Rui Gomes da Silva: "VITÓRIA DE 18 MIL SPORTINGUISTAS E DE… 6 MILHÕES DE BENFIQUISTAS
Até lá, todos os falhanços serão compreensíveis face à promessa (pequenina) de ser campeão neste mandato(1 em 8).
QUASE UNANIMIDADE
No dia seguinte às eleições, encontrei, em Francisco Proença de Carvalho, o resumo perfeito de tudo o que pensávamos!
« Coisa rara, mas acontece: benfiquistas e sportinguistas estão de acordo. Ambos acordam este domingo com a convicção de que o Sporting está no rumo certo.»
Todos, não… como na aldeia de Asterix, que teima em pôr em causa a pax romana na Galia de então.
Todos, não… porque há sempre incompreendidos, liderados, neste caso, por Pedro Madeira Rodrigues, que tiveram razão antes do tempo (que é o mesmo que não ter razão). Pois sei que a expectativa que a alternativa gerava era fraca! Então, se comparada ao super adepto que confunde e – pelo que vi anunciado – vai confundir ainda mais a sua vida com o clube de que é presidente…
Não fez e não vai fazer nada de relevante, a não ser cumprir o que, uma vez, afirmou: lá ficar, pelo menos, 20 anos! Como diria o Embaixador Fernandes Fafe – recentemente falecido a quem presto a minha homenagem na vertente que aqui interessa, a de fervoroso academista e que, apesar de ser um homem de cultura, não tinha vergonha de gostar de futebol – …«da ideia que uma pessoa faz de si, posso antecipar a sua resposta a uma situação»!
UM ESTADO DE GRAÇA QUE SE ESGOTOU EM MENOS DE 24 HORAS
Pois ele acha-se um verdadeiro predestinado e por isso atropela, desrespeita, desconsidera e insulta tudo e todos! Nele tudo é encenação, tudo é teatro, tudo parece ensaiado,… nada parece espontâneo!
Até os impulsos parecem preparados. E foi esse improviso que começou a matar uma legitimidade, reforçada nas urnas, especialmente por aqueles números! E o que fez quem ganhou dessa maneira?
Começou, logo ali, a delapidar o seu capital. Com um insulto sem qualquer justificação (a não ser ele pensar mesmo aquilo). Para depois prometer o que havia prometido no início dos 4 anos que ali terminavam… como se eles não tivessem existido. Prometendo o céu como se não fosse ele o responsável pelo inferno do que tinha acabado. Como se tivesse acabado de chegar e pudesse fazer do passado – do seu passado – uma coisa que não lhe dissesse respeito. Com a conivência de quem o elegeu, mas com quem ele não se confunde. Percebe-se – naquele discurso, como em todos os outros – que se considera acima deles, como um predestinado do universo verde branco, mas não um deles. E isso é evidente em cada frase, em cada afirmação, em cada declaração em que se coloca – a ele – de um lado e os sócios do outro. É a distância que cultiva, como se ela garantisse o carisma que a natureza não lhe ofereceu! Porque, sendo sócio, é mais do que um sócio! Por isso se sente incomodado com jornalistas e… comentadores, porque a liberdade de expressão.. só o banaliza. Um predestinado que no resultado do jogo de domingo, viu esfumar-se outra parte substancial da sua legitimidade. Que ainda tentou remediar… ao pedir desculpa pelo 1-1 de que ele – semi Deus reeleito – não teria tido qualquer responsabilidade. Desculpa que viu logo destruída quando o destinatário dessa culpabilização (ainda não teriam decorrido 18 horas do anúncio da vitória) se apressou a dizer que o empate era fruto da… inexistência de uma estrutura. Que ele, agora reeleito, deveria ter construído nos últimos anos. Para bom entendedor…
E assim começaram 4 anos… como tinham acabado os 4 anteriores: sem ganhar e sem que alguém fosse responsável!
DO SONHO DO RESULTADO AOS PESADELOS DE JJ E PMR
Apesar de ter delapidado esse capital com o insulto e o resultado, tentou ganhar, para si, todo o tempo que pudesse! Fazendo do tempo um aliado, ao prometer ser campeão… em 4 anos. Tem, por isso, esses mesmo 4 anos para poder falhar! Apenas precisando de ir à frente ou ter hipóteses de ser campeão na época de… 2020/20221, quando houver eleições. Até lá, todos os falhanços serão compreensíveis, face à promessa (pequenina) de ser campeão neste mandato (1 em 18)! Só que vai ter adversários de peso! Os que jogam contra a equipa dele e… outros dois! Um quer ser despedido por ele… e o outro que o quer despedir! Um é o treinador que lhe vai enfernizar a vida sempre que não ganhar… porque, não tendo, nunca, a culpa de nada de mau, deixará quem o contratou sózinho sempre que isso for necessário. Ele só ganha, porque quem empate ou perde são os jogadores ou a estrutura, ou seja… o presidente. O outro é quem se tem arvorado – com ou sem razão, com ou sem legitimidade, com ou sem proveito – em ser o salvador do clube! E o agora eleito terá de, em cada momento, tentar não ser na sua cadeira, um qualquer ocupante de um lugar que está reservado a quem se acha com legitimidade para o ocupar. E não sei sequer a quem terá sido mais conveniente saber-se de uma gravação onde o pretendente explicava como corrigir os desvarios da gestão do clube com um investimento de… 30 milhões de euros. Se ao atual presidente se ao outro candidato. A quem convíria divulgar uma conversa daquelas, a poucos dias das eleições quando se sabia que a vitória já não fugia a quem não fugiu? A quem senão a quem, indo ganhar, poderia desmascarar o ex-inimigo que agora se fazia passar por amigo? O agora amigo que – parece-me, pelo que vejo – quer o lugar dele, mas não quer ir a eleições… imitando José Roquete (como se a História, depois de ser uma tragédia, se pudesse repetir sem ser uma farsa, como diria Karl Marx). Isto promete, como prometeu ver a fila interminável de quem, o odiando, optou por o apoiar. Assim, não ficam fora do main stream da coisa e se quiserem, como me parece que querem, tentar o golpe palaciano, será mais fácil afastar alguém com 6 anos sem nada ganhar, do que alguém recém chegado para iniciar tudo de novo!
Mas há uma coisa que todos sabem! este que agora voltou a ganhar, que se acha um semi deus, mas que os predestinados nunca deixarão que seja um deles, tem que cair por dentro.. Porque… em eleições, mesmo perdendo no campo, nunca mais o tiram de lá. Como diria João Gabriel, no… dia seguinte… citando Philip Dick (autor das obras de base de Blade Runner ou Minority Report) – «realidade é aquilo que, quando paramos de sonhar e prometer, continua a existir.»
E a realidade – por aqueles lados – confunde-se com o preto dos calções e não como o verde das camisolas!!!