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A ROGER O QUE É DE ROGER – Antonio Gomes-Martins

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Artigo da autoria de Antonio Gomes-Martins desta semana

 

Não é, infelizmente, caso inédito aquilo que se está a passar presentemente no Benfica e, como disse Rui Costa, e bem, na entrevista à BTV a propósito do balanço da época das transferências, os benfiquistas vão facilmente do 8 ao 80. Ora eu diria, face a essa realidade, que essa mudança de estado de espirito observável nos benfiquistas, é tanto mais rápida, quanto mais rígida é a paralisação de quem tem por responsabilidade resolver os problemas.

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Com efeito, se por um lado, há quem sustente, a meu ver justamente, que o plantel do Benfica oferece hoje mais e melhores soluções do que no passado recente, parece-me óbvio que, a única conclusão a tirar é de que, quem está pior do que no ano passado é o treinador (faz lembrar aquelas famílias que sempre tiveram pouco e com pouco se governaram bem e que, quando lhes sai a lotaria, passam a esbanjar, sem saber o que fazer a tanto dinheiro, acreditando nos amanhãs que cantam e depressa gastam tudo … em porcarias)!
E isso é visível, desde logo, na forma de comunicar de RS.
Onde pára o treinador do “Quem ama o futebol, ama o Benfica”!?

Sinceramente não faço a mais pequena ideia de qual tenha sido o impacto que teve no balneário a maneira como Roger Schmidt resolveu o tema Vlachodimos, e refiro-me, somente, aos comentários que fez no final da partida do Bessa, já que, no resto, a saída do grego, tornou-se inevitável ou, melhor, qualquer alternativa ao desfecho conhecido, seria sempre pior do que a solução que acabou por ser encontrada.
Custa-me é aceitar que esse incidente possa ser a causa do que, para alguns, já é interpretado como a perda do balneário por parte de Roger Schmidt.

De facto, esta época, o que nos tem mostrado é um RS muito infeliz em vários momentos (declarações sobre Vlachodimos, declarações após a vitória sobre o Estoril, declarações sobre o Porto no lançamento do jogo com a Real Sociedad) da sua comunicação, dando a impressão de que, desta vez, RS está a encontrar muita dificuldade em contrariar a pressão que sempre existe sobre um treinador do Benfica.
(Por exemplo, a ironia sobre a importância dos jogos com o FCP era dispensável, sobretudo porque pareceu tratar-se de “brincar” com os sócios e adeptos que fazem desse jogo um dos mais importantes da época).
É geralmente aceite, e o Presidente Rui Costa foi um dos que o afirmou categoricamente, que este plantel do Benfica é superior, no número de opções disponíveis de qualidade, ao da época transacta, pelo que custa a crer que o Benfica esteja a passar pelo que está a passar. Dizia ontem RS, a propósito da justa derrota frente à Real Sociedad, que estes têm uma equipa mais consolidada, um onze mais permanente (a exemplo do que aconteceu na época passada no Clube) e que isso lhes permite jogar como jogaram e dominar como dominaram.
Pode RS achar que tem razão, mas, se é verdade que, ao contrário de Vlachodimos, não foi por sua iniciativa que sairam Grimaldo e Gonçalo Ramos, também é verdade que quem fez as contrações foi ele e a Direcção e não me recordo de ouvir comentários negativos à vinda deste e não de outro jogador. É claro que, tratando-se de um jogo de futebol, o Benfica pode sempre perder contra a Real Sociedad, não pode é dar a imagem do futebol indigente que deu!

O que resultou evidente do jogo de ontem é que a Real Sociedad, talvez com um plantel mais reduzido e de menor qualidade individual tem uma equipa, isto é, tem um fio de jogo, tem jogadas trabalhadas, os jogadores sabem onde têm que estar e o que fazer nos vários momentos do jogo, com e sem bola, em resumo, vê-se a mão do treinador; ao passo que o Benfica, que joga sem imaginação, sem ideias e sem velocidade, que é muito permeável ao choque (deficiente condição física !? Ainda antes do Natal !?), que a jogar em casa contra uma equipa de estatuto mediano no futebol europeu tem apenas 38% de posse de bola, que não marca um golo para as competições europeias há 3 jogos, que evidencia graves problemas defensivos, sobretudo nas laterais, e que, para além de tudo isto não se vislumbra nos livres, cantos a nosso favor, qualquer tipo de “trabalho de casa”.
Por isso, quem vê hoje os jogos do Benfica, e, curiosamente à medida que o tempo passa, a qualidade do jogo vai sendo cada vez pior, pergunta-se : mas o que é que esta equipa treina ?! Dito de outra forma, o que tem andado a fazer Roger Schmidt !?

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Nesta conjuntura, não faz muito sentido criticar os jogadores individualmente, já que se percebe que o problema é mesmo do colectivo, isto é, é a deficiente estratégia colectiva definida pelo treinador, que põe a nu as fragilidades de alguns jogadores e que faz com que eles acabem por dar quase sempre uma pálida ideia da sua capacidade.
E é óbvio que, sendo a estratégia a que é, bola no pé, de pé para pé, ninguém a desmarcar-se para receber a bola num espaço vazio, mais torna notória a pouca capacidade física (a que alguns juntam ainda baixos níveis de combatividade e agressividade) para os duelos de jogadores como João Mário, Rafa e mesmo Neres, surpreendentemente também (ou talvez não, atenta a indiscriminada utilização de que tem sido … vitima) de Aursnes, Kokçu e Chiquinho.
Fica-se com a ideia (não podemos dizer outra coisa, pois não assistimos aos treinos), de que o treinador tem um conjunto de jogadores em quem confia mais do que outros e, faça chuva ou faça sol é com eles que conta, mesmo que a realidade demonstre que está equivocado. Daí as substituições tardias que opta por fazer, mesmo quando o jogo está longe de estar decidido e que, agora, ainda ficam prejudicadas por um 11 inicial de eficácia duvidosa.

O facto de não se ter procurado uma alternativa para a saída de Gilberto é, a todos os títulos incompreensível, e as vindas demasiado tardias de Bernat e sobretudo Arthur Cabral, não facilitaram a sua integração e hoje estamos a pagar um preço elevado por essa inércia. Inércia sim, já que as saídas de Grimaldo e de G Ramos há muito estavam definidas, pelo que se devia ter ido ao mercado mais cedo, por forma a permitir a sua integração durante a pré-época, uma vez que é bem conhecido de todos que, após o inicio das Ligas nacionais e das provas da UEFA, o tempo disponível para treinar alterações profundas é quase nenhum, o que só iria dificultar a integração desses atletas.

Aqui chegados, e muito realisticamente, penso que há que tentar obter um empate nestes dois jogos que faltam antes de jogar com o Salzburgo, “pedir a todos os santinhos que os austríacos não pontuem nestes dois jogos” e ir ganhar à Austria, o que me parece ser o máximo que podemos almejar em termos Europeus, por agora. Por outro lado, não passando aos 1/8 de final da CL, não sei se haverá disponibilidade financeira para, em Janeiro, fazermos os acertos que o plantel reclama.
Ou isso ou, então que Rui Costa, logre convencer RS a adaptar uma nova estratégia de jogo, que se adapte melhor aos jogadores existentes e mostre, pelo menos, uma equipa confiante em si própria, a saber o que quer e como o obter!
Se não …

Antonio Gomes-Martins

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