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Opinião do adepto : O PRINCIPEZINHO, por José Marinho

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Antes que os semideuses da internet e do benfiquismo consigam transformar as minhas opiniões num manifesto anti-Bernardo Silva, é melhor clarificar algumas coisas em relação ao prodigioso atleta da formação do Benfica. E começo bem, ao chamar-lhe prodigioso.
Desde o primeiro dia em que o vi jogar, muito antes de alguns desses semideuses desconfiarem sequer da sua existência no Seixal, me vi envolvido por um desejo quase irresponsável de o imaginar com a camisola da equipa principal vestida. Não uma vez, não por apenas dez minutos, como aconteceu simbolicamente no Dragão e como quem cumpre uma obrigação, mas por vários anos e festejando ao lado dos seus ( aqui os “seus” podem ser os companheiros como os adeptos ), os vários títulos a que grandes talentos como o Bernardo Silva conseguem influenciar a conquista.

Depois de Rui Costa, e vá lá, Manuel Fernandes, Bernardo Silva é o maior talento da formação do Benfica. Porém, a razão pela qual suspirei pela sua promoção futura não tem a ver com o facto de ser da formação, benfiquista e bom rapaz. Tem, sobretudo, a ver com o seu talento. Depois de Ronaldo, não há, em todo o Mundo, um jogador cem por cento português com tanto talento como Bernardo Silva. Se hoje os adeptos do Sporting enchem o peito de orgulho por um jogador que dá mundialmente a conhecer a formação do clube, imaginem como será, daqui a poucos anos, o sorriso que jamais sairá das nossas bocas, sempre que o Bernardo dobrar os seus limites. São as chamadas bocas do inferno…da Luz.

Portanto, estamos conversados em relação ao que todos pensamos sobre as qualidades técnicas do Bernardo e o que esperamos que venha a ser a relação futura entre o jovem craque e o clube que o formou. A partir daqui, todo o meu pensamento é diferente da ala mais radical daquilo a que eu chamo de claque do Sport Lisboa e Facebook, uma espécie de clube dentro do próprio clube. Esta malta aproveita agora o Bernardo Silva como aproveita qualquer coisa para deitar abaixo o treinador do Benfica. No dia em que Vieira se lembrar de uma nova modalidade para o clube, pode apostar no “Bota-Abaixo” e começar a cobrar pela sua prática. Há grandes profissionais que se especializaram nisso nos últimos anos. Se for para criticar Jesus, então, a seguir ao futebol, será a modalidade com mais adeptos nas bancadas. Mesmo que sejam tecnológicas.

Portanto, Bernardo Silva, sem culpa nenhuma nisso, transformou-se rapidamente numa arma de arremesso contra Jesus. Pois bem, a minha opinião é a seguinte. O Bernardo Silva foi emprestado ao Mónaco, porque Jesus não lhe garantiu oportunidades de crescimento imediato no plantel principal. Terá as suas razões e, quero crer, terá um plano para Bernardo. Na forma como idealizo que um grande clube como o Benfica funcione, é assim que as coisas se passam. O clube tem um grande talento, esse talento ainda não está pronto para a equipa principal, é emprestado até que possa regressar em plenas condições de, finalmente, acrescentar todo o valor que lhe reconhecem.

Não é agora que Jesus deve ser criticado. Todos percebem que Bernardo Silva teria, este ano, as mesmas dificuldades de imposição na equipa principal. Preferível rodar, evoluir, crescer e…voltar. É aqui que o argumento dos críticos de Jesus ganha mais densidade. Mas o Bernardo já não volta. Isto é dito e escrito com a mesma convicção com que se garantia que Gaitán e Enzo já estavam vendidos e esta temporada seria o verdadeiro apocalipse – se calhar, algum dia há-de ser .

Mas, considerando a possibilidade de acertarem desta vez e o Bernardo não voltar, então, sim, Jesus deverá ser criticado. E também a direcção. Jesus, porque não criou condições técnicas para que a direcção resistisse à tentação de deixar sair precocemente um dos maiores talentos da história recente da formação do Benfica e a direcção do Benfica porque não foi capaz de impor ao treinador a presença de um jogador que manifestamente tem mais talento do que alguns futebolistas do actual plantel.

Mas o facto de ter mais talento, nesta altura, não significa que pudesse ser tão valioso à equipa e por isso o empréstimo de Bernardo Silva, desde que esteja assegurado o seu regresso, é uma decisão onde se pode reconhecer clareza, estratégia e esperança.
Mas apenas no caso de se cumprir essa premissa do regresso. Para que Jesus, enfim, possa terminar o trabalho de formação de Bernardo, fazendo com ele o mesmo que fez com Markovic, Di Maria, Ramires e outros, e ajudando a que jovem prodígio benfiquista se torne na próxima mina de ouro que Vieira explorará financeiramente. Isto é o que está na minha cabeça quando me oponho às críticas a Jesus e à direcção do Benfica relativamente ao empréstimo de Bernardo Silva. Não é uma desconfiança técnica em relação a um jogador de uma qualidade sumptuosa, mas sim o oportunismo e a cegueira das críticas. Mais uma vez, não se dá tempo ao tempo. Principalmente porque se não há certezas em relação ao seu regresso, também não há certezas em relação à sua saída. E isso devia ser suficiente para esses semideuses do benfiquismo perceberem que o Bernardo Silva é muito mais do que uma arma de arremesso contra Jesus e sobretudo merece muito mais consideração do que aquela que lhe é reconhecida por aqueles que apenas aproveitam o seu talento para criticar tudo e todos no Benfica.

Texto escrito por: José Marinho

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