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Benfica em Londres no “Business of Football Summit 2020”

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Domingos Soares de Oliveira participou nesta tarde (5 de março), em Londres, no “Business of Football Summit 2020”. Os adeptos, a vertente comercial, a Formação e o Benfica Play foram alguns dos temas abordados pelo CEO do Benfica na conferência organizada pela “Financial Times”.

The winning formula – how clubs build for sucess” foi o tema de um debate sobre a fórmula vencedora para a construção de um clube com sucesso dentro e fora de campo. Para além de Domingos Soares de Oliveira, o painel contou ainda com as presenças de Kate Bradley (responsável pelo desenvolvimento de negócio do Newcastle United) e Antonia Hagemann(CEO da SD Europe).

Adeptos Estádio da Luz

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Relação com os adeptos

“Os fãs [adeptos] têm várias formas de comunicar e interagir com o Clube. Diria que a forma mais fácil é quando temos Assembleias Gerais ou eleições. Há sempre muitas pessoas envolvidas nestes eventos e falam connosco. Hoje em dia as pessoas também interagem connosco através das redes sociais. Tudo aquilo que é colocado no Facebook ou noutra plataforma digital, dá-nos vários inputs sobre aquilo que pensam ou sobre aquilo que gostavam que o Clube fizesse ou mudasse.”

Formas de comunicar

“Aqueles que estão mais perto do Clube, geograficamente falando, são mais ativos e conseguem vir mais vezes ao Estádio. Podemos definir os adeptos num esquema de pirâmide, onde os fanáticos, digamos assim, estão no topo e aqueles que demonstram apenas interesse, estão na base da pirâmide. Temos formas diferentes de comunicar com cada um deles. Aqueles que são interessados – como é o exemplo da minha mãe que, com 95 anos, não tem tempo para comunicar com o Clube –, acabam por utilizar as plataformas que nós colocamos ao dispor. Os fanáticos pelo Benfica gostam de ser ouvidos e acabam por vir ter connosco para falar diretamente. A interação dos adeptos que vivem na América do Norte, em França ou na Alemanha, é totalmente diferente daqueles que vivem o Clube diariamente.”

Domingos Soares de Oliveira

O lado comercial

O Benfica pertence aos Sócios. Atualmente temos cerca de 250 mil Sócios, portanto, temos de lidar com 250 mil donos. É um facto, eles são os donos do Clube. Não podemos colocar 250 mil pessoas dentro do Estádio da Luz. Por ano, os Sócios pagam cerca de 100 euros e os Sócios mais novos [entre os 6 e os 13 anos] pagam à volta de 35 euros. Anualmente recebemos por parte dos Sócios algo como 17 ou 18 milhões de euros e eles não nos pedem nenhum retorno por fazerem esse investimento. A única coisa que pedem é que o Benfica tenha sucesso dentro do campo. O número está a crescer e isso quer dizer que, mesmo que não vivam em Portugal, ou que não possam vir ao Estádio, querem fazer parte da família, estão dispostos a pagar por isso, mas não se querem intrometer na forma como o Clube é gerido. O Benfica tem outras entidades. A Benfica SAD é a que gere o futebol, está inserida na bolsa e o Clube tem cerca de 65%, o restante está no mercado de valores. Este lado comercial acaba por ser um pouco a mistura entre os adeptos a influenciarem o Benfica, e o Benfica, com aqueles que foram eleitos pelos adeptos, a gerir tudo o resto.”

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Caixa Futebol Campus

Benfica Campus, a fábrica de talentos

“Antes do segredo houve a necessidade. Portugal é um país pequeno [10 milhões de habitantes] e queríamos acompanhar o crescimento das 12 ou 13 maiores marcas. O crescimento dessas marcas é de cerca de 8% a 10% por ano e em alguns casos até um pouco mais elevado. Dissemos há 15 anos que a nossa maior força seria a venda de jogadores, este seria o primeiro passo. Este passo pode acontecer de algumas maneiras, por exemplo, encontrar jogadores na América do Sul, transformá-los e voltar a vendê-los. Temos um exemplo que atualmente joga aqui em Inglaterra, o David Luiz. Trouxemo-lo quando tinha 18 anos, esteve connosco cerca de cinco e depois vendemo-lo ao Chelsea. Outra das formas é investir na academia [Benfica Campus]. Há 15 anos o centro de formação e treino do Seixal não estava construído. Construimos a academia em 2006 e, desde aí, formamos jogadores. O Bernardo Silvajuntou-se ao Benfica quando tinha 8 anos, o Renato Sanches chegou ao Benfica com 10, mas temos vários outros exemplos: Ederson, João Cancelo, entre outros, são jogadores que hoje em dia têm bastante sucesso. Adorávamos manter estes jogadores no Benfica, todavia, isso depende das atividades de mercado. No ano passado terminámos com 300 milhões de euros em receitas, e isto apenas foi possível porque estávamos aptos para vender alguns jogadores. Esta é também a razão pela qual nos últimos 6 anos registámos mais de 200 milhões de euros de lucro.

