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News Benfica: Golpada da vergonha

Na última quarta-feira tivemos a decisão da UEFA de organizar a fase final da Liga dos Campeões em Lisboa, numa manifestação clara e inequívoca de confiança e segurança à forma como Portugal e os portugueses têm sabido lidar com a pandemia e as consequências desta.

Nesse mesmo dia, em flagrante contraste, foi revelado mais um episódio demonstrativo da aviltante promiscuidade entre política e futebol com o objetivo de preparar uma golpada que levasse ao adiamento do FCP-Boavista, invocando falta de condições de segurança, para um jogo calendarizado no dia 22 de maio, em que todas as entidades presentes nessas reuniões aprovaram a realização desse jogo e quando se sabe que os festejos de Santo António e São João não se poderiam realizar como tradicionalmente.

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Importa realçar e recordar que as próprias forças de segurança presentes nessas reuniões aprovaram a realização desse jogo.

Os protagonistas deste lamentável episódio, que não se coíbem de querer assumir que só no Porto não existem condições de segurança, foram precisamente o presidente da Câmara Municipal do Porto, também vice-presidente do Conselho Superior do FC Porto, e o presidente da Câmara Municipal de Gaia, igualmente membro desse órgão do FC Porto e que, recorde-se, em 2016, pretendeu integrar a administração da SAD portista, passando pelo vexame de lhe ter sido negada essa pretensão devido a um parecer negativo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.

Estes dois autarcas, e o mesmo será dizer, membros dos órgãos sociais do FC Porto, pretenderam interferir na calendarização e na verdade desportiva, criando um facto que no limite poderá colocar em causa a continuidade das competições, ao querer determinar que afinal as autoridades policiais, pelo menos no Porto, não conseguem garantir as condições de segurança invocando eventualmente falta de efetivos.

Tudo isto é de enorme gravidade, contraria a própria realidade que o país viu reconhecida pelas exigentes instâncias internacionais e interfere no esforço que todos sem exceção vínhamos a fazer.

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Enquanto a UEFA reconhece o bom senso, responsabilidade e forma consciente como os portugueses têm sabido lidar com a pandemia, os munícipes de Porto e Gaia, que naturalmente mereceriam igual consideração e respeito, tiveram aqui ao invés um sinal de desconfiança dos seus autarcas acerca do sentido de responsabilidade das suas populações.

Reconheçamos, no entanto, que ninguém se poderá afirmar surpreendido com esta situação, pois ninguém percebe onde começam e acabam as responsabilidades públicas e os papéis de adeptos dirigentes dos seus clubes.

Por outro lado, enquanto em todo o país se proclama a capacidade de organização e segurança para todos os jogos que se estão a realizar e inclusive para a fase final da Champions, apenas no Porto não existe essa segurança?

Não será incompreensível que os seus responsáveis políticos sejam os primeiros a admitir que o Estado de direito não tem capacidade para manter a ordem pública?

E isso é que é o mais preocupante, neste episódio.

Afinal, quem não quer jogar?

E, afinal, quem quer à última hora mexer no calendário das competições, numa espécie de vale tudo?

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