O presidente do Sport Lisboa e Benfica, Rui Costa, falou aos sócios e adeptos do clube na cerimónia de entrega dos emblemas de dedicação de 25, 50 e 75 anos de associativismo.
Na mensagem o presidente admitiu que a época não está a correr bem como se desejava, pediu tempo para colocar o Benfica na rota do sucesso, atacou quem tem atacado o Benfica e ainda deixou uma mensagem à Ucrânia.
Discurso na integra:
Caros membros de direção e dos órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica,
Caros antigos jogadores, que honraram a nossa camisola e que hoje nos enobrecem com a sua presença,
Caros associados, que hoje recebem as mais relevantes distinções pela sua ligação ao clube,
Caras e caros Benfiquistas,
Nesta cerimónia de entrega dos emblemas de dedicação quero em primeiro lugar expressar-vos o enorme orgulho que sinto em estar entre vós e viver, enquanto presidente do nosso Sport Lisboa e Benfica, este dia tão especial de enorme Benfiquismo.
Parabéns a todos os que hoje, a dois dias de completarmos 118 anos de uma história gloriosa, recebem a sua distinção por apaixonada e vibrante dedicação ao clube ao longo de 25, 50 e 75 anos. Uma salva de palmas para todos vós.
São momentos como este que nos testemunham a vitalidade e a grandeza do nosso querido clube, e que tanto nos enchem de vaidade.
Mas são também momentos como este, que aqui celebramos, aqueles que pela sua expressão de Benfiquismo nos convocam para o imenso sentido de missão e de enorme responsabilidade que representa liderar o Sport Lisboa e Benfica.
Caros Consócios, sou o primeiro a assumir a responsabilidade de não estarmos onde gostaríamos de estar.
Porque a exigência mínima no Benfica é vencer, gostaria que hoje, pudéssemos viver este momento em circunstâncias desportivas diferentes. Mas sou também o primeiro a reconhecer que esta época está aquém daquilo que ambicionámos.
Percebo a vossa frustração porque ela não é diferente da minha. Antes de ser presidente, diretor ou jogador profissional, já vivia o nosso clube da mesma forma que vocês vivem: com intensidade, amor e uma vontade enorme de vencer sempre. Porque são esses os sentimentos que o Benfica desperta em nós.
Estive desde o início consciente de que esta temporada representaria um desafio enorme. Tudo apontava para aí. Aquilo por que passámos, e continuamos a passar, não antecipava tempos fáceis. E a realidade veio a prová-lo.
Passados vinte anos, o Benfica mudou de liderança. E naturalmente, essa mudança traz consigo a necessidade de algo que num clube como o nosso nem sempre é fácil se pedir e de se ter: TEMPO.
Tempo para reorganizar o clube à imagem da nova liderança, tempo para implementar ideias diferentes, tempo para alcançar a estabilidade que ambicionamos.
E é natural que assim aconteça. Seja no Benfica, seja em qualquer outra grande organização que passe por um processo semelhante.
Este foi um ano atípico. Um ano em que atravessámos profundas mudanças internas mas, também, fomos alvo de grandes interferências externas.
Caros Consócios, temos assistido ao longo das últimas semanas a uma erosão sem precedentes da reputação e da honra do Sport Lisboa e Benfica.
Mas quero deixar aqui muito claro perante todos: o que o Benfica conquistou, conquistou por mérito próprio. O Benfica quando ganhou, ganhou sempre porque foi melhor. Que não reste qualquer dúvida.
É com estranheza e sentida revolta que assistimos a uma asfixia mediática do Sport Lisboa e Benfica, numa depreciação sem paralelo da reputação do maior clube e da maior instituição desportiva em Portugal.
Estamos há seis anos a ser enredados numa devassa pública do Sport Lisboa e Benfica, seja por emails que nos foram roubados, seja por escutas telefónicas onde, em muitos casos, não se afigura qualquer relevância criminal.
Deparamos, com justificada indignação, com uma sistemática violação do segredo de justiça, com prejuízo grave para a imagem e a credibilidade do Sport Lisboa e Benfica.
Os tempos que atravessamos, mais do que nunca, são por isso de união e confiança. Convoco aqui as sábias palavras do nosso antigo presidente Maurício Vieira de Brito: “Quanto mais querem atingir o Benfica, mais honradamente benfiquista me sinto”.
Nunca como nos dias de hoje a nossa união, a nossa coesão, uma intransigente defesa dos superiores interesses do Sport Lisboa Benfica foi tão premente e tão decisiva.
União no apoio às nossas equipas e aos nossos atletas, em cada jogo, em cada campo, em cada pavilhão, espelhando o orgulho e a honra de ser benfiquista.
Coesão na defesa da nossa história, do nosso legado, da nossa grandeza, que se confunde com o nome de Portugal.
Estes são igualmente tempos desafiantes, de transformação e mudança para o futuro que pretendemos construir e sedimentar com vitórias e títulos.
Mudança que já começámos, que tem o seu tempo mas, estou convicto, nos levará onde ambicionamos. Mas, reafirmo, onde todos precisamos de dizer presentes. Juntos. Unidos. Porque, dessa forma, o futuro será nosso.
Uma última nota para o momento triste que vivemos por estes dias, com um conflito armado na Europa.
Quero expressar a minha solidariedade em nome do Sport Lisboa e Benfica ao povo ucraniano.
O desporto pode e deve ser um sinal de união entre os povos.
Aqui, no Benfica, sabemos bem o quanto isso é possível e o quanto pode representar. Aqui, atletas de nacionalidade ucraniana e russa envergam ao peito o mesmo símbolo e comungam dos mesmos valores: união, amizade, solidariedade e fraternidade. Comungam daquilo que eles, como nós, sem excepção, ambicionamos para todos os povos e territórios: PAZ.
Termino exaltando uma vez mais o vosso enorme Benfiquismo, evocando as palavras de Borges Coutinho neste dia tão especial: “a alma do Benfica sempre foi e sempre deverá ser a sua massa associativa”.
Viva o Sport Lisboa e Benfica.