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O Bode Expiatório para safar a mentalidade do pontinho

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A Federação Portuguesa de Futebol quis fintar a crise de resultados – e as exibições para lá de deprimentes da seleção nacional – criando um bode expiatório e crucificando um jogador para encobrir a sua incompetência. Para isso arranjou o aliado perfeito, a Cofina, que se encontra numa cruzada vergonhosa e doentia contra o SL Benfica.

O junta letras Luís Avelãs, que geralmente se dedica a escrever crónicas sobre basquetebol, foi o contemplado para transcrever a encomenda: «Rafa, do Benfica, está a gerar preocupação no seio da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) devido à sua ‘personalidade complicada’ e à falta de empenho com a Seleção Nacional».
É o cúmulo do absurdo e da falta de vergonha!

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O capitão Ronaldo atira a braçadeira para o chão, refila com os colegas quando não lhe passam a bola e manda vir com o seu treinador, mas não causa incomodo nenhum no seio da Federação. O Rafa causa, devido à sua “personalidade complicada”.

O Matheus Nunes, o Gonçalo Inácio e o Pote, quando sofreram microlesões para estarem disponíveis e em perfeitas condições para disputar o clássico frente ao FC Porto, não geraram desconforto na seleção. O mesmo em relação ao Pepe, quando falhou jogos por lesões contraídas na véspera e se curou antes do primeiro jogo do clube pós-seleção. Milagres da medicina tradicional chinesa, seguramente. O Rafa, que já vai à seleção desde o Mundial de 2014 e até já sofreu uma rotura muscular na coxa esquerda num jogo frente aos Camarões, que o obrigou a uma recuperação de 6 semanas, teve de esperar até 2021 para saber que, afinal, gera desconforto na seleção.

O Domingos Duarte e o Raphael Guerreiro foram dispensados dos trabalhos devido a problemas físicos e o Trincão por ter contraído a Covid-19, mas nenhum destes motivou preocupação no seio da FPF. O Rafa motivou, é uma tragédia ter falhado os jogos com Luxemburgo e Catar devido a uma gonalgia [dor no joelho] direita. Se ele tivesse jogado com dores tínhamos ganho de certeza.

No Benfica, o Rafa está a realizar a sua melhor época de sempre, com 8 golos e 4 assistências divididos entre campeonato e Liga dos Campeões. É, muito provavelmente, o melhor jogador da Liga até ao momento. Para os jogos de qualificação para o Mundial 2022 foi convocado cinco vezes, mas jogou apenas três, contabilizando 93 minutos no total. Claro que a culpa da crise na Seleção é do Rafa, do Fernando Santos é que não será certamente.
Se o Rafa tivesse compromisso, a seleção já andaria pelo Catar. Mas não tem. Basta lembrar que a única vitória de Portugal no Euro 2020 foi frente à Hungria, em que aos 70′ o jogo estava empatado a zero, entra Rafa e em 10′ faz 2 assistências e sofre 1 penálti: 3-0 para Portugal. Claramente um jogador sem compromisso.

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Esta estratégia de comunicação da Federação serve para escamotear o cartão vermelho que o Pepe recebeu em Dublin e que prejudicou, de forma clara e inequívoca, a seleção nestes dois jogos. Serve também para posicionar o Octávio como opção e para tentar ilibar o selecionador de culpas. Se estivermos errados, que Fernando Gomes tome uma posição pública e venha a terreiro defender o jogador. Se não o fizer, e não desmentir categoricamente esta notícia, ficará claro que se trata de uma encomenda sua.

Em relação a Luís Avelãs, podia ter pegado por onde quisesse para proteger esta Federação e limpar a imagem do selecionador e a sua mentalidade do pontinho, mas optou por encontrar um bode expiatório do Benfica para o desastre da seleção. Não era fácil, mas conseguiu. Mesmo não tendo havido nenhum jogador do Benfica convocado. Parabéns Record.

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