Algo de muito grave se passa quando decisões incompreensíveis do VAR se tornam, infelizmente, o principal destaque de um jogo de futebol. Um instrumento que deveria ajudar a esclarecer e a tirar dúvidas, está, pela sua má utilização e por critérios que ninguém conseguiu até hoje entender, a transformar-se num enorme problema para as próprias equipas de arbitragem.
Em nome da transparência seria de toda a utilidade divulgar-se a gravação das conversas entre árbitro e vídeo-árbitro do último Benfica-FC Porto para se tentar compreender o que parece incompreensível:
* Por que razão existiu tamanha dualidade de critérios que levou a que só no lance do golo de Rafa o árbitro tenha ido visionar as imagens?
* Por que razão o vídeo-árbitro lhe disse que esse golo era irregular?
* Por que razão o mesmo vídeo-árbitro não viu as faltas nítidas de Óliver e Marega nos dois primeiros golos do FCP?
* Por que razão o árbitro não quis rever no monitor o segundo golo do Benfica, erradamente invalidado por um pretenso fora-de-jogo que as imagens provam não ter existido?
Torna-se imperioso, em nome da verdade desportiva, evitar um apagão sobre esta situação.
Em nome da mesma transparência, seria também importante que o Conselho de Arbitragem (CA) esclarecesse quantos erros do VAR foram até hoje detetados nos jogos do campeonato. E mais: que o CA os identificasse publicamente com explicação pedagógica. Pelo menos os 9 que foram assumidos até à 11.ª jornada.
Importa realçar que analistas insuspeitos, sem qualquer ligação ao Benfica, defendem que a vantagem do atual líder do campeonato deve-se a erros de arbitragem e, sobretudo, a erros do VAR difíceis de entender.
Ou seja, no Campeonato e na Taça da Liga, esses erros tiveram e continuam a ter interferência direta no desenrolar dos resultados e na verdade das competições, com a particularidade e a coincidência absurda de favorecerem sempre a mesma equipa.
Estranho fenómeno também se passa sobre um outro apagão, este sobre os processos que foram movidos na sequência das ameaças e tentativas de coação a árbitros e suas famílias. Como estão esses processos? A invasão da Maia e as queixas divulgadas pelos media desapareceram?
PS – Para além de todas as peripécias ocorridas nos últimos dias, em Braga, esta edição da Taça da Liga será ainda recordada pelo incumprimento regulamentar que deveria ter afastado – e não afastou – uma das equipas da Final Four. Não é admissível que uma ‘lesão criativa’ se sobreponha às regras que, à partida, todos deveriam estar obrigados a cumprir.