O jogo que ontem se disputou na Luz é um daqueles exemplos que contribuem para a boa imagem do futebol português: um espectáculo de qualidade, sem casos de arbitragem e com respeito entre todos os intervenientes. E mesmo para uma 3ª feira de inverno, com início às 19 horas, um jogo com assistência acima de 40 mil espectadores é um registo que impressiona.
Espectáculos de qualidade, sem casos de arbitragem, com respeito entre todos os intervenientes e com assistências acima dos 40 mil espectadores é coisa que, infelizmente, não acontece muitas vezes no nosso futebol. Ganhou o Benfica, porque foi melhor, mas o adversário não deixou de ser um digno vencido – que nunca baixou os braços, nem deixou de contribuir, na medida do que lhe foi possível, para a qualidade do espectáculo.
A questão dos erros de arbitragem, apesar da ‘trégua’ ontem vivida na Luz, é um tema que continua na agenda por razões que estão bem à vista. O desejo do Benfica – e de todos aqueles que pugnam por um futebol mais saudável – é que o assunto deixe de ser debatido diariamente. Seria bom sinal.
Temos todos consciência, ainda assim, de que o erro nunca deixará de existir. O que não pode continuar, de forma persistente, é o erro inexplicável e incompreensível sempre em benefício da mesma equipa. Foram decisões desse calibre que ajudaram a ‘construir’ o líder do campeonato que hoje temos. É obrigatório que, daqui até ao final da temporada, impere maior verdade desportiva.
Quem está na origem do problema? Quem invade centros de treino, quem ameaça árbitros (e respetivas famílias) e quem agride adeptos na hora da derrota. São os mesmos que, seguramente, vivem obcecados pelo regresso a um passado que a (quase) todos envergonha.
Já lá vai o tempo em que havia quem interferisse nas subidas e descidas. Em que havia quem interferisse nas nomeações dos árbitros a seu bel-prazer. Em que havia quem fizesse aquilo que lhe apetecia. Não é esse futebol que queremos. Não é esse futebol que faz falta. É preciso que alguém lhes diga isso.
PS: Uma notícia surgida ontem nas redes sociais da Rádio Renascença tinha um título provocatório, pouco compatível com a qualidade e isenção a que a sua informação sempre nos habituou. Em boa hora houve quem se apercebesse e corrigisse o erro. Quem o cometeu insultou o prestígio da sua rádio.