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“”vou-te f…” que, por coincidência, se consumou na despromoção”

Opinião de Leonor Pinhão

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O defeso é tempo de inconfidências. A falta de melhores assuntos sempre se vão sabendo umas coisitas, mais ou menos inócuas, que não teriam espaço público para brilhar no período de azáfama das competições. Mais raramente, o defeso pode ser também um concerto de coincidências. O prémio para a mais alta coincidência do período em curso vai para a conjugação do editorial do presidente do FC Porto na revista Dragões’ e a publicação da classificação dos árbitros patrocinada pelo Conselho de Arbitragem.

No mesmíssimo dia em que os jornais transcreveram um troço da mensagem presidencial -“continuarão a tentar de tudo para nos travar com recurso à batota e à mentira”- o Conselho de Arbitragem publicou a classificação dos árbitros da temporada de 2022/2023 trazendo a notícia da despromoção do juiz a quem o administrador da
SAD do FC Porto, Luís Gonçalves, ameaçou acabar com a carreira. Lembram-se? No correr do jogo FC Porto-Rio
Ave, o árbitro Vitor Ferreira expulsou Luís Gonçalves e o dirigente portista atirou-lhe com um “vou-te f… que, por coincidência, se consumou na despromoção do árbitro em causa. Luís Gonçalves é um reincidente neste campeonato das coincidências. Já em2016/2017 tinha atirado com um premonitório “a tua carreira vai ser curta” ao árbitro Tiago Antunes depois ter sido expulso em Braga. E não é que o árbitro foi despromovido no fim dessa época?

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Dispensando os moralismos sempre feridos de clubite, só há duas maneiras de encarar estas coincidências. A primeira, em defesa dos árbitros despromovidos, diz-nos que não há coincidência alguma. A segunda, em defesa de Luís Gonçalves, diz-nos que já tendo sido o dirigente do FC Porto expulso mais de uma dúzia de vezes terão ficado mais de uma dúzia de árbitros por despromover se houvesse relação direta entre cada ameaça do dirigente e cada despromoção de um árbitro. E seria inédito não haver árbitros da primeira categoria para apitar em Portugal por terem sido todos despromovidos pelo mesmo motivo.

Esta foi uma semana assinalável em intervenções públicas do presidente do FC Porto. Começou em Viseu por dizer que “no FC Porto ninguém foge” trazendo à baila o episódio de Vigo e terminou no Porto, numa ‘masterclass da arte da inconfidência, evocando uma presença de Durão Barroso na tribuna VIP do Dragão contra a vontade dos assessores do então primeiro-ministro: “E ele disse-me: os meus assessores acham que não devo ir porque se o Porto não ganhar vou ficar ligado à derrota e que sou eu que dou azar.” Foi uma inconfidência de peso, mas na área do ocultismo. Nada que se compare à inconfidência de que o próprio Pinto da Costa foi alvo quando Luís Filipe Vieira o terá citado no seu livro de memórias: “Ainda há pouco tempo me disse: garanto-te que no FC Porto nunca eras detido. E pronto, nunca mais acaba o defeso.

Leia também: “Tinha apitado 8 em 40 jogos e depois da ameaça apitou apenas 1”

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