O pior que pode existir para quem tudo aposta nas ameaças e coação é verificar que alguém possa assumir publicamente os seus erros, em que eventualmente os tenha beneficiado. Será sempre visto como um falhanço e um forte revés na sua estratégia de permanente intimidação.
Pelo contrário, achamos que é sempre uma atitude digna e que importa realçar como contributo para a transparência das competições.
E falamos à vontade porque quando, na sequência do último Belenenses SAD – Benfica, o vice-presidente do Conselho da arbitragem foi ao novo canal televisivo 11 tentar justificar dois erros de arbitragem que nos penalizaram, não concordando com as explicações, encarámos de forma positiva tal iniciativa e nada comentámos publicamente.
A temporada 2018/19 ficou marcada por várias reconquistas!
As desportivas, com os títulos nacionais de Futebol, Futsal e Voleibol (além da revalidação de outros e da aposta bem-sucedida no Futebol Feminino).
A patrimonial, tendo em conta a passagem do Estádio, restantes infra-estruturas e da BTV para a esfera do Clube, passando a ser detidos a 100% pelo Sport Lisboa e Benfica.
E, finalmente, a financeira, em que, pela primeira vez desde que a SAD foi constituída, há cerca de vinte anos, os capitais próprios são superiores ao capital social, o que contrasta com a situação patrimonial passada (e a dos nossos rivais).
Normalmente, as duas principais componentes do Capital Próprio de uma organização, caso não se tenham efetuado operações de recapitalização utilizando instrumentos financeiros como, por exemplo, VMOC, são o capital social e os resultados transitados.
Desde a constituição da SAD do Benfica que os capitais próprios foram inferiores ao Capital Social devido ao forte investimento (plantel, Estádio, centro de estágio, museu, Benfica TV, modernização e profissionalização, etc) que teve de ser feito ao longo dos anos, nomeadamente na primeira década de existência da SAD, com recurso obrigatório, por necessidade, a terceiros, nomeadamente a banca. A situação herdada há quase duas décadas era calamitosa a vários níveis, sobretudo, além do desportivo, o patrimonial e o financeiro, incluindo uma tesouraria depauperada que asfixiava o Clube. O esforço empreendido para, simultaneamente, devolver a credibilidade perdida, recuperar financeiramente e investir fortemente em várias áreas foi colossal.
No presente, o lucro verificado pelo sexto ano consecutivo permitiu a inversão da situação descrita acima. Em 2018/19, o resultado líquido foi positivo em 29,4M€, o segundo maior de sempre.
Para tal muito contribuiu a faturação recorde de 263,3M€ conseguida pela SL Benfica, SAD. Note-se que este montante não inclui a transferência, por 126M€, de João Félix para o Atlético Madrid, a qual ocorreu já em 2019/20. O Grupo Benfica, do qual a SAD faz parte, obteve também uma marca histórica, ultrapassando pela primeira vez a barreira dos 300M€ nos rendimentos (301,2M€).
O ativo da SAD cresceu 3,2% e o passivo baixou 3,4%. Relativamente ao passivo, que se trata das responsabilidades presentes e futuras, ou seja, dívidas no presente e compromissos assumidos no futuro, prossegue a política de redução.
O endividamento financeiro foi reduzido em 162,3M€ nos últimos três anos. A dívida à banca é agora residual. Os 13,2M€ resultam de uma conta caucionada, usada para a gestão de tesouraria, pouco ou nada significante face aos rendimentos obtidos (cerca de 5% dos rendimentos). As parcelas do passivo mais relevantes são os empréstimos obrigacionistas (131M€), mas que foram reduzidos em 22M€ comparativamente ao ano anterior; os fornecedores, que totalizam menos de metade do que se tem a receber de clientes; e a rubrica “outros passivos” que, como é bem conhecido, é composta sobretudo pelo adiantamento de receitas da NOS (118,5M€ de direitos televisivos), utilizada para reestruturar o passivo financeiro (a taxa de juro média ronda agora os 5%, o valor mais baixo em largos anos) e que é meramente contabilística (será reduzida consoante a realização dos jogos e a respetiva transmissão televisiva, não envolvendo qualquer pagamento em dinheiro).
Estes e outros dados refletem o acerto da aposta na formação que tem possibilitado em simultâneo, nos últimos anos, sucesso nas vertentes desportiva e financeira. O futuro só pode ser encarado com confiança e optimismo!