Durante o testemunho, o diretor de comunicação do Benfica apontou sempre para “uma estratégia definida” pela direção do FC Porto para prejudicar o Benfica. Em resposta a uma pergunta do advogado do clube da Luz, Armando Martins Ferreira, o diretor de comunicação apontou como prova do conhecimento da direção do FC Porto o facto de ter sido em comunicado do clube que foi dado conta publicamente que o correio eletrónico do Benfica na posse do Francisco J. Marques, diretor de comunicação dos portistas, tinha sido entregue à Polícia Judiciária.
O juiz Paulo Duarte Teixeira quis saber então se a Avenida dos Aliados, sociedade que detém o Porto Canal, também fazia parte dessa estratégia. “O Porto Canal teria que saber até porque é propriedade do Fc Porto”, respondeu Bernardo. O magistrado questionou ainda qual o motivo de só três administradores do FC Porto terem sido indicados como responsáveis na ação do Benfica e não toda a direção e administração, se a estratégia era do clube. Bernardo respondeu devia ser por estes três terem ligação à empresa Avenida dos Aliados.
Disse também que no seu departamento de comunicação os prejuízos foram de 250 mil a 300 mil euros, com a contratação de mais recursos humanos, entre outros gastos. O dano na marca Benfica, que disse valer 400 milhões, foi entre a 30 a 40%, embora Luís Bernardo tenha dito que os cálculos dos prejuízos totais causados ao Benfica não tenham sido por si definidos.
“Pressão sobre os árbitros”
No seu testemunho , avançou ainda que o Benfica foi muito prejudicado, a nível de patrocinadores, planos estratégicos e outros que passaram a ser do conhecimento de um concorrente. No plano desportivo, não teve dúvidas em afirmar que o FC Porto beneficiou com a divulgação do emails. “Havia uma pressão, uma coação sobre os árbitros. Em caso de dúvida, passou a ser sempre contra o Benfica”, disse. Acrescentou, já em resposta do advogado do FC Porto, Jorge Cernadas, que “há informação que não foi divulgada e que até tem mais valor”. Quais? “Por exemplo o relatório de atividades da equipa B.”
Neste julgamento é a prática de concorrência desleal que está em causa com o valor de 17,5 milhões de euros a ser o que está em causa na decisão. A forma como os emails foram obtidos não está a ser julgada. Durante a tarde serão ouvidos Renato Palma, treinador da equipa B, Miguel Bento, do marketing, Miguel Moreira, diretor financeiro, e Bernardo Faria de Carvalho, ligado à internacionalização do clube.
Amanhã o julgamento prossegue com audição de mais testemunhas, mas será difícil cumprir o plano inicial de ouvir as 15 testemunhas do Benfica, já que só Luís Bernardo ocupou toda a manhã desta quinta-feira. O juiz manifestou mesmo o seu desagrado perante o advogado do Benfica pelas perguntas que colocou a Luís Bernardo, já que muita dessa informação já está nos autos do processo.