Domingos Soares de Oliveira

Qualidade, metodologia e tecnologia

Para se olhar para o desenvolvimento de jovens, há que olhar para três coisas diferentes. A primeira são as pessoas certas e capazes. Há que treinar essas pessoas, mas como é óbvio tem de ser uma boa matéria-prima. É impossível transformar um jogador regular num atleta muito bom. Podemos melhorá-lo um pouco em alguns aspetos, mas é impossível transformá-lo numa estrela. A segunda coisa necessária é a metodologia. Não só usá-la em Portugal, mas também, exportá-la para outras regiões do globo onde temos negócios [os Estados Unidos e China]. A terceira é a tecnologia. Temos utilizado softwares não só para controlar as sessões de treino, mas também para monitorizar os jogadores. Verificamos como evoluem ao nível da nutrição, a forma como dormem, entre outras coisas. Essas três coisas juntas dão, hoje em dia, ao Benfica Campus, grandes resultados.

Benfica-Ovarense

Futebol feminino no Benfica Campus

“Começámos no futebol feminino há dois anos. Iniciámos o nosso percurso na 2.ª Divisão, subimos à 1.ª Divisão e esperamos vencer o título de campeão ainda este ano. A academia neste momento não está preparada para receber a equipa feminina, mas temos uma grande plano de expansão. Irá dobrar o tamanho atual do Benfica Campus, não só em termos de campos, mas também em termos do hotel. Assim que esta expansão for aceite, poderemos colocar a equipa feminina no centro de formação. Para nós isso é extremamente importante, 20% dos nossos Sócios são mulheres, por isso, a pressão é elevada para promover a equipa feminina. Não estamos a falar apenas de futebol, mas sim de todas as outras modalidades em que temos uma equipa feminina.”

BTV

Direitos televisivos 

O Clube sempre teve os seus direitos televisivos, contudo assinava contratos de longa duração com a entidade da altura. O dinheiro que era gerado em direitos televisivos para um clube como o Benfica, até 2013, era de 7 milhões e meio de euros… um pouco baixo. Fizemos vários estudos para tentar perceber uma forma de gerar um lucro adicional com um canal televisivo pago e em 2013 transformámos a BTV num canal pago. Na altura tinha de se pagar um valor de 9,99 euros por mês e chegámos a mais de 300 mil subscritores. Juntando isso a acordos internacionais para colocar a BTV nos Estados Unidos, Reino Unido, França, Suíça, Bélgica, entre outros… Chegámos a um lucro aproximado de 40 milhões de euros. Esta foi uma espécie de parceria entre o Benfica, as operadoras de telecomunicações e os adeptos benfiquistas. Em 2016 tirámos partido de uma situação onde houve uma grande rivalidade entre duas operadoras [Altice e NOS]. Vendemos os direitos a uma das operadoras, mas eles decidiram manter a transmissão dos jogos do Benfica, em casa, na BTV.”

Benfica-Lyon

Partilha de receitas

“Para não haver uma centralização dos direitos televisivos, precisamos de evitar estes acordos que existem entre quem pode comprar os direitos e, aí sim, poderemos implementar a questão da solidariedade para com os outros clubes. Os alemães fizeram algo único. Os clubes que participaram nas competições europeias partilharam parte da sua receita com os emblemas menores. Isto não é conhecido em Portugal, mas partilhámos esta ideia com a Federação Portuguesa de Futebol. Os clubes portugueses ao participarem nas competições europeias [Liga dos Campeões ou Liga Europa], doariam parte das suas receitas.

Benfica Play

Benfica Play

“Começámos esta experiência no início de janeiro. O nosso compromisso para com os adeptos é que iríamos colocar um conteúdo diário e exclusivo. Temos uma equipa muito dedicada dentro do Benfica que tem acesso aos balneários, a treinadores, ao departamento comercial, basicamente têm acesso a todo o lado. Os conteúdos tanto podem ser de um minuto, como de 25 minutos. Lançámos o Benfica Play com um preço para sócios de 1,99 euros mensais e um valor de 2,99 para adeptos. A plataforma foi lançada há dois meses e, tal como quando foi o lançamento da BTV, esperávamos um crescimento forte. A expansão tem sido menor que aquilo que estávamos à espera.Precisamos que os Sócios e adeptos se habituem ao Benfica Play. Quando se faz este tipo de investimento não se pode esperar um retorno imediato nos primeiros dias ou no primeiro ano, é algo que leva tempo, mas sabemos que estamos no caminho certo. Estes conteúdos exclusivos terão um impacto bastante importante naquilo que é o futuro de parte da indústria do futebol.

Apresentação Benfica Play

O que é o sucesso para o Benfica?

O sucesso é medido dentro e fora de campo. Dentro do campo temos de vencer, é isso que os nossos adeptos esperam. Eles esperam que ganhemos o Campeonato Nacional todos os anos. Nos últimos seis anos, vencemos por cinco vezes. Eles também esperam que tenhamos sucesso ao nível europeu, obviamente que ambição é vencer a Liga dos Campeões, mas eles entendem onde estamos situados no que diz respeito à luta com os grandes emblemas, contudo, querem que tenhamos boas prestações nas competições europeias. Fora do campo, o sucesso é ser saudável financeiramente e respeitar todos os acordos.

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