Deu entrada no DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação penal), da PGR (Procuradoria-Geral da República), uma denúncia anónima (número 848/18, de 23 de abril de 2018, ou seja, esta segunda-feira) contra o inspetor Pedro Fonseca, da Polícia Judiciária.
A BOLA teve acesso ao conteúdo da referida denúncia, na qual pode ler-se, no logo no início, que a mesma «completa uma que foi feita há cerca de mês e meio e que foi enviada à Ministra da Justiça, à Procuradora-Geral da República, ao Diretor do DCIAP e ao Diretor Nacional da Polícia Judiciária, recordando que nessa denúncia se referia quem esteve por trás e qual a estratégia montada por quem roubou os `e-mails` do Benfica».
E prossegue: «Essa estrutura atuou em conluio com elementos afetos so poder judicial e comunicação social na altura identificados. Faltou foi saber quem era o elemento de dentro da investigação, que era a verdadeira toupeira que passava as sucessivas informações dos processos para os órgãos de comunicação social e redes sociais à revelia dos procuradores e do interesse da investigação. Facto provado porque só quem estivesse por dentro da investigação é que poderia passar dados concretos e com este nível de detalhe e sempre contra a mesma identidade. Esse responsável é o inspector Pedro Ponseca da Polícia Judiciária, reconhecido pelos próprios colegas que quer subir na estrutura sem olhar a meios, de desmedida ambição e que em múltiplas conversas não esconde o seu portismo e que queria arrumar com o Benfica.»
«Basta ter em conta os seguintes factos:
Quem passou para a revista Sábado a informação em segredo de Justiça que a investigação ficou insatisfeita com pelo menos duas respostas que tinham sido obtidas junto da SAD do Benfica sobre informações contabilísticas e financeiras?
Quem fez chegar ao blogue Mercado do Benfica documentos originais internos, da sua própria responsabilidade, sobre uma denúncia anónima que tinha recebido e depois fingiu que poderia ter saído de uma alegada toupeira do Benfica, quando basta ver que o referido blogue é reconhecido por ser totalmente antibenfiquista e tem sido a central de ataque e de divulgação de e-mails do Benfica, para perceber que nunca será daí que essa informação sairia para o referido blogue?
Quem passou para o Expresso a tese de que a investigação tinha como objetivo principal a demonstração de que o Benfica tinha um padrão de comportamento destinado a controlar o mundo do futebol?
E mais grave, quem passou para a revista Sábado a informação de que os processos de investigação tinham sido centralizados numa equipa coordenada pela senhora PGR e que isso poderia estar a causar mal-estar nos investigadores, não escondendo o desagrado por não poder continuar a manipular o andamento das investigações com fugas cirúrgicas para os vários protagonistas identificados na denúncia anterior?», pode ler-se.
Mas há mais: «Toda esta intervenção do referido inspetor tem procurado instrumentalizar o Ministério Público e o trabalho dos seus colegas. É ele que tem fornecido informação circunstanciada sobre horários e locais de busca, e que em diversos momentos em público não esconde o seu clubismo, vangloriando-se de passar informação que deveria estar em rigoroso segredo de justiça e procurando sempre que nas notícias se refira o seu papel nas investigações. A vaidade, a ambição e o clubismo têm a perna curta. Fica completo o quadro da estrutura que denunciámos anteriormente, que deve ser encarada com muita preocupação tendo em conta a capacidade demonstrada para roubar correspondência privada de uma instituição e montar toda uma estratégia com tentáculos na própria justiça.»