A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) não ficou satisfeita ao saber que a direção da Liga de Clubes, sem conhecimento do organismo liderado por Fernando Gomes, enviou uma carta ao governo a reclamar por medidas para o setor do futebol devido à paragem das competições em virtude do novo coronavírus.
“Foi com alguma surpresa que tomámos conhecimento do conteúdo [do ofício da Liga]”, escreveu Fernando Gomes em resposta ao secretário de Estado do Desporto e Juventude, numa carta a que o ‘Público’ teve acesso.
O líder federativo revelou mesmo que a postura da FPF se pautou nestes tempos por tentar reunir todas as entidades numa lógica de que “todo o edifício do futebol” pudesse discutir os temas importantes para o setor.
Em carta enviada pela Liga ao governo, Pedro Proença tinha pedido ao Executivo liderado por António Costa “normas especiais” que possam permitir o prolongamento da época desportiva para lá do habitual e, ao mesmo tempo, um recomeço posterior da época 2020/21.
Nesse sentido, Pedro Proença pretende acautelar a vigência dos contratos dos jogadores que possam terminar no final de junho, tentando que os atletas em final de contrato não possam invocar razões para deixarem de jogar.
Segundo a carta a que o ‘Público’ também teve acesso, a Liga apelava ao governo que permita aos clubes o acesso a “mecanismos de resposta à redução de atividade das empresas previstos na lei”.
A Liga já reagiu a esta situação, lamentando aquilo que chama de “falha de comunicação fruto do isolamento” em tempo de estado de emergência e por essa facto não ter dado conhecimento à FPF da existência da carta enviada para o governo.
Sónia Carneiro, diretora da Liga, em declarações ao ‘Público’, explicou, todavia, que Fernando Gomes foi informado que estava a ser preparada a carta pela Liga para o governo.
No início de abril, a Liga de Clubes, recorde-se, traçou um plano que prevê que o campeonato possa regressar no dia 30 de maio. Esta é, pelo menos, a expectativa do organismo liderado por Pedro Proença.