não façam o mesmo em relação a Brahimi? É compreensível? Não são três concorrentes ao título? Sejamos claros: não é a defesa dos interesses de FC Porto e Sporting que estão em causa. É a defesa de duas lideranças fragilizadas, apesar de os seus presidentes até terem sido eleitos com grandes percentagens. Estão demasiado fragilizados pela ausência de resultados desportivos. É uma realidade inquestionável. Em relação à aliança, salta à vista que é pouco equilibrada…

R – Pinto da Costa tem menor intervenção pública do que tinha num passado recente…

LB – Pinto da Costa tem-se andado a esconder muito nos últimos anos. O FC Porto vive diversos problemas, como se sabe. Está há três meses em incumprimento financeiro segundo o controlo da UEFA e, até hoje, sobre isso, silêncio absoluto. Há ex-treinadores e ex-jogadores que denunciam salários em atraso e, até hoje, também silêncio absoluto. O FC Porto não encontra paralelo de tanto investir e estar quatro anos sem títulos. Estando neste beco sem saída, não bastava responsabilizar só os treinadores e alguém decidiu recuperar práticas do tempo do Apito Dourado – agora usando as novas tecnologias – para tentar denegrir a imagem do clube que está melhor preparado, o Benfica. Perceberão depressa que escolheram um mau caminho…

R – Refere-se aos processos?

LB – Refiro que desta vez Pinto da Costa terá mesmo de responder em tribunal, ele e os restantes administradores do FC Porto, pelos diversos crimes cometidos nos últimos meses. Terá de explicar porque é que se gaba de ter tido acesso a informação interna de outro clube e por que razão a divulga da forma que se tem visto. Terá de provar as acusações que faz. Terá de provar que o Benfica tem ligações a árbitros, insinuando aquilo que ficou demonstrado – isso sim – no tempo do Apito Dourado. Alguns desses administradores estão em empresas com responsabilidades e sabem perfeitamente o que se pode e não pode fazer no sector empresarial. A justiça vai falar e pode ter a certeza que este circo vai acabar.

R – Em que fase se encontram os processos que o Benfica anunciou?

LB – Já estão entregues. São queixas diversas, mas a seu tempo a equipa de advogados do Benfica irá tornar públicas as especificações sobre eles. No momento adequado, e com a devida discrição, será feito. Em tribunal o FC Porto terá a oportunidade de provar o que tem dito e insinuado. Olhe, na nossa estrutura não há nenhum ex-árbitro ou alguém que tenha estado ligado à arbitragem. O Sporting, por exemplo, tem agora um assessor técnico, Hernâni Fernandes, que foi até há pouco tempo um quadro assistente da FPF na qualidade de ex-árbitro. Vale a pena perguntar que trabalho esse senhor desenvolve para aparecer até nas fichas de jogo. Em relação ao FC Porto, basta lembrar António Garrido.

“As nossas terças-feiras vão ser em tribunal”

R – Acredita que as terças-feiras do Porto Canal vão manter a atual linha?

LB – É indiferente, as nossas serão em tribunal. Terão de assumir responsabilidade pelos graves prejuízos que procuraram criar sobre a imagem do Benfica, tetra com mérito reconhecido pelos adversários, inclusive os rivais. Em 4 anos foi o grande com menos penáltis e que beneficiou de menos expulsões do adversário. Os factos desmentem a cortina de fumo que querem criar.

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