BBC: “Como o Benfica se consolidou como o grande produtor de estrelas europeias”
O Benfica Campus, centro de formação e treino do Sport Lisboa e Benfica, mereceu a visita da “BBC”. O órgão de comunicação social inglês ficou a conhecer como se trabalha no Seixal e a forma profissional como o Clube produz jovens futebolistas que se tornam grandes estrelas no futebol europeu.
O artigo intitulado “Como o Benfica se consolidou como o grande produtor de estrelas europeias” expõe o sucesso da metodologia Benfica, que se baseia na capacidade de recrutar jovens jogadores e desenvolvê-los para que cheguem à equipa principal.
A lista de futebolistas saídos do viveiro de talentos do Clube da Luz e que hoje brilham nos principais palcos europeus é extensa, e mais estão na calha para um futuro próximo.
A meta é recrutar crianças/jovens com idades compreendidas entre os seis e os 13 anos, sendo que o centro de estágio benfiquista conta com 470 atletas.
“Não acho que tenhamos muitos jogadores, é um investimento“, considerou Rodrigo Magalhães, coordenador técnico do Futebol Formação, que completou: “Quando comparamos o elevado preço que é comprar um jovem de 22 anos com o tempo que gastamos com a formação de um jogador, podemos fazê-lo 20 vezes mais e continuaremos a poupar dinheiro.”
“Recrutamos, pomos os jogadores dentro da metodologia do Benfica e damos-lhes a capacidade de se desenvolverem a longo prazo com o objetivo de chegarem à equipa principal. Essa é a nossa missão”, revelou ainda.
Dentro deste espectro estão, entre outros, Rúben Dias, defesa-central formado no Seixal e que muito recentemente saiu para o Manchester City.
“Rúben Dias era um jogador normal quando chegou ao clube. Chegou a este nível através da sua capacidade de trabalho“, sublinhou Rodrigo Magalhães.
“Ele tem diferentes aspetos que o distinguem dos outros: liderança e comunicação. O Rúben é como um general dentro do campo“, acrescentou o coordenador técnico.
No centro de formação e treino dos encarnados desde os 11 anos, Rúben Dias trilhou o mesmo caminho formativo de Bernardo Silva e João Cancelo, jovens que cresceram no Seixal e que hoje são seus colegas de equipa em Inglaterra.
“O futebolista moderno precisa de desempenhar diferentes papéis e jogar em diferentes posições no campo. Bernardo [Silva] começou como médio e agora joga colado à linha; João Cancelo começou como extremo e agora é um defesa-direito bastante ofensivo. Isto torna-os atléticos, melhora-os no conhecimento e na forma como olham para o jogo“, afirmou Rodrigo Magalhães.
“Construímos um plano em conjunto com o jogador. Perguntamos-lhe sobre os próximos passos, que etapas necessita de trabalhar: se é técnico – cabeceamento ou passe – ou se é mais psicológico e ao nível da compreensão do jogo”, apontou Pedro Marques, diretor técnico do Benfica Campus.
Com várias equipas de escalões diversos a atuarem em campeonatos nacionais e regionais, o Benfica tem programas pensados para cada realidade, como explicou Pedro Marques.
“Cada equipa tem um programa, mas o mesmo é completado com sessões de desenvolvimento individual”, explicou.
“Alguns jogadores precisam de trabalhar aspetos técnicos e isso acontece no relvado ou no ginásio. Eles estão muito ligados com as necessidades e prioridades que precisam de desenvolver nesta fase”, reiterou o diretor técnico.
Desenvolvimento do jogador e do ser humano de mãos dadas
No Seixal, não se pensa apenas na componente desportiva, e a “BBC” teve oportunidade de testemunhar ao vivo. O ser humano não é descurado, com o Clube a fazer um acompanhamento próximo de cada jogador.
“Não ajudamos o jogador apenas como atleta, mas também como ser humano. Precisam de desenvolver a personalidade que os prepare para os problemas da vida real”, destacou Rodrigo Magalhães.
Pelo mesmo diapasão seguiu Pedro Marques, que considerou haver outras prioridades na formação para além de simplesmente ganhar.
“No fim, haverá um vencedor e um vencido, mas esse não é o nosso maior foco. Olhamos para o jogo como parte do desenvolvimento, onde colocas em prática o que tens aprendido”, enfatizou.
