Diretora do Benfica, Ana Oliveira contestou posição do Sporting relativa aos atletas cubanos e disparou em várias direções depois da 12ª conquista consecutiva.
“Era expectável que fosse assim difícil, a época foi muito longa. Foi uma maldade da Federação colocar o Nacional de Clubes nesta altura do ano, para nós e para os outros clubes. Quase todos os outros países fizeram no dia 26 de junho. Foi uma época muito extensa, com muitos atletas a fazer muitos meetings para terem ranking para o Mundial. Tivemos atletas que vieram há 48 horas dos Estados Unidos, com emoções positivas e negativas, com jet lag. É uma grande maldade também considerando que temos os Europeus em três semanas. Temos muitos mais atletas masculinos com objetivos internacionais, e a rivalidade entre Benfica e Sporting é muito maior no masculino do que no feminino”, começou por comentar a diretora do atletismo encarnado.
Falando diretamente da questão dos atletas estrangeiros, Ana Oliveira deixou no ar a ideia de que o Sporting não cumpriu os regulamentos e explicou a sua visão dos factos. “Estou feliz, da nossa parte ninguém se magoou. Lamento a lesão do Tiago Pereira e espero que recupere rápido. Quero dar os parabéns e agradecer ao Sporting a forma como encarou este campeonato, julgando que podia ganhar, felizmente não ganhou, mas fez-nos estar mais atentos, mais rigorosos”.
“É bom para o atletismo português, se o Sporting cumprir os regulamentos. Fizemos protestos, porque pelos vistos podemos participar com mais do que dois estrangeiros. Pelos vistos, para ser refugiado basta vir na véspera e competir, se soubesse que era assim também podíamos ter contratado outros estrangeiros e não fizemos. As regras não são claras, pedimos apoio ao nosso departamento jurídico relativamente à interpretação da regra. Fizemos todo o campeonato como se estivesse tudo a acontecer de forma normal, porque sabemos que o Benfica nunca ganha um protesto. Prova disso foi a prova dos 800 metros, em que tivemos um atleta que foi primeiro empurrado, a lei da física é que o atleta se incline para o outro lado para se equilibrar, e depois foi obstruído na meta. A juiz foi perentória, mas o Sporting não podia ficar mal, então foram buscar 40 metros atrás”, apontou, referindo-se à corrida que resultou na desqualificação de José Carlos Pinto e Nuno Pereira.
A fechar, Ana Oliveira voltou a deixar palavras duras. “Foi um campeonato confuso desde o início. Um atleta vem a Portugal e passa a ser refugiado. Dá uma conferência depois de ganhar uma medalha a dizer que não sabe ainda onde vai ficar. Dá três ou quatro países, menos Portugal… Apelo à Federação que se esclareça, que se defina, porque se continuar assim não sei qual é a opinião do Benfica, mas se não houver bons calendários, boa gestão de pistas, boa comunicação e ter um regulamento que se entenda, sinceramente temos que escolher se queremos mais Pichardos, mais atletismo internacional, ou se queremos que a Federação monte o circo e nós continuamos aqui a ser ‘palhaços’ e a vir aqui atuar, com todo o respeito. Não matem o atletismo, deem-lhe a alegria, o brilho e a elevação de que o atletismo em Portugal precisa“, finalizou.
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