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Leonor Pinhão: “Portugueses, ponham os olhos no doutor Zenha”

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O campeonato de futebol da Bielorrússia por lá continua a ser disputado a cada fim-de-semana. O único campeonato imparável no continente europeu prossegue com os seus jogos, com os seus casos, com os seus heróis, com as suas bestas e, inevitavelmente, com os seus escândalos de arbitragem. Nada que nos aqueça ou arrefeça, estamo-nos nas tintas para a Liga bielorrussa que em nada contribui para a nossa felicidade. Nem conhecemos ninguém daquela gente porventura respeitável. Eu ainda tentei conhecer. Tentei tomar partido a favor do Belshina na partida contra o Smolevichi mas deu-me o sono. E a vitória, ainda que tangencial, do Gorodeja na casa do Energetik BGU mais sono me deu. Para acordar só mesmo o campeonato português que, mesmo parado, continua a ser um manancial de lições de vida e, sobretudo, de lições de gestão de expetativas e de gestão corrente do tipo financeiro.

Olhemos para os nossos três grandes se quisermos entretenimento. O importante agora é querer. O Benfica, por exemplo, “quer” ser o emblema melhor preparado em Portugal para o pós-covid, disse-o o seu administrador Domingos Soares de Oliveira numa entrevista ao jornal do clube. É uma ambição que lhe fica bem. O FC Porto, por sua vez, “quer” ver-se sagrado oficialmente por Pedro Proença como campeão nacional 2019/2020 sem que o campeonato tenha acabado – sempre faltam umas 10 jornadas – porque em não havendo o dinheiro da entrada direta na Liga dos Campeões o aperto do fair-play financeiro transformar-se-á num garrote de dimensões épicas. Já para o Sporting, o mais original dos clubes portugueses, a questão não é querer. É o oposto, é “não querer”. E é justamente neste ponto que o Sporting granjeia o direito a ser considerado um grande já que no capítulo do rendimento desportivo e do número de campeonatos conquistados nas últimas largas décadas vai marchando teso e a grande lonjura da grandeza.

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Mais do que grande, o Sporting é enorme e não admira que ostente o nome de Portugal no seu registo de nascimento porque é um exemplo para 10 milhões de portugueses aflitos com as contas. O Sporting diz que não paga Rúben Amorim ao Sporting de Braga porque não quer. Não lhe apetece. O seu administrador Zenha diz que é “ridículo” falar de incumprimento em tempo de pandemia. Portuguesinhos aflitos, ponham os olhos no Sporting. Sejam também grandes. Não paguem nada, sejam chiques. Nem a renda da casa, nem os empréstimos ao Banco, nem a luz, nem a água, nem o pão, nem o cafezinho, nem as contas do supermercado, nem a televisão por cabo, nem a gasolina, nem o Rúben Amorim. Sejam mais do que grandes, sejam enormes, ponham os olhos no doutor Zenha, portugueses. Zero para os credores. Todos os credores são ridículos como eram ridículas as cartas de amor para o poeta Fernando Pessoa que também viveu teso a vida inteira e só lhe deram valor depois de morto.

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