19 de março de 2017. FC Porto e Vitória de Setúbal empatam a um golo no Estádio do Dragão. Na baliza da equipa sadina estava Bruno Varela. Jogo que o guarda-redes não esquece. E que não se importava de reviver.
Se tivesses oportunidade de voltar a jogar um jogo, qual escolhias?
FC Porto-Vitória de Setúbal: o jogo em que fui mais assobiado, que me chamaram mais nomes, que me atiraram isqueiros, moedas e bolas de golfe verdadeiras. Tive sorte que não me acertaram com nada. Apesar de ter sofrido um golo, empatámos 1-1, foi um jogo marcante, porque se o Porto ganhasse ia para primeiro e, no fim de semana seguinte, havia um Benfica-Porto. Posso dizer que desfrutei mais desse jogo do que um clássico pelo Benfica por essas razões. O estádio estava cheio, porque, como o Benfica tinha empatado no dia anterior, as pessoas já estavam a perspetivar o primeiro lugar antes de irem à Luz. Gostava de o repetir, com os meus companheiros da altura do Setúbal, mas sem bolas de golfe [risos].
O ambiente hostil dá-te mais pica?
Tenho de assumir que sim. É claro que adorei jogar na Luz, ser aplaudido, porque o meu sonho sempre foi defender a baliza da equipa principal e felizmente já o cumpri. É um sentimento diferente: aquele ambiente do estádio da Luz arrepia-me. Ia ver alguns jogos quando tinha seis e sete anos e aquilo para mim era um mundo, nunca imaginei estar lá dentro. Mas com o Porto há aquela rivalidade lixada, porque eles sabem que eu sou benfiquista. Gosto de jogar nos estádios dos adversários quando estão cheios… Os adeptos deles assobiam quando temos a bola, assobiam quando demoro mais um bocado a repor a bola em jogo, quando faço uma boa defesa e gosto daquele silêncio no estádio quando o golo é da minha equipa.
Não pensas ir ao Porto em breve, pois não [risos]?
Acho que eles percebem o que eu quero dizer. A rivalidade faz parte e é uma forma de respeito. Mas também não estou a pensar ir muito em breve, não [risos].