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Renato Paiva conta tudo sobre o jogo treino com o Liverpool

A equipa B do Benfica passou por momento extraordinário entre quinta-feira, 23 de maio, e sábado, 25, com estágio no centro de futebol de Marbella, onde jogou e treinou duas vezes a convite do Liverpool, na preparação dos reds para a final da Champions, ganha por 2-0. Não foi, pois, mais um jogo de preparação contra uma grande equipa.

O convite dirigido ao coordenador Pedro Marques, com a garantia de que o Benfica poderia levar a comitiva que quisesse e teria charter à disposição, precisou de autorização de Luís Filipe Vieira. [expander_maker id=”1″ more=”CONTINUAR A LER” less=”Read less”]Os reds entendiam que a equipa B tinha as ferramentas que permitiriam ensaiar duelo com os spurs e pediram a Renato Paiva, treinador da equipa, que vestisse a pele de Mauricio Pochettino. O técnico conta tudo… agora já autorizado a fazê-lo.

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A razão da escolha

«O Liverpool sentiu a necessidade, ao fim de três semanas sem competição, de fazer um jogo particular. Foi fácil: não poderiam ser equipas inglesas por causa das fugas de informação, não poderiam ser equipas espanholas porque Pochettino esteve em Espanha muitos anos, não poderiam ser equipas francesas porque Lloris é o guarda-redes da seleção gaulesa. Sobrou Portugal. E aí teve muito peso – e tenho de dizê-lo porque nos foi dito por Jurgen Klopp e Pepijn Lijnders – a qualidade dos jovens jogadores do Benfica. Olharam para a equipa B, na altura em terceiro na Liga 2, sabiam da mudança de Florentino e Ferro para a equipa principal. Não andam distraídos e pude constatá-lo nas reuniões. Viram a equipa a jogar e encontraram semelhanças com o Tottenham, daí veio a escolha.»

O que foi pedido

«A equipa B devia deslocar-se para Marbella três dias e reunir-se com o staff técnico do Liverpool, que estava perfeitamente identificado com aquilo que era o Benfica B em termos técnico-táticos, com aquilo que era o Tottenham. E encontrou pontos de ligação entre as duas equipas. E foi pedido ao Benfica B que adotasse alguns comportamentos. Dois defensivos, dois ofensivos, além dos comportamentos nos esquemas táticos, nas bolas paradas, similares às que o Tottenham faz e poderia fazer na final da Champions. Que fôssemos um bocadinho mais Tottenham e menos Benfica B.»

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Exigências táticas e técnicas

«Replicámos a papel químico as saídas em construção do Tottenham, o defender em 4x2x3x1 com o ponta de lança a cortar entre os centrais e o n.º 10 a tentar obstruir e abafar o 6 do Liverpool. E depois, em processo ofensivo, saídas a três [circulação de bola entre centrais e guarda-redes]. Os jogadores tinham a consciência de que deviam fazer de Kane e companhia. Preparei palestra e dissequei quatro momentos, os dois defensivos e os dois ofensivos, com os nomes deles e com os nomes dos jogadores do Tottenham por baixo. Tudo preparado em teoria no hotel e depois replicado em treino. De Eriksen fez um bocadinho o Vinícius, metia-se mais para dentro, Bernardo foi mais Dele Alli, José Gomes foi Kane.»

Os cuidados

«Passámos ideia aos jogadores naquela base de não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti. O Liverpool pediu-nos agressividade e intensidade, pediu-nos que fôssemos nós, mas pedimos obviamente aos jogadores que a agressividade não passasse a violência porque uma lesão ali põe em causa o jogo de uma época, de uma vida, até. Os jogadores não deixaram de ser eles próprios, não deixaram de ser muito competitivos.»

Confidencialidade

«O Liverpool alinhou com o onze da final e pediram-nos que não disséssemos rigorosamente nada até ao dia da final. Fomos bastante elogiados, na manhã do jogo ainda nada se sabia. E o assessor do Liverpool disse-nos: ‘quero agradecer o vosso profissionalismo porque sabemos que em Portugal quando alguém do Benfica espirra há logo notícia. Estão aqui desde quinta-feira e não há uma única notícia’. Antes de viajarmos, tivemos de informar os jogadores que teriam de adiar as férias uma semana, sem lhes poder dizer do que se tratava, tudo tratado com o máximo secretismo. Acabámos por estar nos meandros da preparação estratégica de uma final da Champions, íamos saber aquilo que o Liverpool queria fazer em função do que pensava que o Tottenham iria fazer. Estávamos por dentro dos segredos e das intenções do Liverpool. Só dissemos aos jogadores que ia ser uma experiência inesquecível, gerou azia em alguns, já tinham viagens marcadas, mas depois aperceberam-se da dimensão daquilo que iam fazer. Poderá ser irrepetível. Foram responsáveis e conscientes.»

Recompensa

«Foi tudo tratado no máximo sigilo e foi-nos pedido também que alinhássemos de início com a melhor equipa, a equipa mais forte possível. Foram fantásticos e no final do jogo os jogadores do Liverpool deram as suas camisolas aos jogadores do Benfica, mas foi pedido aos jogadores que só pusessem fotos nas redes sociais depois da final da Champions.»

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